Há alguns anos atrás, Stephen Kick tinha um emprego como desenhista de personagens para a Sony Online Entertainment. Um dia, ficou cansado de tudo, largou o emprego e junto com sua esposa Allix Banegas fez uma daquelas viagens que parecem estar na moda desde que o casal tenha bastante dinheiro guardado e nenhum compromisso: eles decidiram viajar de carro da Califórnia até a América Central.
Para preencher o tempo na estrada, Kick tinha um modesto netbook com jogos antigos de PC instalados.
Reza a lenda que era uma noite particularmente chuvosa e os relâmpagos riscavam o céu da Guatemala, como costuma acontecer em momentos de profecia ou diante da ira dos Deuses. A luz elétrica do albergue havia desaparecido. Imperavam as trevas no coração da selva. No quarto do casal, apenas a luz do netbook.
Kick tentava jogar System Shock 2, mas o jogo não funcionava direito.
Ele tentou comprar o jogo no GOG, onde supostamente títulos do passado são atualizados para funcionar em sistemas modernos. O jogo não estava vendendo lá.
Ele pesquisou na Internet para tentar descobrir o motivo. Esbarrou em um artigo explicando o inferno legal em que os direitos autorais do jogo estavam enterrados. Naquela mesma noite, movido à bateria do seu netbook, sob o ribombar dos trovões e com a selva tropical a alguns metros de sua janela, Kick foi atingido pelo destino e começou a disparar e-mails.
Ele iria jogar System Shock 2.
Ele iria comprar os direitos da franquia.
E fundaria a Night Dive Studios junto com sua esposa.
Reiniciando o Sistema
A produtora em um par de anos se especializou em decifrar enigmas jurídicos e trazer de volta franquias e jogos que muitos consideravam impossível de ressurgir ou mesmo que já haviam esquecido. Bad Mojo, Strife, Darklands, Shadow Man, The 7th Guest e diversos outros, fazendo um total de 86 títulos, foram ressuscitados graças aos esforços de Kick e Banegas.
Hoje a empresa tem dez funcionários e está se preparando para seu projeto mais ousado: seu primeiro jogo.
E o escolhido não poderia ser outro senão um remake do primeiro System Shock.
A Night Dive conseguiu contratar Robert Waters, o artista que concebeu a arte original do jogo e está trabalhando em tempo integral para recriar System Shock do zero. O jogo também será o primeiro projeto da empresa a ser adaptado para os consoles.
Os resultados da iniciativa são impressionantes:
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Mas os planos da Night Dive não param por aí. No momento, ela está em negociações com uma produtora maior para conseguir os recursos, o tempo e o foco necessário para produzir System Shock 3.
A continuação dos eventos finais de System Shock 2 é algo que os fãs aguardam há muito tempo e já foi insinuado em diferentes ocasiões no passado. Se os céus da Guatemala são algum indicativo, desta vez SHODAN pode mesmo estar voltando.
Essas iniciativas que buscam reviver os jogos do passado são extremamente válidas e me tocam profundamente. Recentemente tive a grata surpresa de saber que uma empresa francesa chamada DotEmu trouxe para o Android o excelente "Sanitarium" , entre outros jogos antigos.Seja pelo meio ou na época que for, os jogos antigos não podem ser esquecidos e devem ser sempre celebrados e se possível, revividos.
ResponderExcluirUma palavra: woohoo!
ResponderExcluirExistem duas coisas que, para mim, tiram a “graça” de um jogo: Respawning enemies e a (quase) obrigação de se jogar stealth.
ResponderExcluirEsses dois fatores acabam me frustrando ate o ponto de abandonar o jogo.
Infelizmente System Shock 2 tem os dois fatores.
Para mim, os inimigos podem (e devem) ser difíceis de matar, mas depois que matou, acabou. Esse negócio de ficar matando os mesmos inimigos infinitamente a cada vez que você passa pelo mesmo lugar ou entra na mesma sala, não é comigo.
System Shock 2 foi um dos primeiros jogos que comprei na Steam e desistir de jogá-lo foi particularmente frustrante para mim pois sou um fã apaixonado pela franquia Bioshock e todos falam que System Shock é o avô do Bioshock. Inclusive comprei SS2 justamente por isso mas... Não teve jeito, foi muito “morre e tenta de novo” para a minha paciência que já tem um limite de retries bem curto. Ainda mais se o jogo não conseguir me “fisgar” logo no inicio.
Quem sabe nesse remake a dosagem da dificuldade seja mais moderada e, melhor ainda, quem sabe eles acabem com o respawning enemies.
Me encaixo no mesmo caso do Luiz Antonio. Espero que corrijam esse problema do respawn de inimigos, pois não conheço a franquia e tb sou muito fã de Bioshock. Um tapa no visual com elementos do original inalterados é um convite mais que irresistível pra conhecer uma franquia clássica.
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