Henry Melton é um autor de ficção-científica norte-americano da velha guarda. Esse simpático senhorzinho com cara de Papai Noel me era desconhecido até recentemente. "Catacomb" é uma história curta, publicada originalmente em 1985, na revista Dragon. Segundo o próprio autor, "este é o meu conto de ficção mais popular com cartas de fãs e e-mails chegando até hoje. Perdoe os anacronismos".
Vinda de um passado tão remoto, a história é uma celebração dos primeiros RPGs eletrônicos por texto, uma delícia de leitura para qualquer um que tenha navegado por esses mundos mágicos usando os insuperáveis gráficos da própria imaginação. No curto espaço de tempo que levei para ler o conto, me vi novamente transportado para minhas aventuras no ABBA MUD, através de terminal Telnet. É uma experiência esquecida no tempo, até mesmo para os desenvolvedores retrôs que buscam inspiração no passado.
No conto, acompanhamos a jornada da assassina iniciante Lunae pelos corredores escuros da tal catacumba, em busca de segredos e tesouros. Ao mesmo tempo, acompanhamos a vida monótona e os sonhos de Judith Cere, sua jogadora, uma adolescente que busca no jogo uma forma de custear o que mais deseja. Catacomb, o jogo fictício, é um daqueles raríssimos títulos em que a produtora premiava com dinheiro real os melhores jogadores, como forma de atrair compradores. Certamente, um anacronismo incompreensível para os dias de hoje.
Melton consegue capturar com desenvoltura a sensação de se explorar e se perder em terreno desconhecido, assim como não deixa de lado os aspectos emocionais de sua protagonista e sua família. O final talvez seja adocicado demais, depois de tantas décadas de cinismo que atravessamos, porém não compromete o carisma do texto.
O conto de apenas 14 laudas pode ser encontrado online oficialmente, dividido em cinco páginas, no blog do autor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário