Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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7 de junho de 2020

Quarentena - Semana 12

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Praticamente três meses depois de iniciado esse processo de enclausuramento voluntário, enquanto começam a se dissolver as lembranças da vida anterior, a sensação de futilidade apenas se agrava, a certeza de se estar em um cabo de guerra em que a maioria escolheu estar puxando do outro lado.

O Ministério da Saúde surgiu como uma pasta independente em 1953. Hoje, completam-se 23 dias sem um ministro no cargo. É um recorde em todos esses 67 anos. O grande hiato anterior durou 18 dias, em 1962, durante o governo João Goulart. É nos pequenos fatos que percebemos a real estratégia governamental. Porém, a crise do coronavírus caminha para seu fim, através da erradicação dos números e a implantação de um Ministério da Verdade que irá nos mostrar que tudo está bem e é seguro voltar às ruas.

Indo na contramão do pessimismo, a luta pela igualdade racial não dá sinais de se enfraquecer. Muito pelo contrário. E quem por ventura possa acreditar que tais pautas não tem espaço nos jogos eletrônicos, não tem lugar em um blog pessoal sobre jogos eletrônicos, está enganado.

Em uma semana, tomada por derrotas, um cancro que cresceu dentro da comunidade de jogadores de Xbox no Brasil foi extirpado graças a um esforço coletivo que mobilizou um grande número de influenciadores, jornalistas e entusiastas do cenário. Foram anos de intimidação provocada por uma minoria retrógrada, mas truculenta, que silenciou uma revolta por tempo demais. Se tamanha monstruosidade pôde finalmente ser confrontada, outras, em outras esferas, talvez também possam.

O inevitável aconteceu e meu filho pediu para remover Borderlands 2. Nossas andanças por Pandora se encerraram. O grande mal do jogo da infame Gearbox Software desta vez foi ter batido de frente com Warframe debaixo de nosso teto e perdido feio. Apesar de estarmos próximos do final da história (que não demos a devida atenção), ele será desinstalado em breve e ganhará uma análise completa no blog.

Com warframes novos para testar, meu filho e eu nos concentramos nas aventuras dos ninjas espaciais e até mesmo Overwatch ficou de lado. Para não dizer que foi uma semana monotemática em nossas jogatinas, houve um tempo para iniciar Minecraft 1.15. Sem mods, desta vez, um novo patamar de desafio. Já encontramos uma vila e começamos o processo de ocupação. Espero que o interesse dele se fixe por mais tempo.

Vi Playmobil O Filme com meu filho. Os bonecos fizeram parte da minha infância (praticamente FORAM minha infância) e, com três bonecos somente, da infância do guri. Nostalgia não salva um filme que é apenas simpático. É um LEGO Movie diluído. As partes engraçadas não são tão engraçadas. Por outro lado, as partes piegas são bem menos piegas. Tem a Anya Taylor-Joy desperdiçada, um crime mortal. Ainda assim, é muito superior a Frozen 2. Só dizendo.

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Aproveitando o dia de ontem, 6 de junho, assisti O Resgate do Soldado Ryan com meu filho. Expliquei bem por alto a II Guerra Mundial (de novo...) e vimos. A impressionante cena de abertura causa menos impacto hoje, depois de tantos jogos. Felizmente, Spielberg sustenta o filme muito bem em tomadas clássicas e dramáticas e com um roteiro que explora muito bem os horrores da guerra. Nem os "mocinhos" estão à salvo de seus efeitos. Temo que o garoto, aos 12, quase 13, ele não tenha absorvido tudo. Confesso que talvez eu tenha visto mais por minha causa mesmo. O Dia D é muito emblemático.

Através do Gamerview, entreguei a análise de Minecraft Dungeons. O fato de eu não ter encarado ainda a batalha final revela o nível de comprometimento que o jogo provoca. É descartável, divertido, mas nada marcante. Ainda assim, preciso mostrar ao garoto como a história termina.

Livre da tarefa, fui adiando o momento de retornar a Boreal Tales. A vergonha do atraso me obrigou a abrir o jogo e torcer para os bugs terem sido consertados após mais de uma semana sem tocar nele. O bug que impedia meu progresso foi corrigido. Os outros não. Ao voltar, não lembrava muito da história. Não faz diferença: esse é um título tão lisérgico que nem seu nome é fixo. Na loja, ele se chama agora Boreal Tenebrae. No aplicativo, ainda é Boreal Tales. Não lembrar o que rolou antes só aumenta o descolamento da realidade, o mote principal da aventura(?) de Bree em uma cidade surreal.

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Legendary segue esquecido na Área de Trabalho.

Warframe ainda guarda surpresas, apesar de ter desbloqueado todos os planetas após duas centenas de horas. A missão Correntes de Harrow reverte todas as expectativas em um título em que o divertido grind é uma constante, mas onde essas mesmas expectativas já foram revertidas brilhantemente antes. Medo não era uma emoção que eu esperava encontrar em Warframe.

Seguimos em frente, pela necessidade de se seguir em frente, extraindo forças e felicidade de pequenos momentos do cotidiano ou da arte. Enfrentar o Homem da Parede é dever de todos nós.

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Ouvindo: Brazilian Girls - Nicotine

Um comentário:

Luiz Antônio disse...

O melhor jogo que eu já vi abordando o racismo e o fanatismo religioso (as noções de raça superior e povo escolhido por deus sempre caminham juntas) é Bioshock Infinite. Além de ser um jogaço (no sentido de diversão, evolução do personagem e jogabilidade) Bioshock Infinite escancara a ferida do racismo e literalmente joga ácido na carne viva.

Sobre a 2ª guerra mundial recomendo fortemente a série “A 2ª guerra mundial em cores” da Netflix. É uma produção primorosa que mostra, numa linha do tempo, todos os acontecimentos, evoluções e conclusões da 2ª guerra com uma riqueza de detalhes nunca antes vista. Mas é preciso ter tempo... São 13 episódios e cada um deles é quase a duração do “Resgate do soldado Ryan”... Vale muito a pena para quem gosta do tema.

E... Sobre a pandemia... É triste ver governadores, que a menos de um mês atrás enchiam a boca para falar em respeito a ciência e a saúde da população, hoje “abrindo as perninhas” para o Mussolini de hospício que temos na presidência e promovendo uma flexibilização da quarentena exatamente no momento que o número de contaminação está aumentando... No fundo são todos um bando de fdp que estão se lixando para a saúde da população. Mais triste ainda é ver uma grande parte dessa população (falando sobre aqueles que não são obrigados a ir trabalhar e poderiam continuar ficando em casa) se lançando as ruas como se não houvesse amanhã. É como assistir um gado disputando a tapas um lugar melhor na fila do abatedouro...

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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