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30 de dezembro de 2019

Jogando: Citadel: Forged With Fire - Conclusão

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Depois de 122 horas de Citadel: Forged With Fire, sigo adiando o momento da despedida, mesmo depois de ter cumprido as metas que eu mesmo estipulei. Jogos de sobrevivência e MMOs não costumam ter um final claro e seus criadores fazem de tudo para que você jamais abandone aquele mundo. Entretanto, estabeleci para mim mesmo que encerraria minha jornada por esse mundo mágico depois de explorar cada caverna do mapa e experimentar as três masmorras dos chefes supremos. Ao completar o último desafio, ganhei um novo conjunto de armadura tão bacana que seria um pecado ir embora tão cedo...

É uma grande mudança em relação às minhas impressões iniciais do jogo. Tinha dúvidas se a falta de conteúdo, a falta de um norte ou mesmo um mínimo fiapo de história iriam me afastar do título, mas acabei engrenando em suas mecânicas. Quando você monta em uma fênix flamejante ou um dragão e decola aos céus, sem um rumo certo e sente prazer nisso, você está diante de um apelo difícil de resistir.

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Citadel: Forged With Fire é um daqueles jogos que traz uma paz no espírito apenas de abri-lo, de passear por seu vasto mapa, de escolher lutas ou não, montar sua casa ou não. Enfim, a liberdade oferecida acaba compensando uma mão mais forte dos desenvolvedores guiando seu destino por essas terras.

Aprendi a apreciar a exuberância de suas cores, a descoberta de novas criaturas (havia mais do que supunha inicialmente, não muito mais, mas o suficiente para manter a curiosidade acessa). Sem perceber, Alec, minha bruxinha frágil, foi se transformando em uma arquimaga poderosa capaz de derrubar vários inimigos de uma vez ou derrotar criaturas muito maiores do que ela.

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Com a evolução, deixei de lado a casa que havia ocupado no início do jogo e parti para construir meu próprio lar do zero, usando um dos materiais mais elegantes do continente. Com tristeza, vi minha casa antiga ser ocupada por um novo aventureiro. Com mais tristeza ainda, vi, dias depois, o lugar que chamei de lar desaparecer para sempre porque seu novo dono desistiu do jogo, do servidor, quem sabe? Quanto mais jogava, mais percebia a volatilidade do servidor, com construções grandes e pequenas se erguendo e depois sumindo. A colina onde ergui meu novo refúgio inicialmente tinha dois "vizinhos", mas logo me tornei o dono da única construção nas imediações.

Dividi essa paixão com meu filho, novamente. Eu jogava de noite, ele jogava de manhã, no meu PC, ignorando os jogos novos que são só dele na sua própria máquina. Nossos hábitos se complementavam: ele explorava e desbloqueava novos e ousados territórios, domava criaturas para nosso esquadrão, saqueava baús valiosos. Eu expandia nosso lar, cumpria missões, preparava equipamentos e poções e explorava outras regiões em minha meta de triunfar sobre todas as cavernas. Era estressante descobrir que minhas magias tinham sido todas mudadas por magias "melhores", mas sempre era recompensador encontrar uma nova fera na porta de casa, submissa a nossas vontades. Franqui, a Abominação simpática, foi o único que sobreviveu a tantos confrontos mortais e erros fatais, atingindo o impressionante nível 72, um brutamontes difícil de matar que, inacreditavelmente, ganhou meu afeto.

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Franqui (canto inferior esquerdo), Cabuloso (ao centro) e Renascimento (canto superior direito)

Após tantas horas, era óbvio que meu caminho acabaria se cruzando com o de outros jogadores. Saqueei uma casa abandonada e coloquei minhas mãos em uma vasta quantidade de armas e armaduras Épicas que teriam virado poeira. Aquela mansão maldita, erguida em território extremamente hostil, acabaria me custando uma Fênix e cada visita era um risco. O antigo dono solicitou a posse novamente e não hesitei em lhe devolver o controle. Era muito para mim e outros poderiam administrar melhor o legado. Mas o saque ficou comigo: ao atingir o nível 60 e finalmente poder usar o que tinha pego, tornei-me instantaneamente uma potência de destruição.

Ao me aproximar de uma dungeon em busca de uma nova missão, esbarrei em um time que estava se preparando para fazer uma raid. Fui gentilmente convidado e aceitei. Já tinha explorado uma masmorra anteriormente, sozinho, com resultados catastróficos. Desta vez, o triunfo nos brindou e com ele veio o convite para participar da Guilda. Uma meta que nem estava na minha lista era cumprida. Havia encontrado meus pares, um bando de jogadores educado que se empenhava em oferecer ajuda a novatos, explorar masmorras e erguer palácios.

Escrevo com paixão inesperada, para adiar mais um pouco o momento de dizer "adeus" a esse continente, minha casa, meus animais, meus tesouros. Possivelmente, encontrarei uma forma de passá-los para frente, distribuir o que puder para a Guilda, para desconhecidos, retribuir a esse mundo as aventuras e a alegria que trouxeram a mim e a meu filho. Citadel: Forged With Fire está longe de trazer os mistérios e a imersão de um Conan Exiles ou o nível de liberdade suprema de um Minecraft, mas é um título que cativou, que podia ser mais, mas acaba satisfazendo com menos.

Ouvindo: Cabaret Voltaire - I Want You [12 MX]

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