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Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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8 de julho de 2018

Volta ao Mundo: Rússia

Para muitos, a Rússia é somente um inimigo a ser derrotado em jogos eletrônicos anacrônicos que ainda retratam o país como o gigante comunista a ser derrotado. Para outros, é a nação-sede da Copa do Mundo que avançou bravamente, mas morreu nas mãos dos croatas. Terra da vodka, da AK-47, do urso Misha, da heroína Zarya, a Rússia é uma boa desculpa para um retorno tardio da série Volta ao Mundo.

É fácil confundir a produção cultural da Rússia com a vizinha Ucrânia. Primeiro, porque ambos os países já fizeram parte do mesmo bloco, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a temida URSS, vilã de tantas histórias da época da Guerra Fria. Segundo, porque as duas nações compartilham das mesmas heranças, da mesma perspectiva de mundo, do mesmo folclore. Não que os ucranianos vão concordar com essas semelhanças e eles estão muito felizes com a independência, obrigado. Então, títulos como S.T.A.L.K.E.R. ou Vivisector não vieram da Rússia e temo que até mesmo esse blog já tenha trocado suas origens aqui e ali.

sturmovik

Dentro do efervescente mercado russo de jogos eletrônicos, a maior empresa é a 1C Company, geralmente classificada como "produtora independente" no Ocidente embora empregue cerca de mil funcionários e seja o maior expoente da região, atuando inclusive como divulgadora de muitos jogos locais no mercado internacional. Fundada em 1991 por Boris Nuraliev, que exerce o cargo de CEO até hoje, ela precede muitas produtoras mais famosos desse lado do mundo. Atualmente, sua franquia de parceiros atinge 7.500 profissionais em 600 cidades diferentes. Mais do que jogos, essa gigante, que de indie não tem nada, também é distribuidora oficial da Microsoft, Novell, Borland, Symantec, Kaspersky Lab, ESET e outras.

Do catálogo da 1C Company, chegaram até nós títulos dos mais diversos espectros: desde o muito ianque jogo de caminhoneiro Rig N' Roll até o simulador patriota 100% russo IL-2 Sturmovik: Battle of Stalingrad.

heroes-vLogo atrás da 1C Company, em termos de dimensão, encontra-se a Nival, sediada em São Petersburgo. Fundada em 1996, a desenvolvedora talvez seja mais conhecida no Ocidente por ser a responsável por Heroes of Might and Magic V, uma das raras vezes em que a Ubisoft, dona da franquia, terceirizou o trabalho. Mas o portfólio da Nival vai além e o estúdio criou também a franquia de estratégia Blitzkrieg, a série de fantasia Etherlords e vários outros.

Para os brasileiros, o título mais jogado da Nival é certamente Rage of Mages. Se o nome não lhe é familiar, é importante informar que o jogo foi lançado no mercado internacional como Allods Online, o MMO que virou febre por um tempo. Seu time de desenvolvedores original acabou indo parar em uma empresa separada, a Allods Team, que manteve o jogo ativo até hoje. O também MMO Skyforge é a nova empreitada da equipe que cresceu, conta com centenas de profissionais hoje em dia e está espalhada por três escritórios diferentes na Rússia.

MMORPGs não são espécie rara no país, que também conta com a força da desenvolvedora e distribuidora Nikita Online. Também fundada em 1991, a empresa já lançou desde então dezenas de títulos. alguns desenvolvidos localmente, outros portados para a comunidade de jogadores da região. A Nikita Online também é responsável pela GameXP, uma das primeiras redes sociais com foco no público que curte jogos eletrônicos.

Apesar do nome, a Gaijin Entertainment é uma empresa russa, com cerca de 160 funcionários e responsável por títulos conhecidos para várias plataformas como Blades of Time e títulos multiplayer mais recentes, como War Thunder e Crossout.

crossout-blade

Outro nome que circula pela indústria russa de jogos é a Akella, que atua tanto quanto desenvolvedora como produtora. Ela foi a responsável pela distribuição da polêmica série Postal mundo afora, mas também desenvolveu internamente títulos de pirataria como a adaptação oficial de Piratas do Caribe, consolidando uma sequência de jogos sobre o mesmo tema que já havia começado três anos antes com Sea Dogs e Age of Sail II e ainda se estenderia por pelo menos outros três jogos diferentes.

Indo na contramão das grandes produções, mas consolidando seu trabalho da mesma forma, a Ice-Pick Lodge se caracterizou com seus títulos exóticos que cativaram uma parcela dos jogadores e da crítica ocidentais. De suas mentes doentias brotaram clássicos ocultos como Pathologic e The Void.

Cut_the_Rope_logoMas a indústria de jogos russo não se limita a títulos de PC ou consoles ou jogos militares e um dos mais queridos títulos móveis do passado recente nasceu lá. O simpático Cut the Rope é fruto do trabalho da ZeptoLab. A desenvolvedora foi fundada pelos irmãos gêmeos Efim e Semyon Voinov, auto-didatas que estavam produzindo seus próprios jogos desde os dez anos de idade.

O pioneirismo rendeu uma história de sucesso única: sem nunca ter recebido um centavo de capital externo, a ZeptoLab ergueu um pequeno império em cima da viciante e criativa jogabilidade de Cut the Rope. Oito anos depois do lançamento do primeiro jogo, a empresa agora conta com uma subsidiária na Inglaterra e já conta com um sucessor para a franquia que os lançou: CATS: Crash Arena Turbo Stars.

Ouvindo: Cell Division - Skin Fetish

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