Meu filho platinou Rayman Jungle Run no tablet dele. Foi o primeiro e até agora único jogo em que ele conseguiu a façanha: conquistou todas as medalhas possíveis, desbloqueou todos os níveis. Praticamente sozinho (talvez eu tenha vencido uma fase ou outra em um momento de descontração) e demonstrando uma habilidade inacreditável, além da perseverança.
Acreditei que a evolução natural dessa obsessão pelo mundo hilário de Rayman e seus saltos impossíveis estaria no PC.
Infelizmente, uma interface de toque com apenas dois botões é uma coisa e um teclado de PC com 7 funções diferentes é outra completamente diferente. Não platinamos Rayman Origins. Provavelmente jamais conseguiremos. Mas zeramos o maldito com suor, lágrimas e gargalhadas.
Como já fazemos desde Billy Hatcher and the Giant Egg ou mesmo antes disso, dividimos as teclas. Aqui, ele andava e fazia os pulos precisos até o último milissegundo. A mim cabia a tarefa de apertar o botão de ataque quando necessário e o botão de acelerar. Em outras palavras, eu quase sempre ficava apenas olhando o balé de saltos, planadas, escaladas e vitórias do garoto. E derrotas também. Muitas derrotas, muita frustração, muita vontade de fazer birra e xingar os desenvolvedores da Ubisoft de "idiotas". Para respirar fundo e tentar outra vez.
Outra vez.
Outra vez.
Até atingir aquela perfeição que poucos jogos de plataforma exigem e executar a sequência perfeita, no ritmo certo, como se jogador e jogo fossem um só diante dos controles. É um estado mental único, que já comentei aqui ao falar de um filme de Tom Cruise(?!). É quase zen, você esvazia o cérebro e seus dedos sabem o que deve ser feito, no momento certo. Sei disso porque em algumas (raras) fases eu substituía meu filho no comando e precisava atingir este equilíbrio interior para triunfar.
Rayman Origins é visualmente um primor e nos traz um mundo mágico e sem sentido, que não precisa fazer sentido para cativar. A música ajuda a entrar naquela frequência cerebral, estimula algum centro obscuro dos neurônios para motivar você a tomar decisões em frações minúsculas de tempo. Você não joga, você praticamente dança, embora não seja um daqueles títulos musicais que a Ubisoft despeja todo ano.
Se você veio aqui pela história, vai se decepcionar. Meu filho e eu vimos o final, revimos o início, relembramos as fases e não conseguimos chegar a uma conclusão sobre do que se trata o jogo. Tem o Rayman, tem seus aliados, tem uns negócios que você precisa juntar para desbloquear outras fases onde você vai juntar mais negócios para chegar nos subchefes, que um dia vão desbloquear o nível final. Se você tiver habilidade e juntar bastante negócios, ativa os níveis secretos. É isso. A fórmula dos jogos de plataforma elevada à sua perfeição minimalista.
A ausência de um enredo plausível aparece até mesmo na cena final, onde tudo retorna rigorosamente ao seu estado inicial. Mas, quer saber? Não faz a menor falta. O bom humor está inserido em cada pixel de cada tela e é impossível não jogar com um sorriso no rosto, mesmo sendo massacrado pela dificuldade galopante.
Foi uma jornada repleta de diversão e camaradagem. Podemos não ter conseguido aquela platina. Mas não vamos esquecer Rayman e seus amigos tão cedo.
2 comentários:
Caramba, jogar este tipo de jogo, com teclado e a quatro mãos é uma verdadeira façanha.
Vou jogar ele em breve, mas apenas com duas mãos e um joystick.
Bá, eu estou zerando o legends e cara, como fã do rayman desde berço, digo que a ubi arrasou nesses...
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