Retina Desgastada
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26 de fevereiro de 2019

Jogando: Ys Origin - Primeiras Impressões

ys-origin

Desde o começo de fevereiro e até o final de março estou envolvido em um projeto que me consome um tempo precioso, além das atividades normais de freelance. Obviamente, em um dia com apenas 24 horas, alguma coisa precisava ceder e o blog e o tempo para jogos foram afetados.

Entretanto, uma rotina estafante de trabalho precisa ser equilibrada com jogos.

Depois de concluir o rápido e rasteiro Clutch, percebi que dividir o escasso tempo entre o buraco negro que é Conan Exiles e partidas rápidas de Overwatch não seriam suficientes. Rodei de novo meu sistema randômico para ver o que o destino colocava em minhas mãos.

A primeira opção foi The Vanishing of Ethan Carter, um jogo belíssimo, talvez um dos mais detalhados que já vi, mas lento, para não dizer enfadonho. No início da madrugada, antes de ir para cama, no horário que me resta para jogar, exausto, não era o tipo de jogo que eu estava esperando. O fato de eu ter errado tudo em minha investigação e precisar repetir um longo trecho do mapa foram a gota d'água para guardar o título para um momento melhor.

A segunda opção que caiu na aleatoriedade foi Life is Strange, um título elogiadíssimo que eu tinha comprado, mas nunca aberto. A sensação de voltar para uma sala de aula, para os corredores de um colégio, com todas as suas ansiedades, rituais adolescentes e incertezas me causou mais ridículo do que identificação com a personagem. É uma realidade já tão distante que nem esperei o fantástico do jogo se manifestar para guardá-lo, igualmente para um momento melhor.

A esta altura do campeonato, as entidades que regem o Caos e a Aleatoriedade já estavam insatisfeitas com minha falta de apreço por suas oferendas e colocaram Dementium II HD na minha frente. Felizmente, o jogo travou depois da cena de abertura e provavelmente fui poupado de um título tosco em essência.

Desesperado, lancei minhas lamúrias no Twitter. Sem aviso, o camarada Yuri @arara_ largou um presente no meu Steam: Ys Origin.

Ys Origin - Obrigado

Bem-Vindo ao Japão

Em todos esses anos de jogatina, nunca tinha experimentado um RPG japonês. Tudo bem que Septerra Core ou Breath of Death VII eram inspirados por sua estética e mecânicas e o memorável Anachronox é outro que bebe na mesma fonte. Mas um jogo tru japonês? Jamais.

Para meu espanto, Ys Origin me cativou já na abertura do menu, com uma belíssima trilha sonora que se mostraria marcante ao longo do resto do jogo. A cena de abertura, em estilo anime, também foi uma experiência sensacional e inédita para mim. Então, antes mesmo de controlar qualquer personagem, antes de colocar a mão no teclado, já estava interessado em conhecer esse mundo.

O choque inicial dos gráficos quase me afastou. Parece algo pouco melhor do que um Game Maker, mas é apenas uma impressão equivocada. A bela arquitetura de Ys Origin mostra a que veio assim que a história começa pra valer e me vejo transportado para um lugar mágico, no comando da simpática Yunica. A imersão é quase imediata: ela tem vontade de conhecer, de explorar, mesmo não estando exatamente preparada para isso, compensando sua inexperiência com disposição. Yunica era eu e eu era Yunica nesse aspecto.

Ys Origin - Torre

Imediatamente, mudei as configurações do teclado, porque não sei em que planeta os responsáveis pelo port vivem, mas ninguém usa o botão V para pular. Espaço é o botão de pulo em 99% dos jogos, por favor. Demorei um pouco mais para entender que é possível comandar a personagem com as setas do teclado, ao invés do mouse, o que foi uma mudança muito bem vinda.

Como o camarada Yuri já tinha me explicado, Ys Origin não é um JRPG tradicional. As batalhas não são em turno, você não comanda um time. Aqui, quem manda é a ação, o que aproxima o jogo do nível de cliques de botão de um Diablo da vida, mas sem a complexidade de gerenciamento de loot desse. A jogabilidade é fluida e os inimigos que aparecem pelo caminho não chegam a ser um desafio. Nem mesmo o respawn infinito, que costuma me irritar em vários jogos, conseguiu tirar o sorriso do meu rosto em cada nova passagem por lugares já explorados. O combate é simples, mas viciante, e a história prende o suficiente para que eu queira continuar avançando e explorando.

O problema, e esse é um problema meu, não do jogo, são as batalhas contra chefes. O que os combates com os inimigos comuns trazem de simplicidade, as lutas com chefes exigem coordenação motora e precisão que escapam um pouco das minhas habilidades. Mas o que eu podia esperar de uma recomendação do Yuri, recordista mundial de speedrun de Crowtel, um título que eu e meu filho desistimos por ser infernal? Decidido a jogar Ys Origin até o final e fazer uma série no canal do Retina Desgastada no YouTube, a segunda batalha com um chefe já se mostrou um obstáculo intransponível.

Ys Origin - Segundo Chefe

Por três dias, esforcei-me ao máximo para derrotar o miserável e não atrasar o vídeo. Como disse lá em cima, nesses meses, tempo se tornou um artigo de luxo. Em contrapartida, não estou disposto a largar Ys Origin. Gostei do jogo.

Gostei tanto que mandei tudo para os ares e recomecei a jornada no nível de dificuldade Easy. Não é uma decisão que costumo tomar, mas se a dificuldade estava no caminho entre terminar um jogo bom e largá-lo por minhas próprias limitações, então, por quê não? O primeiro chefe já caiu de novo, desta vez com muito mais tranquilidade do que na vez anterior. Estou à caminho do segundo.

E vou passar por ele.

Ouvindo: W.I.T. - Inside Out

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