Era inevitável que, depois de 23 semanas nesse pesadelo cotidiano, eu finalmente me encontre sem ter o que escrever nos parágrafos iniciais. Esse seria o ponto em que eu contaria algo pitoresco da minha semana sem nenhuma relação com jogos ou, muito provavelmente, expusesse minha reação aos efeitos dessa pandemia.
Entretanto não há mais o que dizer que já não tenha sido dito. Para todos os efeitos, do lado de fora dos meus muros, a quarentena acabou. As pessoas continuam passando pela minha janela, algumas de máscara outras que nem se dão ao trabalho. Um festival de cinema está em produção. A família do presidente organiza uma festa. A China recomenda cloroquina. Nada acontece. Feijoada.
Será esse o final da "série"? Não com uma explosão de júbilo mas com um suspiro de enfado?
É isso que é "capotar o Corsa"?
Compromissos e atrasos fizeram com que eu jogasse Far Cry 5 com meu filho menos do que gostaríamos. O que não significa que esses momentos não foram intensos e divertidos. Finalmente, encontrei o equipamento que me satisfaz: um fuzil automático com silenciador e mira telescópica, que é bastante preciso para perto e para média distância e não estraga nossas tomadas de posto furtivas. Estava me sentindo um coadjuvante de quinta categoria em minha própria campanha, mas agora recuperei parte do protagonismo e o jogo ficou equilibrado.
Passamos por aquela missão do maluco que acredita em OVNIs e do pai de família dono de um aeroporto. A Ubisoft segue mantendo as rédeas soltas da narrativa e não sei ainda se curti essa nova abordagem. Em Far Cry 2, as missões secundárias são completamente opcionais, em Far Cry 3 elas são necessárias para evoluir o o personagem e obter equipamento. Aqui, elas são o jogo. De vez em quando, a trama literalmente nos captura, mas a campanha é um punhado de situações inusitadas ou repetitivas se empilhando.
Meu filho recuperou o gosto por Warframe enquanto sua empolgação inicial por Far Cry 5 diminuiu um pouco. No sábado, com o auxílio luxuoso do camarada @jaotavio, conseguimos em menos de uma hora todas as peças para criar a Ember Prime, um feito inédito em centenas de horas de um jogo que costuma exigir muito mais grinding e sorte para desbloquear determinados conteúdos.
Totally Reliable Delivery Service? Ninguém sabe, ninguém viu. Meu filho se esqueceu do jogo e talvez seja melhor assim.
Também foi uma semana de um filme só. A segunda sessão foi adiada para hoje. Na quarta-feira, vi Constantine: City of Demons com meu filho e olha... ficamos impressionados. Uma das melhores, quiçá a melhor adaptação do personagem fora dos quadrinhos. Pesado em vários momentos e com uma conclusão matadora. Constantine é um desgraçado e o longa não foge dessa sina. Como eles conseguem, em animação, atingir um nível de horror que não foi obtido ainda em live action? Não que a série tenha sido pudica, mas essa animação é outro patamar.
Pelo Gamerview, saiu minha análise de Spiritfarer. É um jogo mágico, de uma delicadeza ímpar em um momento tão complexo. Sigo com Windbound em minhas mãos e isso é tudo que posso dizer sobre ele por enquanto.
Em contrapartida, estou avaliando também Postal 4 e Eternal Hope. Joguei 77 minutos do FPS que foram 77 minutos a mais do que gostaria de ter jogado. E joguei somente 22 minutos do simpático jogo de plataforma e puzzle, que foram suficientes para me fazer querer mais. É cedo para tomar uma decisão final sobre qualquer um dos títulos mas Eternal Hope vence Postal 4 por ampla margem no seu impacto inicial.
Aos trancos e barrancos, completei o terceiro capítulo de The Walking Dead: Final Season, satisfeito de ver que o jogo não perdeu o fôlego dos capítulos anteriores, muito pelo contrário. Há uma cena ali de apertar o peito de quem já acompanha a franquia desde o início. Agora é ter tempo e coração para concluir essa jornada com o capítulo derradeiro.
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