Ter o hábito de comprar pacotes de jogos apenas porque estão baratos e seus respectivos jogos podem eventualmente serem interessantes significa ter uma Biblioteca gigante no Steam que nunca será completada. Ter adotado a prática de testar jogos baseado em fatores randômicos significa ter que encarar algumas surpresas no caminho e cair em armadilhas que você mesmo plantou lá atrás e nem lembra mais o motivo.
Action Alien é uma dessas surpresas desagradáveis que, olhando por alto, parecia uma boa ideia quando foi comprado. Um jogo com armas realistas em que você enfrenta ondas sucessivas de criaturas grotescas em diferentes mapas? É uma descrição que cai como uma luva em Killing Floor, uma franquia que tem um lugar garantido em meu peito. É uma fórmula que não envelhece e gerou bons títulos no passado.
Entretanto, a Devdan Games não tem um décimo do orçamento da Tripwire Interactive, não tem um décimo de seu talento e possui tão somente a cara de pau para erguer um império de jogos baseados nesse exato conceito. Não há absolutamente nenhum aspecto em Action Alien digno de nota.
Pra começo de conversa, só existem dois mapas disponíveis: um balneário tropical e uma parada de carros no meio do deserto. Na "campanha" do jogo, o cenário desértico aparece duas vezes, com contextos diferentes. É impossível conceber um jogo de arena com tão somente duas arenas sem que ele se torne repetitivo bem rápido.
A qualidade gráfica desses mapas ou a criatividade dos níveis remetem a algo datado de vinte anos atrás, com texturas esticadas por todo lado. A cena de abertura de Action Alien faz a animação do guaraná Dolly parecer Pixar. Não há um único modelo de personagem nesse jogo que não seja constrangedor, a começar pelo protagonista, que lembra vagamente um boneco de cera semi-derretido que deveria ser uma mistura de Johnny Cash com Crocodilo Dundee. Felizmente, não olhamos para sua cara por muito tempo. Infelizmente, somos obrigados a confrontar os alienígenas o tempo todo (afinal, é a premissa do jogo). São reptilianos sem nenhum tipo de armamento que poderiam ter sido desenhados por crianças de doze anos ou terem sido rejeitados de Donkey Kong 64, cuja estratégia é correr na sua direção sem respeitar nada no caminho. Pelo menos, as armas são bem modeladas, o que deve ser um indicador de pacote comprado pronto na lojinha da engine Unreal.
Os sons conseguem ser piores que o visual. A marcha constante dos alienígenas indo em linha reta até você irrita por não soar como passos, por não ser possível distinguir de onde vem e por não ter fim até que a onda termine. O som das armas de fogo é apenas passável. Sinto alívio por não haver diálogos ou personagens humanos nesse apocalipse.
A física é a azeitona da empada. Entenda que odeio azeitona. Nada no cenário está livre da física, o que costuma ser uma vantagem em títulos melhores, um atestado de realismo. Não em Action Alien. Por "cenário destrutível", entenda que um alienígena encostando em uma parede de tijolos é garantia de que ela irá se partir em pedaços triangulares que ficarão vagando pelo espaço, como polígonos de eras remotas nos jogos eletrônicos. Tente depois encontrar munição ou cura em meio a "escombros" que interagem com seus passos como se fossem imensos pedaços de isopor.
Apesar de todos os seus defeitos, atravessei a "campanha". Era meu limite auto-imposto: testar os três mapas (que são dois...), com ou sem vitória. Obviamente, não concluí nenhum deles e fui dominado pelas hordas. O jogo premia o jogador com pontos que podem ser investidos em melhorias de seus atributos ou armas, então é possível vencer Action Alien desde que você tenha a paciência de um santo e a disposição para sofrer de um Cenobita. Fiquei chocado, mas não surpreso, que nem na campanha a Devdan Games consegue acertar: o terceiro mapa na lista contém instruções para novatos, as historinhas não se conectam. não há qualquer lore ou explicação para esses filhotes de King K. Rool estarem na Terra.
Remover Action Alien do PC será mais fácil do que apagar sua memória.
Um comentário:
Esse jogo prova a minha teoria de que os melhores textos provêm dos piores jogos. Ri muito.
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