Retina Desgastada
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9 de julho de 2023

(não) Jogando: Split/Second

split-second-03Dois jogos de corrida de um passado distante perturbavam minhas memórias: Blur e Split/Second. O primeiro me decepcionou. O segundo me iludiu por muito mais tempo. Inicialmente, porque foram literalmente anos de espera aguardando o momento certo de comprar Split/Second em promoção. Como um título da extinta iniciativa da Disney no mercado de jogos eletrônicos, ele permaneceu esquecido no Steam, sem nunca ter um desconto ou queda no preço. Meu maior medo era que ele simplesmente desaparecesse sem jamais entrar em oferta.

Quem espera sempre alcança e Split/Second teve um desconto surpresa em dado momento de maio de 2022 e tornou-se meu. O que não queria dizer muita coisa, uma vez que havia sido saciada a sanha de adquiri-lo e agora ele pertencia ao grande limbo virtual chamado de backlog.

Um ano inteiro se passaria até eu lembrar que Split/Second era meu. Estava consumido no frenesi entre jogos, aquele momento em que você terminou ou abandonou um grande título e está tateando em busca de algo que funcione com você. Tenho a vaga lembrança de ter sido mais determinado ou mais pragmático com essas escolhas no passado, mas recentemente minha taxa de atenção despencou. Com literalmente milhares de jogos aguardando a chance de passarem na minhas retinas cada vez mais desgastadas, em determinadas fases eu instalo e desinstalo jogos com velocidade febril e muitas dessas escolhas são fugazes demais para receber um texto no blog ou mesmo um vídeo no canal.

Split/Second instalou e ficou. O tutorial do jogo é pavoroso, com um veículo quase incontrolável e uma configuração de botões hostil para meus dedos. Por pouco, o título não se juntou ao cemitério de jogos descartados em menos de quinze minutos. Porém, insisti. Os gráficos eram impressionantes para um jogo de 13 anos atrás e a sensação de velocidade era satisfatória. Troquei o esquema de botões e me lancei na campanha.

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Split/Second responde a pergunta que ninguém fez em 2010: o que aconteceria se alguém fizesse uma corrida de automóveis nos cenários destrutíveis da franquia Battlefield? Sendo que, na verdade, a Black Rock Studio foi visionária, pois a DICE só começaria a colocar tudo abaixo no ano seguinte, com Battlefield 3. O resultado é uma disputa em alta velocidade extremamente tensa, em que o jogador precisa se preocupar não apenas com os outros corredores ou as curvas fechadas, mas também com bombas na pista, destroços voando, prédios caindo ou até com um helicóptero de combate disparando mísseis.

É um sopro de inovação no gênero que raras vezes foi imitado (talvez a sequência de avalanche, no sofrível Need for Speed: The Run?). Os trajetos se tornam extremamente dinâmicos, com obstáculos repentinos ou até mesmo completas alterações do cenário, em que um prédio inteiro ou um navio ou algo igualmente imenso desaba e cria um novo caminho. É frenético e desafiador sem ser frustrante.

O jogo é dividido em episódios mais ou menos temáticos. A premissa é que estamos participando de um reality show em que a audiência quer ver tudo desmoronando mesmo. Infelizmente os mapas são muito parecidos e a variedade de pistas é um pouco decepcionante. Além disso, você poderá estar no sexto episódio e ainda disputar uma corrida no mapa do primeiro, pela milésima vez.

A carência de níveis da campanha incomoda na metade dos 12 episódios. Porém, não posso afirmar se ela se torna um problema insustentável até o final do jogo por um motivo muito simples: é impossível chegar no final do jogo. O sexto episódio é seu limite. Essa é a ilusão final do jogo.

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Capotando o Corsa

Existe um bug assustador em Split/Second que corrompe seu arquivo de salvamento quando se conclui o campeonato que encerra o sexto episódio. O sistema automático simplesmente zera o arquivo. Todo seu progresso até ali, os carros e episódios desbloqueados, são apagados, obrigando o jogador a recomeçar do zero.

Felizmente, o problema se manifestou apenas dois dias da minha rotina de backup quinzenal. Eu ainda tinha na nuvem uma cópia da pasta de salvamento em Meus Documentos. Restaurei esse backup e o jogo funcionou redondo, perdendo apenas uma fração minúscula do meu progresso.

Como seguro morreu de velho, fui avançando no jogo outra vez e criando novos backups. A corrupção voltou, restaurei, avancei novamente. Meu desempenho até melhorou, modéstia à parte.

Entretanto, essa é uma corrida que não pode ser vencida. Pulei duas corridas opcionais do sexto episódio, que achei que podiam ser responsáveis pela corrupção. Venci o campeonato que é obrigatório para avançar para o sétimo episódio e nada aconteceu. Acreditei ter ganhado. Grande ilusão. Na sessão seguinte, o salvamento automático travou de novo. O sexto campeonato é o limite, dali não se salva mais nada.

Eu tinha duas alternativas à frente: sentar e completar os seis episódios finais seguidos, sem salvar, sem desligar o jogo, em uma maratona de aproximadamente três horas. Ou simplesmente desinstalar. Não há solução disponível na internet. Não há mais Black Rock Studios e a Disney tem outras preocupações pela frente com mais prioridade que um título esquecido de 2010.

Split/Second desmorona na minha frente, deixando um gosto amargo de gasolina misturado com horas divertidas (incluindo uma sessão em tela dividida com meu filho!) e a sensação de potencial desperdiçado.

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Ouvindo: The Primals - Oblivion

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