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14 de fevereiro de 2018

(não) Jogando: The Amazing Spider-Man

Amazing Spider-Man - 76

Depois de uma desnecessariamente longa fase de introdução e tutorial, o jogo oficial do filme O Espetacular Homem-Aranha te catapulta para uma batalha com o primeiro chefe: um robô colossal que está pouco ligando para suas habilidades de aranha e só pode ser derrotado com a sequência correta de golpes nos lugares certos. Em seus primeiros vinte minutos, os desenvolvedores conseguiram sintetizar com perfeição minha experiência com o título: um jogo que promete liberdade total de tirar o fôlego, mas te comprime em soluções milimetricamente obrigatórias.

Depois do fiasco que foi Jurassic Park The Game, escolhi um jogo para mim que fosse ao mesmo tempo ágil e capaz de cativar meu filho. Sendo o Homem-Aranha um personagem querido por nós, optei por The Amazing Spider-Man, que estava criando teias na minha Biblioteca, por assim dizer. Apesar de ser baseado naquela que considero a pior fase do aracnídeo nos cinemas.

Entretanto, se Andrew Garfield e sua patota não me convenceram nas telonas, no jogo o personagem funciona a contento. Sua agilidade impressionante em seus passeios por uma vasta Manhattan é de longe a melhor parte da aventura. A trama dá continuidade aos eventos apresentados no filme e funciona como um ponto intermediário entre ele e sua continuação, trazendo não apenas novos humanos contaminados pelos mutagênicos da Oscorp como também robôs assassinos criados pela mesma empresa para caçar essas criaturas e o Homem-Aranha. Com um enredo desses, é impressionante que as autoridades não tenham fechado a Oscorp e jogado a chave fora.

Amazing Spider-Man - 47Amazing Spider-Man 08

A história não convence nem um pouco e eu estava ali obviamente para me balançar pela cidade em alta velocidade e subir pelas paredes.

Mas Activision tinha outros planos para o jogo: ao invés de buscar uma identidade própria e investir melhor nas sequências ao ar livre, optou por copiar na cara dura as fórmulas da série Batman Arkham: lutas habilmente coreografadas (com direito a aviso de perigo, aqui mais lógico, mas ainda assim um plágio), finalizações, muita espreita e ataques sorrateiros em ambientes fechados, busca por lugares para se infiltrar e ataques especiais para serem desbloqueados. Meu filho se cansou rapidamente e me deixou sozinho.

A violência tão natural para o Cavaleiro das Trevas aqui soa fora do contexto, com o amigo da vizinhança jogando máquinas de refrigerantes e material explosivo em cima de criminosos comuns que estavam no seu caminho. Há mais ossos quebrados do que eu me lembro das revistas em quadrinhos. À exemplo do seu camarada de Gotham City, o uniforme do Homem-Aranha também se rasga efusivamente para denotar o esforço pelo qual o herói passa, mas enquanto Batman chega a um estado lastimável somente no final de seus jogos, o pobre Peter Parker parece ter passado por um moedor de carne já no primeiro quinto de aventura.

Ao ar livre, há crimes de rua a serem combatidos, fotos para serem tiradas, perseguições de carros e muitas páginas clássicas de quadrinhos para desbloquear. É onde The Amazing Spider-Man fala alto ao coração de um fã, embora a jogabilidade deixe claro que a forma de se movimentar do herói não é para quem tem estômago fraco ou medo de altura.

Amazing Spider-Man - Comics

Colecionando páginas, você libera a íntegra de revistas clássicas do Homem-Aranha!

Mas, lá vamos nós de novo dar continuidade à história e descer ao que parece ser o mais longo, genérico e sujo sistema de esgotos de todos os jogos eletrônicos. A perseguição ao Homem Rato, ou seja lá qual for seu nome, se arrasta por corredores quase idênticos, que não ficam melhores de navegar quando você está de cabeça pra baixo (mas se eu andasse no chão, que graça teria?). Quando você acha que acabou e que ele está em suas mãos, ele foge para a superfície. Quando você acha que finalmente vai poder novamente se aventurar ao ar livre, ele volta aos esgotos e a busca continua. Naturalmente, um vilão desses ganharia uma batalha que privilegia identificar seus padrões de ataque e sincronizar suas respostas, já que improviso não está na cartilha da Activision. Embora a fórmula funcionasse com um certo morcegão, o Homem-Aranha parece travado diante da necessidade de repetir padrões.

"Mas, agora vou poder respirar até o próximo espaço fechado em que vão me trancar", pensei, iludido. De fato, The Amazing Spider-Man me transporta para a superfície, mas para outra batalha com outro chefe que também exige a realização de uma sequência precisa de golpes específicos. Apesar do tédio e da fúria, consegui executá-los... apenas para me ver forçado a repetir a mesma tática contra dois chefes idênticos ao anterior atacando simultaneamente.

Eu poderia me esforçar para superar a situação, mas meu sentido aranha me alertava que seria assim até o final do jogo, um cabo de guerra entre o que eu esperava de um jogo do super-herói e o que a Activision tirou de Batman Arkham ou introduziu por sua própria conta.

Amazing Spider-Man 07

Ouvindo: Beastie Boys - Shazam!

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