Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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16 de janeiro de 2018

Jogando: Lego Marvel's Avengers

Até hoje, Lego Marvel Super Heroes segue sendo o título da franquia que mais cativou pai e filho por aqui. São 72 horas marcadas no título, ocupando a quarta colocação em termos de tempo dedicado no meu Steam, duas horas à frente do gigantesco Fallout 3. Não é pouca coisa e foi uma jornada justificada de brincadeira no vasto playground digital da Nova York recriada e lotada de personagens que me foram (e ainda são, de certa forma) tão queridos.

Então, por um lado, tinha uma forte expectativa em relação a Lego Marvel's Avengers (LMA, para simplificar) e, por outro lado, um forte temor que seria um caça-níqueis feito para pegar carona no sucesso do universo cinematográfico da editora.

Lego Marvel Avengers 10E os dois lados provaram que não são excludentes: é um jogo sólido e divertido, mas engessado por preguiça e pela obrigação de seguir os limites impostos por aquilo que foi visto nas telonas. Não decepciona como Lego Jurassic World, mas tampouco encosta no brilho do inesquecível Lego Marvel Super Heroes.

Fica claro para mim que, se todos os jogos Lego são iguais, só mudando a roupagem, seus desenvolvedores fazem o seu melhor quando estão soltos para criar suas próprias histórias e sandices. Como toda adaptação que se preze, é preciso obedecer àquela linha narrativa e requentar um enredo que todos conhecem. Por conta disso, LMA compacta em sua história os dois primeiros filmes dos Vingadores (e uma missão opcional que resume MUITO Capitão América: Soldado Invernal). Consequentemente, são as versões dos cinemas que vemos no jogo, não os heróis em sua concepção original dos quadrinhos.

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Alguém lá dentro achou (e achou certo) que não seria uma boa ideia abrir o jogo com a chegada de Loki na base da SHIELD e a lenta formação dos Vingadores. Então LMA já começa com pancadaria: o ataque ao castelo do Barão Strucker, em Sokovia. É uma abertura que utiliza praticamente todos os heróis e nos introduz a um recurso que eu ainda não havia visto em jogos LEGO: o combo! Dois personagens podem combinar seus poderes em ataques coreografados e devastadores. É o único sopro de originalidade na franquia, mas é bacana de fazer.

Concluído o ataque em Sokovia, a história reverte para o início do primeiro filme, com direito a intercalações da origem do Capitão América (mas não de Thor, Hulk ou Homem de Ferro). Daí pra frente, a trama segue à risca o que se viu na tela, sem mais intervenções da edição, o que torna o avanço bem previsível. Inacreditavelmente, as melhores sequências de ação dos filmes não tem um efeito similar no jogo, mas as piadas seguram o interesse.

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Superado o modo História, temos o mundo aberto desbloqueado e vários personagens para brincar. Agora começa o melhor do jogo. Ao contrário do seu antecessor, aqui o jogador não é obrigado a resolver desafios para coletar tijolos de ouro em larga quantidade para desbloquear áreas novas. O resultado é que meu filho e eu ignoramos solenemente a vasta maioria dos tijolos de ouro, já que todas as áreas extras são liberadas com a conclusão do modo História. Isso é uma das explicações para termos investido "somente" 43 horas em LMA...

Mas os desenvolvedores foram bem safados e reaproveitaram o mapa de Nova York de Lego Marvel Super Heroes praticamente na íntegra. São os mesmos prédios, nos mesmos lugares, mas com menos coisas interessantes para fazer e com uma quantidade maior de personagens obscuros para liberar. A exceção é a Escola Charles Xavier para Jovens Superdotados, que foi limada de LMA por conta da rixa entre a Marvel a Fox pelos direitos cinematográficos dos X-Men. Consequentemente, não espere encontrar nenhum mutante ou membro do Quarteto Fantástico no elenco de personagens desbloqueáveis do jogo. No lugar da Escola, colocaram uma base marota da SHIELD, um prédio bem básico e com muito pouco para fazer.

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Tudo bem que o universo Marvel, seja nos quadrinhos ou nos cinemas, gira em torno da Grande Maçã, mas esse jogo não faz nenhum esforço para apresentar uma releitura da cidade. É 95% copiada e colada do jogo anterior. O título tenta compensar essa Nova York recauchutada com diversas outras mini-áreas, como Washington, a mansão de praia de Tony Stark, a fazenda da família Barton, Asgard e mais, mas nenhuma delas chega a deslumbrar (Asgard é particularmente insossa perto do que deveria ser).

Visitadas todas as áreas extras, sempre retornávamos para a Nova York que nos era tão conhecida. A partir daí, fazíamos nossos próprios jogos de pega-pega ou batalha.

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Ou apenas quebrávamos tudo ao redor ou coletávamos dinheiro para liberar mais personagens. O jogo ainda possui uma das mais deliciosas sensações de voo que já experimentei, mesmo que a paisagem seja a mesma de antes. Com os pulos do Hulk e outros personagens super-fortes, cruzar a cidade de novo e de novo continuou sendo relaxante.

Chega uma hora que a brincadeira cansa e a fila anda. Depois de muito tempo encostado em um canto, meu filho finalmente pediu para desinstalar Lego Marvel's Avengers. Esperava um Lego Marvel Super Heroes 2 desse aqui, mas a Lego ainda pode se redimir, aparentemente sem Nova York dessa vez.

Ouvindo: Iron Maiden - Montsegur

Um comentário:

Thiago disse...

Aquino, você deveria comprar Sea of Thieves. Joguei o Alpha com minha esposa e achei muito divertido, e tenho certeza que você e seu filho jogariam muito e teriam muitas histórias para contar juntos! 🤣

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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