Retina Desgastada
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23 de janeiro de 2016

Os Mittani Estão Chegando

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Em Maio do ano passado, uma das maiores, mais organizadas e mais assustadoras forças de um universo paralelo convocou suas legiões para promover uma invasão em larga escala de outro universo. Segundo seus números oficiais, 5000 soldados atenderam ao chamado.

Para os jogadores de H1Z1, isso significou uma coisa: os temidos Mittani estavam chegando para estender seu Imperium por mais um MMO.

Para quem não está ligando os nomes, os Mittani são o braço organizado de uma das diversas facções que se auto-formaram dentro do universo de EVE Online. Eles pilham, eles declaram guerra, eles preparam golpes cirúrgicos contra seus rivais, eles escrevem lendas com um nível de dedicação raramente visto dentro dos mundos virtuais. Sua grande coalizão já foi chamada de Goonswarm e Clusterfuck. Recentemente, adotaram o nome de Imperium e não poderia ser mais adequado.

Mas um universo provou ser pouco para as ambições desse grupo e ele resolveu responder a pergunta que ninguém tinha feito antes: o que aconteceria se uma facção com anos de experiência e disciplina usasse seu conhecimento para dominar um sandbox de um gênero caracterizado pela anarquia e pelo mundo-cão?

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Foi assim que a cúpula do Imperium entrou em contato com a Daybreak Games, responsável por H1Z1 para articular a invasão. Os desenvolvedores aprovaram a ideia: a entrada de novos e compromissados jogadores testariam os limites técnicos e narrativos do jogo. Em troca, os Mittani receberiam apoio, skins customizados e acesso a determinadas funcionalidades antecipadas.

Ironicamente, durante sua ascensão no ecossistema de EVE Online, uma das constantes reclamações da Goonswarm, formada nos obscuros porões do site Something Awful, era que a facção rival Band of Brothers teria ligações estreitas com os criadores do MMO espacial e estariam recebendo benefícios...

Brendan Caldwell, jornalista do site Rock Paper Shotgun mergulhou em H1Z1, como um correspondente de guerra, para cobrir a sinistra expansão do Imperium em um dos servidores do jogo e para conversar com o general que coordena as forças em ação.

O resultado é um relato que aparenta ser o de um fracasso. Dos cinco mil jogadores que a facção de EVE Online teria trazido para H1Z1, apenas 227 podiam ser considerados ativos depois de sete meses da suposta invasão. E mesmo dentro deste número, muitos são jogadores "nativos" do jogo de sobrevivência que foram cooptados ou aprenderam a conviver sob as regras do Imperium em sua área de influência.

Mas por trás desse suposto fracasso, há o retrato de uma zona de guerra que espelha em seu pequeno espaço virtual a assustadora face da militarização aplicada. O comandante em terra dos Mittani alega ser um veterano do exército americano na invasão do Iraque. Sob sua rédea, a regra da ocupação é clara: ou você é um aliado do Imperium ou você é o inimigo e deve ser eliminado assim que for avistado. Durante a entrevista, o próprio comandante, que circula a pé entre os postos do seu exército, perseguiu e eliminou um jogador que não se identificou. A vítima não carregava armas ou tinha qualquer sinal de afiliação a outro grupo, possivelmente um infeliz jogador solitário. O Imperium já controla 40% do mapa do jogo no servidor. Bases rivais são dinamitadas. Um dos únicos enclaves que resiste ao rolo compressor é formado por jogadores que não falam inglês e, portanto, não podem ser aliados do Imperium. Seu destino será o irreversível ataque em larga escala. Há uma regra rigorosa para não se construir uma base do Imperium e seguir operando descentralizadamente. O vocabulário do grupo está repleto de jargões militares trazidos de EVE. O único zumbi avistado durante a noite toda é ignorado solenemente, pois um tiro poderia entregar a posição do time.

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Ninguém espera que H1Z1 ou qualquer um dos inúmeros outros clones de DayZ seja uma experiência social para fazer novos amigos e espalhar o amor pelo globo. Vigora a lei do mais forte.

Mas o mais forte de todos está construindo sua cabeça de ponte no jogo. E expandindo.
Ouvindo: O Silêncio da Noite

Um comentário:

Fausto Albertoni disse...

"Ninguém espera que H1Z1 ou qualquer um dos inúmeros outros clones de DayZ seja uma experiência social para fazer novos amigos e espalhar o amor pelo globo "

Eu tive a oportunidade de experimentar DayZ(mod) em um servidor privado durante alguns meses, onde vivenciei de tudo um pouco, de conspirações e traições dignas de um roteiro cinematográfico, até o estreitamento de laços de amizade forjados na honra e camaradagem. Não existiam personagens, o único objetivo era sobreviver, e cada um escrevia sua história norteado pelos próprios valores morais.

Logo depois que o servidor privado foi desativado, e o bando se desfez, eu vaguei sozinho desbravando esse "mundo-cão". Estendi a mão a desconhecidos, troquei histórias com outros andarilhos, mas sem condições de formar uma nova alcateia segui em frente.(até fui vítima de latrocínio)

"O homem está condenado a ser livre, condenado porque ele não criou a si, e ainda assim é livre. Pois tão logo é atirado ao mundo, torna-se responsável por tudo que faz"

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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