Retina Desgastada
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20 de dezembro de 2020

Jogando: Far Cry 5 - Hours of Darkness

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A Guerra do Vietnã foi um conflito que cobrou um preço alto no sonho americano. A humilhante derrota em uma guerra suja que nunca devia ter acontecido penetrou na cultura popular, deu origem a uma série de filmes nos dois espectros políticos, quadrinhos, músicas de peso, pelo menos uma série de TV e uma cicatriz que nunca irá se fechar. Infelizmente, não rendeu bons jogos.

Hours of Darkness é o DLC de Far Cry 5 que vem confirmar a incapacidade da mídia de lidar com o trauma do Vietnã. O começo cinematográfico apresenta a premissa: somos P.O.W., prisioneiros de guerra capturados durante uma cutscene, que precisam escapar das jaulas de madeira, atravessar a selva infestada de inimigos e alcançar uma base americana para obter o resgate. Quando a expansão começa e o mapa se abre, imenso, a impressão que se tem é de uma aventura tensa e longa prestes a começar, no coração do território vietcongue.

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Na verdade, Hours of Darkness se esgota em duas horas de caminhada e uma dúzia de encontros contra uma Inteligência Artificial estúpida, que raramente acerta um tiro ou insiste em avançar em sua direção com um pedaço de bambu quando você está armado. Para equilibrar as coisas, nossos aliados são dotados da mesma incapacidade de ser efetivo, quando não travam no meio do caminho e ficam completamente parados contemplando o vazio enquanto você se afasta. Não há espaço para táticas militares, aproximações furtivas ou outras nuances além do tiroteio quase sempre direto.

Se o DLC se aproxima do verdadeiro Vietnã, talvez seja no fato de que o mato oculta a aproximação dos vietcongues e o mato está repleto deles. Porém, tão logo fica claro que essas surpresas não são letais ou mesmo desafiadoras, o jogo se torna um passeio pelo campo.

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O aspecto moralmente ambíguo da guerra é tratado de forma casual em uma zona do mapa contaminada por Agente Laranja. O flagelo químico despejado por forças americanas em território estrangeiro aqui é tão somente um efeito visual, que turva nossa tela como uma viagem psicodélica, sem sequelas mais graves. Considerando-se a brutalidade vista no jogo principal e o nível de crítica social à cultura armamentista dos Estados Unidos, é inexplicável que Hours of Darkness trate do assunto com luvas de pelica.

O único fator mais "Vietnã" da experiência é o fato de nossos aliados não contarem com uma vida extra. Se eles morrerem no campo de batalha, é fim de jogo para eles. Um membro de nossa equipe foi atropelado pelo meu filho. Outro morreu no cumprimento do dever mesmo.

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Infelizmente, os serviços da Ubisoft falharam drasticamente e meu filho não conseguiu completar a campanha comigo, apesar de inúmeras tentativas. Terminei os últimos vinte minutos sozinho, sem meu parceiro de guerra, me perguntando se a Guerra do Vietnã tinha sido tão sem sentido quanto essa expansão.

Ouvindo: Orbital - The Box

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