A menos que você tenha passado o dia inteiro procurando diamantes em uma mina abandonada, já deve saber que o rumor se confirmou: a Microsoft comprou a Mojang e agora é a nova dona de Minecraft. Não apenas isso, mas Notch e outros dois fundadores da empresa, estão se demitindo e virando essa página em suas vidas.
Notch sempre foi um desenvolvedor ímpar. Há algo de matematicamente mágico no código que ele criou capaz de criar em tempo real um mundo aleatório tão pulsante de realidades. Há algo de amadorístico e, alguns diriam, tosco, em como tudo são blocos de baixa resolução. Minecraft era um projeto de coração que ninguém acreditava que se tornaria o gigante que se tornou. Nos primeiros meses, o próprio PayPal bloqueou a conta de Notch, desconfiado daquele súbito fluxo de dinheiro entrando.
Como já disseram, o barbudo sueco poderia ter gastado tudo em prostitutas e cocaína. Ou ter erguido um império. Permaneceu o mesmo: perplexo, simpático, ingênuo, sonhador, um criador envolvido em uma criação maior e mais instigante que boa parte de toda uma indústria na última década. Outros em sua posição teriam pirado. Outros, em uma posição muito menos impactante, surtaram.
Notch jogou a toalha. Em um grande gesto de humildade, admitiu o que muitos não conseguem: não foi feito para isso. Um Prometeus moderno que roubou o fogo e agora não deseja mais ter qualquer envolvimento com seu uso. Está no seu direito. Ele criou o código. Nós o transformamos em um movimento cultural, em uma jornada, cada um de nós, não ele. Não precisamos de um líder, de um símbolo, de um ícone.
Notch, o ser humano, se despede com uma carta de profunda sinceridade. Notch, o mito, quer ele queira, quer não, estará sempre por trás do sorriso de descoberta de cada criança, da alegria de cada adulto ao andar de trem, da satisfação dos professores ao ver seus alunos engajados novamente.
Obrigado, Notch.
Não estrague tudo, Microsoft.
Um comentário:
Muito interessante a carta, bacana a postura dele.
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