Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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12 de abril de 2020

Quarentena - Semana 4

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A apatia da semana passada vai se convertendo aos poucos em fúria. Os lemíngues caminham para o abismo de verde e amarelo, enquanto os números apenas crescem.

Bastou apenas um mês. Em 30 dias, desde nosso artigo sobre o papel do Google no combate ao novo coronavírus, o número global de infectados saltou de 113 mil pessoas para 1.613.310, um crescimento de mais de 1000%. Infelizmente, o número de óbitos também cresceu: de 4 mil vítimas fatais para 100.376 em todo o mundo. Enquanto isso, os modestos 34 casos registrados no Brasil agora já são mais de 18 mil pessoas confirmadas com a infecção.

Em 30 dias.

A constatação não vem de fora: eu mesmo me espantei com a escalada. Tenho medo do que possa vir a escrever daqui a 30 dias. Que 12 de maio seja uma data mais esperançosa (e curiosamente é meu aniversário de 20 anos de casado).

Em Ark, nosso zoológico involuntário tampouco dá sinais de reduzir seu ritmo. Meu filho joga o título de sobrevivência como se fosse Pokémon e ele tivesse que pegar todos. Na ausência de objetivos maiores (como havia em Conan Exiles ou mesmo em Minecraft), não posso culpá-lo. Temos até um Tiranossauro Rex agora, além de simpáticos cachorros-lanterna.

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O que eu mais queria era que nossa base tivesse água encanada para não ter que descer a todo momento até o rio e, graças a um prodígio da gambiarra, o garoto puxou um cano lá de baixo. Eu acrescentei uma cisterna e um barril de cerveja, cuja função ainda me escapa.

Outro "penetra" apareceu no servidor e eu vi sua chegada ao vivo. Ele fugiu e evitou contato, mas não saiu do servidor. Quando o vi pela última vez, já estava com roupas de couro completas, o que prova que atingiu o nível 3. Como ele é forçado a manter uma distância mínima do host, saímos em uma expedição rio abaixo em nossa jangada. Por experiência própria, posso dizer que ele provavelmente foi arrastado pelas águas, com desagradáveis saltos de teleporte. Acredito que isso o convenceu a não voltar mais.

O karma é uma praga e, nesse sábado, após uma atualização gigante do jogo, não consegui entrar mais no servidor do meu filho, não importando o método empregado. Espero que esse problema seja contornado ainda hoje.

Em nossas sessões de cinema, vimos a animação Link Perdido e o clássico da truculência Predador 2 - A Caçada Continua. O desenho é uma animação deliciosa que foge do lugar comum em vários aspectos. Pena que perdeu o Oscar para Toy Story 4... Tem um climão Jules Verne que me cativa, não tem uma música sequer e não força no seu humor (ainda que tenha conseguido me fazer chorar de rir em uma cena, algo que não acontecia tinha muito tempo). Recomendo para crianças de todas as idades.

Missing Link

Já o filme do caçador espacial é um obra que não envelheceu muito bem e que provavelmente nunca foi bom. Não chega aos pés do primeiro mas ainda diverte. Tem muita mentira nesse filme. Danny Glover não vencia essa treta nem a pau.

Pelo Gamerview, entreguei as prévias de Rock of Ages 3 e Dreamscaper: Prologue. O primeiro é uma digna continuação do divertidíssimo Rock of Ages 2 e vale a pena ficar de olho para seu lançamento em junho. O segundo é uma demonstração gratuita de um título que mistura de forma inteligente vida real e suas incertezas com um universo de fantasia com combate interessante. Depois disso, estou sem títulos para analisar o que me levou a...

... testar jogos sem me decidir por nenhum. A saída de Magrunner: Dark Pulse do meu PC me liberou para instalar outro a meu bel prazer. Entretanto, foi assaltado pela indecisão. Não é um fenômeno novo, mas que parece mais cansativo em tempos de quarentena. Kingdoms of Amalur: Reckoning foi instalado e sequer aberto, antes de sair. Em seguida, veio Saints Row 2. Pensei em finalmente dar uma chance à franquia, mas começar do início (o primeiro nunca foi lançado para PC). Imediatamente fui assaltado por boas lembranças de GTA III (do qual ele descaradamente copia estética e mecânicas), mas o eventual clima de galhofa me provocou repúdio. Não me sinto bem explorando tais temas em uma sociedade que parece buscar superar a ficção em seu ridículo. Apesar de ter feito uma personagem oriental com a qual estava simpatizando,

Depois de uma hora no título da Volition, desinstalei para tentar Watch Dogs. Novamente, mergulhei por uma hora em seu universo. Curti personagens, universo e até a história de vingança. Mas suas mecânicas de furtividade não me conquistaram. O título jaz no minha Área de Trabalho e, provavelmente, lhe darei outra chance. Não por acreditar que o jogo mereça (as críticas não são favoráveis), mas por temer continuar preso a uma espiral de instalar/desinstalar.

Meu refúgio nos jogos continua sendo Warframe. Já são 149 horas personificando Tennos, a máquina de guerra definitiva, capazes de matar centenas de inimigos por missão. É uma fantasia de poder repetitiva, mas que título conseguiria manter o frescor depois de mais de cem horas? Como todo jogo multiplayer infinito, preciso de metas e aqui ela é bastante clara: desbloquear acesso ao sistema solar inteiro. Cheguei em Netuno, já vislumbrei o dia em que irei me despedir desse vício, se conseguir.

Ecos de Overwatch chegam a meus ouvidos, com as novas de personagem novo. Por enquanto, resisto ao canto da sereia.

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Ouvindo: Distrans - Tungsten

Um comentário:

Marcos A.T. Silva disse...

"A apatia da semana passada vai se convertendo aos poucos em fúria. Os lemíngues caminham para o abismo de verde e amarelo, enquanto os números apenas crescem."

Estou assim também. Isto sem falar no medo e na tensão extremos. E confesso que jogar (e escreve sobre), tem me ajudado bastante.

Mas passamos por temos negros, principalmente por termos um "aliado do vírus" governando o país. Boa sorte aí, Carlos. Eu tento acreditar a todo instante que tempos melhores virão. Digo "tento", porque sou pessimista demais, também. :(

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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