Retina Desgastada
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24 de março de 2023

Jogando: Defense Grid - The Awakening

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Confiar na aleatoriedade pode render bons frutos, às vezes. Já tem alguns anos que sempre existe um jogo escolhido randomicamente em minha área de trabalho. Costuma ser o jogo para o qual eu dedico uma série no canal do Retina Desgastada no YouTube. Sem o fator sorte, eu dificilmente daria um segundo olhar para Defense Grid - The Awakening. Em algum momento, eu dei o primeiro olhar, porque comprei o jogo (ou veio junto em algum Bundle com títulos aparentemente mais interessantes). Porém, é daqueles títulos que chamam pouco a atenção.

Exceto que é excelente.

Virou um vício que transcendeu o canal. Tecnicamente, eu deveria jogar apenas uma vez por semana, gravar o tempo necessário para o episódio da quarta-feira e me dedicar a outros jogos. Entretanto, Defense Grid - The Awakening (doravante DGTA) monopolizou minha atenção a um nível próximo da obsessão, invadiu meus sonhos e ocupou boa parte do meu tempo livre ou como um válvula de escape para aqueles momentos em que tinha que trabalhar, mas faltava a energia. Para o jogo da Hidden Path Entertainment nunca faltava energia. Cada derrota era apenas o combustível para uma nova tentativa. Enquanto no canal, a série se encontra no sexto vídeo, existem mais quinze vídeos esperando a hora certa de serem publicados. Deveria ter levado quatro meses, foi comprimido em uma jornada febril de 23 horas distribuídas em algumas semanas.

Os Alienígenas Estão Vindo!

Julgava já ter conhecido tudo que tinha para conhecer sobre o gênero tower defense. Existem aqueles que são fileiras isométricas com os inimigos vindo em linha reta (como Plants vs Zombies) e existem aqueles com caminhos pré-fixados em que você coloca suas torres ladeando a trilha (como Battle of Kings). Existem também os tower defense em 3D, como Dungeon Defenders, mas são variações desse último tipo, com uma dimensão a mais.

Entretanto, o charmoso mas ordinário Revenge of the Titans me apresentou para uma outra possibilidade: e se o caminho dos seus inimigos não for fixo? Infelizmente, aquele título adicionava liberdade demais e controle de território de menos. Porém, onde Revenge of the Titans falhou comigo, DGTA me apresentou um diferencial: a grade de posicionamento. É a mesma proposta do outro jogo, porém com uma grade no mapa. No lugar de um completo campo aberto, possibilidades de caminho, possibilidades de emboscada e curvas mortais para pulverizar as forças inimigas.

DGTA começa com suavidade, trazendo traçados pré-fixados em um futuro distante, no que restou de uma colônia humana aniquilada por invasores alienígenas. As criaturas estão interessadas em roubar os núcleos de energia que são importantes nessas ruínas. Confesso que dei pouca ou quase nenhuma atenção à história. O detalhe é que os invasores precisam chegar nos núcleos e fugir com eles. São dois caminhos, duas chances de vitória. É necessário impedir que os alienígenas cheguem nos núcleos e, se chegarem, é importante que não escapem do mapa com eles. A quantidade de núcleos de energia funciona como uma espécie de barra de vida da sua capacidade operacional.

Para atingir nossos objetivos, temos uma tradicional seleção de torres. Não há muita inovação nesse quesito: torres que fazem dano continuado, torres com alta cadência de tiro e baixo poder de destruição, torres com lenta cadência de tiro e alto poder de destruição, torres que bombardeiam o terreno ao redor etc. Talvez a mais diferenciada e fundamental para minhas estratégias era a torre "temporal", que retarda o progresso dos inimigos para que sejam castigados por mais tempo pelas minhas torres.

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Ainda assim, o maior de todos os diferenciais de DGTA é a possibilidade de se bloquear caminhos e criar trajetos em mapas mais abertos. O jogo oferece a liberdade de traçar sua própria estratégia e estabelecer pontos de estrangulamento, locais onde o exército inimigo terá que passar mais de uma vez ou fazer múltiplas curvas. É ali que irão se concentrar mais e melhores torres, com direito a torres "temporais" para alongar a travessia dos alienígenas pelo matadouro.

Sabendo de antemão que os jogadores poderão forjar táticas devastadoras, a Hidden Path Entertainment oferece uma variedade impressionante de oponentes. Não existe torre que seja 100% eficiente contra todos eles (à exceção da torre metralhadora inicial, desde que esteja em seu nível máximo de evolução). Isso exige uma mistura equilibrada de torres e posicionamentos para tentar dar conta de todos os alienígenas em ondas que parecem intermináveis. Algumas ondas aparentam sinergia uma com a outra. Nada é mais desesperador do que ver o mais forte dos alienígenas finalmente tombar a somente quatro blocos da saída, deixar cair os núcleos de energia que estava transportando, aparecer uma unidade ultra-veloz do inimigo, furtar os núcleos de energia e fugir antes que você possa piscar. As unidades aéreas também exigem uma tática própria para derrubá-las e extrema atenção. Felizmente, a desenvolvedora tomou o cuidado de emitir um alerta sonoro bem característico quando os inimigos mais problemáticos estão se aproximando do mapa.

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Guerra dos Mundos

O cuidado com a parte de áudio do jogo merece um elogio especial para a Hidden Path Entertainment. Não apenas o som das torres é empolgante, como a trilha sonora gruda e não sai e eleva o tom épico das batalhas. Junte-se a isso uma IA dramática que fica dando dicas no jogo e reage a abates selecionados e temos uma boa receita de imersão.

É uma pena somente que o esmero no áudio não tenha se estendido ao visual. Descontando a idade do jogo, não há o que se reclamar dos efeitos ou dos gráficos em si. Porém, a direção de arte falha em criar uma identidade para cada torre. Mesmo após dezenas de horas eu ainda tinha dificuldade para reconhecer a silhueta de algumas torres e boa parte dos alienígenas era indistinguível para meus olhos. Também é um pouco confuso graficamente o sistema de evolução das torres, quando não é pouco criativo: a torre-metralhadora fica com dois canos no nível dois e três canos no nível três.

Esses pequenos problemas não me impediram de mergulhar de cabeça na campanha principal, completar a campanha secundária batizada de Borderlands e ainda jogar os dois mapas especiais da expansão You Monster. Para minha completa surpresa, uma vez que minha memória já tinha se esvanecido a esse respeito. a expansão You Monster fez parte da campanha de divulgação de Portal 2, quando a Valve se uniu com diversos desenvolvedores indie para uma espécie de contagem regressiva de lançamento da continuação. Então, os dois mapas não apenas contam com elementos gráficos da franquia Portal, como ainda tem a participação luxuosa de GLaDOS com a dublagem original da inigualável Ellen McLain. Então, o que já estava excelente, tornou-se mágico... e o último mapa traz toda a maldade no coração que só GLaDOS poderia pensar, subvertendo regras dentro jogo e trazendo de volta o seu sarcasmo encantador.

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No momento em que escrevo essa análise, descubro extasiado que não apenas existe um pacotaço de DLCs com mais dezenas(!) de mapas, como também que a Hidden Path Entertainment lançou Defense Grid 2. Minha mente analítica não terá descanso enquanto não retornar e terminar o que foi começado...

Ouvindo: Yohei Kobayashi & Naoshi Mizuta - Credits - Light Eternal -

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