Retina Desgastada
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20 de maio de 2024

Jogando: Shadow Warrior 2

shadow-warrior-2-teamO número de opções de jogos de tiro ou sobrevivência em primeira pessoa que podem ser jogados cooperativamente no modo campanha está diminuindo rapidamente. Meu filho e eu estamos ficando sem alternativas que sejam baratas (lembrando que é necessária a aquisição de duas licenças). Eu não me importaria de jogar títulos isométricos, títulos em terceira pessoa, RPGs, jogos de estratégia e uma miríade de outras opções, porém o guri tem um horizonte de gostos mais estreito que o meu e não foi por falta de tentativas de ampliar sua mente.

É um longo preâmbulo para justificar a escolha de Shadow Warrior 2, um título que já estava no meu acervo por anos, embora não tenha encostado na franquia desde os anos 90 e o Shadow Warrior original. É um longo preâmbulo, mas que já orienta a direção dessa análise: Shadow Warrior 2 é um jogo mediano em todos os seus aspectos. Na definição de meu filho, é "arroz com feijão", depois que você já comeu a carne (no caso dele, frango). Se você é daqueles que não curte textos mais longos, podemos encerrar por aqui deixando claro que meu filho respondeu "não" a minha pergunta se ele toparia jogar Shadow Warrior 3, na eventualidade de comprar o jogo.

A ausência de capturas de telas em 15 horas de jogatina é outro forte indicativo de que o título passou por aqui sem grandes momentos ou sem muito impacto. Se serve de consolo, há uma sessão de Shadow Warrior 2 gravada no canal.

Who Want Some Wang?

Pulamos o primeiro jogo pelo simples motivo de ele ser single-player e acreditando que isso não teria impacto algum na experiência da história. E não há mesmo. Enredo é a questão menos importante dentro da franquia, aparentemente, uma frágil espinha dorsal para destilar uma sequência quase infinita de piadas de quinta série entre uma sequência de carnificina e outra. Nesse sentido, o título da Wild Hog se aproxima bastante de Borderlands. Em minhas análises de Borderlands sempre critiquei a ausência de legendas em Português para acompanhar a avalanche de gracejos e passei a ignorar os aspectos mais cômicos daquela franquia. Em Shadow Warrior 2, há legendas em nosso idioma e percebi que não há diferença: a metralhadora não apenas não é exatamente engraçada, como também distrai durante tiroteios frenéticos. Cheguei a um ponto de optar por desabilitar as conversações com determinado personagem.

Tivemos então uma noção superficial da trama, dada sua irrelevância. John Carmack sempre dizia que história é tão importante para um FPS quanto para um filme pornô, afirmação que sempre me incomodou, já foi refutada até mesmo por seus colegas de id Software e não faz mais sentido algum desde Gordon Freeman. Entretanto, uma história ruim e protagonistas caricatos podem acabar prejudicando a experiência, em vez de ajudar. Lo Wang nunca foi um exemplo de genialidade, porém, nos jogos antigos, ele era menos intrusivo.

shadow-warrior-2-boss

Se a história e suas interações irritam, nos resta então a jogabilidade. Descontando os bugs de conexão que sempre faziam nossa hora de jogo ser uma incerteza, Shadow Warrior 2 entrega um ritmo irregular. De um lado, temos hordas nervosas atacando em pontos chave dos mapas, gerando um festival de brutalidade que, admito, me agradou bastante. Sentirei falta de uma boa motosserra em todos os jogos de tiro daqui pra frente. Do outro lado, temos uma oferta excessiva de modificadores de armas, de novas armas e habilidades, que quebram o andamento, obrigando o jogador a pausar e microgerenciar equipamento o tempo todo (um prazer inenarrável para meu filho, a nível quase obsessivo, porém um trabalho enfadonho para mim). É uma repetição da fórmula de Borderlands outra vez, ligeiramente melhor executada aqui.

Na confusão das hordas, determinados inimigos tem vulnerabilidades e resistências elementais, o que incentiva a troca de armas para melhor efetividade. Entretanto, não há tanta diferença assim, principalmente quando o ganho é pequeno: cada inimigo é uma esponja de dano, mesmo aqueles que são humanos. Além disso, os próprios inimigos se movem constantemente e é complicado acompanhar qual é a melhor arma para matar qual. Na dúvida, metia minha motosserra neles ou a arma que achava mais gostosa de usar (com munição disponível). Há um fluxo quase sufocante de novas armas sendo desbloqueadas, com muitas variáveis de dano para avaliar. O sistema aleatório das lojas incomodou meu filho: ele desejava usar um arco composto (outra de suas obsessões), mas não conseguiu nenhum, enquanto o lojista oferecia para mim essa opção (e não comprei, pois não curto).

Graficamente, o jogo brilha. Há muitos efeitos visuais e detalhes nas texturas, em quantidade suficiente para minha RTX 2060 não conseguir atingir níveis Épicos, mas ainda assim ser um título bonito. E, felizmente, o jogo foi otimizado no nível certo para que meu filho, com uma configuração mais modesta, também pudesse ter uma experiência visualmente agradável. O design das fases com múltiplos caminhos permite sua reutilização frequente sem ser cansativo, introduzindo aqui e ali fases exclusivas. O design dos inimigos também é bastante criativo, ao ponto de eu lamentar que as lutas sejam tão velozes e todos os oponentes acabem se tornando um grande borrão na minha frente que precisa ser aniquilado.

Sem muita empolgação, mas também sem rejeição, fomos avançando, nos concentrando na campanha principal e realizando poucas missões secundárias (os contratos de recompensa foram praticamente ignorados). Havia uma certa pressa para completar o jogo e trocar para outro título, mas não tão forte que nos fizesse desistir. Shadow Warrior 2 simplesmente existia em nosso caminho.

O penúltimo chefe foi divertido de enfrentar, com várias etapas, mas foi uma batalha fácil, resolvida em uma tentativa, sem ninguém morrendo. Mesmo com a dificuldade ajustada para dois jogadores, mesmo acumulando poucos pontos de habilidades (por não fazer tantas missões secundárias), Shadow Warrior 2 pode ser definido como um jogo fácil. Lamentavelmente, o confronto final não é nem de longe tão interessante quanto o anterior que havíamos acabado de vencer. Como se importasse, o enredo não fecha: há um gancho no final, que é o ponto de início do terceiro jogo. Se houvesse algum de nós desejando um fechamento, certamente teria se decepcionado.

Ouvindo: The Dollyrots - Feed Me, Pet Me

2 comentários:

Bolívar D'Andrea disse...

Aquino, não tem Game Pass? Tem bastante opções de jogos co-op. A Way Out, It Takes Two, Wolfenstein Youngblood, a série Gears of War, vários Stardew Valley e seus clones, No Man's Sky, Valheim e outros tantos de sobrevivência, Conan Exile e algumas DLCs, o novo Ark, Grounded...vale a pena dar uma conferida!

C. Aquino disse...

Caro, Bolívar, estou avaliando seriamente essa possibilidade, mas tem que ser em férias de final de ano, para tirar o máximo proveito. Afinal, estamos falando de duas assinaturas, não apenas uma. Além do mais, desses listados, já jogamos A Way Out, Conan Exiles e Ark (não o novo, o antigo). E temos que levar em conta a limitação do PC do guri, que é sempre abaixo do meu (por motivos profissionais, é claro wink wink). NO Man's Sky a gente já tem duas licenças, mas o bagulho não roda no PC dele... Curiosamente, o que fez a gente balançar para o Gamepass é Palworld (shame on us). A conferir. Abraços!

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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