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17 de março de 2024

Eu Li: Clementine - Book Two

Clementine - Book Two

É possível corrigir o curso no meio da viagem? A cartunista e ilustradora Tillie Walden aparentemente sabe como. Não escondi de ninguém minha decepção com o primeiro capítulo dessa trilogia, em parte por não enxergar a necessidade de dar continuidade para a jornada de Clementine, tão brilhantemente finalizada em The Walking Dead: The Final Season. Porém, a outra parte de minha reclamação estava no ritmo que a autora colocava na narrativa, na sua clara inabilidade de compreender o universo ficcional da franquia, por mais que ela fosse capacitada em compreender a natureza humana e suas introspecções.

Pelo que pude apurar, não estava sozinho em minhas opiniões. Walden recebeu pesadas críticas, muitas dessas mais pesadas do que realmente podiam ser e motivadas por preconceitos diversos. Para surpresa de ninguém, a insatisfação se inflama na internet e se transforma em perseguição rancorosa. Porém, que sina poderia ter essa trilogia senão provocar desafetos? Estávamos saindo de uma mídia em que o consumidor tem pleno controle do rumo da narrativa, com infinitas Clementines customizadas ao gosto de cada jogador, e entrando em território em que uma única autora define o futuro da personagem que todos aprenderam a amar. Não tinha como Tillie Walden não criar mágoas.

Dito isso, é evidente que alguma parte das críticas realmente afetou a autora. É sensível a melhora no segundo capítulo de sua trama, ainda que boa parte do público provavelmente não irá dar uma segunda chance para o projeto. Ou teria eu superado o impacto inicial e aceitado que Clementine agora tem uma nova tutora, cuidando de seu crescimento?

Clementine - Book Two 02

Clementine - Book Two nos apresenta a protagonista e suas amigas diante de um novo desafio e um novo cenário: se adaptar a uma comunidade de sobreviventes em uma ilha no meio do oceano. Os conflitos internos entre elas, tão marcantes no primeiro livro, foram amenizados. Esse segundo capítulo é mais focado nos problemas externos desta vez, ainda que o emocional siga marcando sua presença. Em outras palavras, há mais mistério, mais tragédia e mais ação do que no livro anterior, com uma gama maior de coadjuvantes em embates.

Por outro lado, a trama acaba caindo na fórmula apresentada em literalmente todos os jogos da franquia: protagonistas encontram um novo lugar para chamar de lar, vivem felizes por um curto espaço de tempo, descobrem que o paraíso tem seus assuntos mal resolvidos, o caos se instala, pessoas morrem.

Tillie Walden foi inteligente em seguir o grande esquema ou simplesmente se rendeu ao lugar comum? Felizmente, esse clichê é bem entregue. O momento em que você descobre que vai dar ruim (de novo) é assustador.

Clementine - Book Two 04

Walden deixa sua marca mesmo é nas relações humanas. Há diversos momentos de profunda sensibilidade na obra, mais marcantes do que a própria catástrofe. Se faz necessário construir personagens significativos para que suas mortes causem impacto e a autora entrega. Da mesma forma, Clementine aceita que a felicidade entre em seu coração e entende que esperar que o mundo fique seguro para amar é uma estratégia condenada ao fracasso. Se joga e vai, que é melhor. Não existe momento ideal para buscar o que se deseja. Da minha parte, se Clementine está feliz, eu estou feliz.

Clementine - Book Two 05

Pela segunda vez, Walden envereda por um epílogo excessivamente longo após a narrativa atingir seu clímax óbvio. Porém, acerta ao consumar uma cena poética com Clementine.

Não imaginava escrever essas linhas, dois anos atrás, mas estou ansioso agora para ver como irá se concluir essa nova odisseia de minha menina.

Ouvindo: Xandria - Fire of Universe

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