Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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9 de agosto de 2020

Quarentena - Semana 21

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Entre incidentes domésticos e aniversários, o motivo de se estar trancado por 21 semanas meio que se perdeu na rotina. Entretanto, o impacto é inevitável, como uma explosão em um país distante: atingimos a sinistra marca de 100 mil mortos. Não apenas 100 mil histórias foram encerradas abruptamente, deixando famílias e amigos devastados em sua esteira. Foram 100 mil vidas ceifadas em um país que nem Ministro da Saúde possui, por decisão pensada. Não é uma tragédia, não é uma catástrofe natural: é genocídio estrutural.

Culpar somente aquele que está no comando máximo da nação não é suficiente. Ainda que ele governe prezando a inércia, atendendo somente a seus interesses. Ainda que ele demonstre pelo exemplo um profundo desprezo por uma pandemia global e não incite nenhum tipo de medida preventiva além de uma comprovadamente ineficaz panaceia mágica. Apesar de tudo isso, a culpa não é sua exclusividade.

Essa é um culpa que está nos ombros daqueles que se julgam superiores, inatingíveis. Daqueles que não dispensam sua diversão coletiva, suas festas proibidas, aqueles que não são cidadãos mas "engenheiros civis", aqueles que pensam primeiro na economia, aqueles que pensaram primeiro no futebol, aqueles que transformaram um assunto de saúde pública em palanque eleitoreiro contra ou a favor. A vacina será nossa única chance de retornar ao antigo normal e, ainda assim, prevejo aqueles que serão contrários.

Rock of Ages 3

Rock of Ages 3 sofre do mesmo problema de Trine 3: ele exige coleta perfeita de estrelas para avançar na campanha. Não que Rock of Ages 2 não tivesse mecânica similar, mas aqui ela é mais cansativa. Ou talvez seja apenas o efeito de nós praticamente termos emendado o jogo anterior com sua continuação. Com poucas novidades, piadas inferiores e um sistema com maior foco no grinding, o terceiro título da franquia se tornou um fardo para mim e meu filho, uma tarefa para qual eu o arrastei para poder entregar uma análise.

O texto deve sair nessa segunda-feira no Gamerview, mas não me vejo terminando a campanha com o garoto, que praticamente desistiu de tentar. Foi divertido em vários momentos, mas também enfadonho. Há sensações confusas nesse jogo.

Tentamos dar uma nova chance ao modo cooperativo de Far Cry 3, por insistência minha, e fiquei tremendamente decepcionado com a qualidade da conexão dos serviços Uplay. O jogo não permite partida em LAN e os jogadores são obrigados a se ligar através dos servidores da Ubisoft. Esses servidores, por sua vez, não conseguem manter uma estabilidade e experimentamos nada menos que três quedas. Uma vez que o jogo não salva checkpoints entre sessões, seria impossível completar a campanha cooperativa.

Em contrapartida, a obsessão por Warframe atingiu o rapaz de um jeito inesperado e ele já me passou em número de horas, acumulando personagens em um ritmo insano. Apesar da minha disposição em abandonar o jogo, por achar que já deu, sigo acompanhando-o em suas missões porque é bom demais e, provavelmente, ele se tornará O jogo da quarentena, suplantando Minecraft ou Ark - Survival Evolved por larga margem.

war-of-the-worlds

Nessa semana, vimos apenas um filme: Guerra dos Mundos, de 2005. Spielberg tem um talento nato para grandes imagens e imensas tensões. O roteiro não ajuda muito, mas ele tira ambrosia de pedra. Não há um arco definido para nenhum personagem e coadjuvantes entram e saem da trama a qualquer momento. Ainda assim, o filme é uma experiência ímpar e sua mensagem final bastante... contemporânea, digamos assim.

Também começamos a segunda temporada de The Umbrella Academy. Os primeiros minutos são absurdamente insanos, mas a série sossega depois, até porque seria impossível manter o ritmo e o custo da abertura da temporada. O nível de insanidade e mistério, porém, permanece firme e forte. O episódio do protesto civil em Dallas é particularmente doloroso e chocante, considerando os eventos do mundo real que vieram depois da gravação. Décadas depois e a vida suplanta a ficção.

Pelo Gamerview, comecei os testes de Bite the Bullet, um psicodélico jogo de plataforma cyberpunk em que você atira nos seus inimigos, mas também consome suas carcaças com fome voraz. É visualmente insano, tem bugs graves na versão em Português (que não aparecem no original em inglês) e me divertiu pelo tempo que joguei. Vamos ver se a diversão se mantém a longo prazo.

Também estou com Spiritfarer e Windbound em mãos, com pouco tempo disponível. A prioridade foram Rock of Ages 3 e Bite the Bullet, então devo experimentá-los somente em breve. A expectativa é alta para ambos.

Atingi o final do segundo capítulo de The Walking Dead: Final Season e a jornada tem sido sufocante até aqui. É o melhor da série desde o saudoso primeiro The Walking Dead (ainda que eu tenha curtido bastante A New Frontier). Porém, daqui pra frente, a Telltale fechou. O jogo foi concluído de forma quase improvisada com a ajuda de contratados e alguns remanescentes do time original, sem perspectiva de futuro. O que vier doravante pode ser o último fôlego de uma equipe determinada a entregar seu canto do cisne ou um trabalho desesperado de uma equipe sem nenhuma motivação além do próximo cheque.

Clementine se arrasta para seu destino final. Mas eu estarei lá ao seu lado.

The Walking Dead

Ouvindo: Moth Equals - Swell

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