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23 de novembro de 2022

Jogando: Sackboy: A Big Adventure

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(publicado originalmente no Gamerview)

A exclusividade alimentou grandes produções no passado, mas também gerou parques murados nos quais um jogador inveterado de PC apenas ficava observando de longe. Eu ficava sonhando com o dia em que poderia brincar com aquilo que outros estavam desfrutando. Esse dia ainda está muito longe para qualquer coisa relacionada a Nintendo, mas finalmente chegou para Sackboy: A Big Adventure.

A franquia se consolidou no PlayStation através da genialidade da Media Molecule. Seus criadores resolveram experimentar novos horizontes, com Tearaway e Dreams. Felizmente, seu simpático universo ficou em mãos competentes e a excelente Sumo Digital (dos jogos de corrida do Sonic) assumiu a empreitada de levar o "garoto do saco" para um ambiente completamente 3D e finalmente batizar um jogo. O resultado é uma experiência extremamente divertida e cativante, que peca em poucos quesitos.

Era Uma Vez Um Mundo Mágico...

Se viveu isolado em uma bolha na última década ou nunca ficou admirando a grama no quintal do vizinho, talvez não conheça o charme de Sackboy. O personagem é um boneco de pano rudimentar que vive em um multiverso conhecido como Imagisfera, para onde vai toda a criatividade do mundo físico ou algo assim. Pense em todas as brincadeiras que você armou quando era criança: todos aqueles cenários ainda existem como lugares habitáveis na Imagisfera. Não tem como ser mais encantador do que isso.

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Como não podia deixar de ser, o lugar é ameaçado por um vilão chato, grande e bobo que quer dominar tudo. Ele sequestra todos os amigos de nosso pequenino herói e agora ele terá que partir na tal grande aventura que dá título ao jogo, em uma tentativa de derrotar o vilão Vex, resgatar seus amigos e evitar que a Imagisfera vire um espaço cinzento. O enredo é claramente feito para crianças pequenas, mas você teria que ser um adulto muito amargurado para não embarcar nesse faz-de-conta e se divertir.

Essa imersão é facilitada por uma trilha sonora eclética e arrebatadora. Vamos do som eletrônico das raves londrinas até as batidas da Bahia no mesmo jogo, um casamento perfeito entre os cenários e a atmosfera musical. Cada faixa é remixada de uma forma que ela se torna praticamente infinita, se estendendo pelo tempo que for necessário para você fechar o nível. Para completar esse mergulho, determinados personagens e elementos do mapa reagem ao ritmo da música, seja dançando ou executando ações sincronizadas.

Insistir mais nas mecânicas ou no enredo de Sackboy: A Big Adventure seria chover no molhado. Já existe um review no Gamerview, da época do lançamento do jogo para PlayStation 4 e 5. A grande pergunta então é: como está a versão para PC? Em poucas palavras? Quase impecável.

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PC Rules?

Os jogadores de PC encontrarão a mesma exuberância já vista anteriormente nos consoles da Sony, porém com acesso a tecnologias gráficas um pouco mais sofisticadas para máquinas abastadas. Novamente, a gigante japonesa não mede esforços ou qualidade na transposição de plataformas, um exemplo de como outras empresas deveriam fazer seus ports.

Entretanto, uma vez que Sackboy: A Big Adventure já saiu para a atual geração, sendo um dos títulos de estreia do PlayStation 5, a defasagem é mínima, para não dizer imperceptível. Não espere uma experiência espetacularmente superior só porque seu computador custou metade do preço de um carro popular.

No PC, os controles são precisos, com uma boa resposta, mesmo no teclado e mouse. A configuração inicial dos botões pode parecer confusa a princípio, já que o mouse não exerce qualquer função. Entretanto, isso pode ser customizado ao gosto do freguês, então não chega a ser um defeito.

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Com uma máquina mais modesta, mas acima dos parâmetros recomendados para GPU, percebi que a placa gráfica ficou em 100% de utilização durante as sessões. Não houve queda de frames ou falhas de qualquer tipo em Sackboy: A Big Adventure, porém não acredito que o título justifique visualmente esse nível de consumo de processamento. Faltou um tiquinho mais de otimização por parte da desenvolvedora.

Sackboy é Melzinho na Chupeta

Em 2020, Rafael Correia escreveu que o jogo "talvez não seja lá tão desafiador quanto poderia" e eu reforço suas palavras. Tradicionalmente, jogos de plataforma para crianças costumam ser mais barra-pesada que muitos títulos hardcore para adultos (vim recentemente de SpongeBob SquarePants: Battle for Bikini Bottom e suei sangue ali, além de ainda trazer pesadelos de Rayman Origins e Billy Hatcher and the Giant Egg em minhas memórias) ou casuais em excesso (como vi em Gigantosaurus The Game). Sackboy: A Big Adventure está no meio do caminho.

Seu sistema de colecionáveis e metas a serem completadas e segredos a serem descobertos remete demais a Rayman. Porém, este era extremamente rápido e sua dificuldade era baseada na necessidade de repetição, memorização dos obstáculos e reflexos de ninja. Comparativamente, Sackboy pode até ser considerado lento, com poucos níveis em que o ritmo não é determinado pelo jogador e, mesmo nesses, a velocidade é tranquila.

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Jogando solo, Sackboy: A Big Adventure não empolga mecanicamente e apenas o carisma do seu mundo impulsiona para frente. Considerando-se que a campanha inteira pode ser jogada com até quatro jogadores localmente ou pela internet, imagino que ele se torna um passeio agradabilíssimo, uma festa para ser desfrutada lado a lado com crianças. O pouco que joguei com meu filho adolescente se mostrou um palco para zueira sem fim e não um campo de batalha para conquistas complexas, quase um LEGO de pano.

Fico feliz que a Sony tenha mais uma vez aberto as portas de seu parquinho privado para mais jogadores. Há pouca coisa de imperdível em Sackboy e sua grande aventura, nada que um jogador de PC já não conseguisse em outros títulos até melhores. Porém, a fofura de seu mundo e seus habitantes, principalmente com trezentas mil roupinhas coletáveis, é ímpar e uma excelente aquisição para o catálogo dos jogos de PC.

Ouvindo: Front Line Assembly - Condemned

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