Retina Desgastada
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30 de julho de 2019

Jogando: Rayman Legends

Rayman Legends 01

Quatro anos e muitos jogos depois de Rayman Origins, meu filho e eu finalmente encaramos sua "continuação" e até hoje a última iteração da franquia no PC: Rayman Legends.

Fora da tela, foi uma experiência muito diferente daquela de quatro anos atrás. Para uma criança em desenvolvimento há uma larga diferença entre jogar um título com sete anos de idade e jogar sua sequência com onze anos. Mais maduro, mais experiente em jogos eletrônicos, menos deslumbrado por uma franquia que já conhece de outros Carnavais, o garoto agora assumiu o papel de Jogador Número Um no controle e ocupou o centro do palco, enquanto eu tentava acompanhar seu ritmo e fracassava vergonhosamente no teclado como o Jogador Número Dois.

Basicamente, eu atuava como vida extra, capaz de ressuscitar o personagem dele nas ocasiões em que seu excesso de confiança cobrava um preço muito alto. Nem por isso me diverti menos. Se anteriormente dividimos o teclado em um acerto improvisado, para não dizer insano, agora éramos companheiros de luta, cruzando plataformas e enfrentando os mesmos inimigos.

Rayman Legends 07

Em contrapartida, dentro da tela, Rayman Legends está bem longe de ser uma experiência diferente de Rayman Origins. Em muitos aspectos, poderia ser chamado de uma expansão maior, com os mesmos gráficos, a mesma jogabilidade, as mesmas músicas na maioria das vezes. Nos pontos em que o jogo busca um diferencial, ele falha ao não conseguir superar o anterior. Seus níveis não são tão criativos ou exuberantes, seus novos personagens não são tão simpáticos assim (embora eu tenha adotado a "bárbara" como meu avatar) e mesmo as músicas novas não são tão impactantes. Em suma, Rayman Legends é mais do mesmo.

Felizmente, essa é uma fórmula que, apesar de gasta após tantos jogos móveis, ainda diverte. E esse foi o primeiro Rayman que jogamos lado a lado, então não havia como não se empolgar.

Mais uma vez, a história é completamente irrelevante para o desenrolar do jogo, talvez até mais do que o anterior. Rayman Origins ainda tinha cutscenes de início, meio e fim. Aqui, se houve no começo, não lembro mais e tenho certeza de que não há outras ao longo da trama e muito menos no final. Corremos pelos mapas, fugindo dos perigos, eventualmente resgatamos uma princesa nariguda de um feiticeiro narigudo, o feiticeiro narigudo solta um chefe de fase, derrotamos o chefe, chutamos o feiticeiro narigudo para os confins do universo e essa sequência se repete sem alterar uma vírgula por cinco vezes. Mas, quem liga?

Rayman Legends 04

O importante em Rayman Legends é acertar pulos e rebatidas, derrotar inimigos e seguir em frente, essencialmente um jogo de plataforma que troca a lógica pela diversão, como deve ser no gênero. A impressão que tive é que o título permite isso com um nível de dificuldade inferior ao seu antepassado e poucas foram vezes em que precisamos repetir um mapa. Mesmo o costumeiro grinding para se obter moedas capazes de desbloquear as fases seguintes foi bastante suave quando comparados com minha memória ainda marcada pelo tormento de Rayman Origins. Talvez o jogo tenha sido amaciado pelos desenvolvedores, talvez jogar em dupla torne tudo muito mais fácil, mas a sensação que tive é que até os chefes são menos impressionantes.

Enquanto o jogo anterior ia introduzindo mecânicas e habilidades novas gradualmente, aqui temos tudo desbloqueado de imediato e fluindo de uma maneira muito mais suave. Caminhar pelas paredes em alta velocidade é natural, assim como planar nas correntes de ar. Se foram as partes de "controle de navinha" que infernizavam no jogo anterior e até as corridas, quando é preciso avançar sem olhar para trás para não morrer, também foram mais tranquilas do que me lembrava.

Por outro lado, Rayman Legends trouxe uma mecânica que meu filho odiou: a interação com um sapo amigo flutuante que move objetos pelo cenário, removendo obstáculos ou criando plataformas seguras para o salto. Não me recordo desse elemento em Rayman Origins, o que significa que ou não existia ou não impactava na jogabilidade. Aqui, porém, o garoto, sendo o Jogador Número Um, precisava controlar o sapo e controlar a si mesmo, em momentos inclusive onde era necessário realizar as duas coisas no tempo certo. Esses eram os únicos pontos frustrantes para ele e, em alguns mapas, a dinâmica precisava se inverter: ele abdicava de seu personagem, literalmente o deixando para morte, enquanto controlava o sapo para abrir caminho para meu personagem. Era meu momento de brilhar, de trabalhar em equipe e mostrar que não sou tão ruim em jogos de plataforma quanto penso.

Rayman Legends 02

Por conta do "sapo maldito", quase desistimos de alguns mapas. Com os dentes trincados, cruzamos dois mapas extremamente complicados para receber primeiro a satisfação da vitória e, depois, a surpresa de ver os créditos rolando. Havíamos chegado ao final da "história" de Rayman Legends. Ainda havia níveis extras para desbloquear, personagens para liberar, desafios a vencer, mas, olhamos um para o outro e de mútuo acordo decidimos que Rayman Legends tinha sido vencido e prosseguir era desnecessário.

Aquela criança que havia platinado Rayman Jungle Run de forma quase obsessiva agora entendeu que o importante é a diversão que encontramos pelo caminho e os laços de amizade que forjamos ou algo assim.

Ouvindo: Tack Ups - Se Tudo é Real

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