Na festa da creche que iria contar a história do Leão e os demais animais protestando contra a construção de uma estrada, meu filho insistiu para pegar o papel de galo. No dia da apresentação, ele recitou seu texto direitinho, falando que ele é "quem anuncia a chegada do Sol" e soltando um ruidoso cocoricó. Ninguém mais sabia o motivo de ele ter se dedicado tanto ao papel, exceto eu e a Sega. Naquele momento, o pequeno jogador estava fazendo seu primeiro cosplay. De Billy Hatcher, o Menino-Galo.
Billy Hatcher and the Giant Egg foi lançado para Gamecube em 2003 e, por razões que a própria razão desconhece, teve uma versão para PC produzida. Até onde eu sei, o Gamersgate é a única loja de distribuição digital vendendo o título, ainda que o catálogo da SEGA esteja presente na maioria delas. É o tipo de título que pode passar facilmente despercebido para o caçador de jogos de computador. O que é uma pena, porque é uma preciosidade.
O jogo narra as aventuras de um menino de bom coração que é convocado para a Morning Land, uma terra mágica habitada por galinhas(?), para repelir uma invasão de corvos(?) sinistros que pretendem roubar o Ovo Gigante(?!). Como Billy é apenas um menino, ele recebe uma roupa especial de galo que lhe dá o incrível poder de ... rolar ovos!
Se a história é deliciosamente bizarra, sua jogabilidade é firme e consegue combinar ao mesmo tempo plataforma, combate com ovos, criação de pets, coleção de chapéus com poderes específicos e os chefões mais bizarros já vistos por um menino de seis anos. Billy Hatcher and the Giant Egg se tornou uma obsessão por boa parte de 2012/2013, consumindo uma quantidade absurda de horas divertidas e proporcionando um entrosamento pai/filho nunca visto antes.
Dada a pouca idade do garoto, por enquanto dividimos o teclado e as funções. No caso de Billy Hatcher, fiquei encarregado de movimentar o personagem pela tela, uma vez que jogos com visão em terceira pessoa ainda não eram do domínio do meu filho (o que já está mudando, o tempo voa!). Para o jovem aprendiz, sobrou todo o resto: pular, arremessar os ovos, chocá-los, ativar o poder dos pets, acelerar... Bastava eu me aproximar de uma plataforma, para meu parceiro executar os pulos, como se fossemos um único jogador. Alguns saltos especiais eu tinha que realizar, outros apenas ele dominava a técnica. Mas, como um time afiado, nos concentramos nos desafios, que não foram poucos. Meses se passaram para vencer determinados níveis. Provavelmente, levamos mais de um ano entre a primeira sessão e o momento de absoluto triunfo em que finalmente vimos a cutscene final e os créditos.
Apesar da dificuldade galopante, Billy Hatcher e the Giant Egg cativa com sua simpatia e o aspecto de colecionar. A trilha musical e os efeitos sonoros são graciosos e a última cena traz um magnífico arranjo vocal para a música tema. Não apenas o pequeno Billy esbanja carisma, como do meio do jogo pra frente, destravam missões exclusivas para seus três amigos, cada qual com sua "roupa de galo".
Para quem curte colecionar objetos, esta funcionalidade está firmemente integrada à jogabilidade: são muitos ovos diferentes que você encontra pelo caminho e eles podem revelar um novo tipo de pet ou um novo tipo de chapéu, alguns deles essenciais para se completar o desafio. Até personagens do Sonic (incluindo o próprio porco-espinho azul) aparecem como ovos especiais. Terminamos o jogo sem encontrar todos, infelizmente, e sem completar todas as missões extras. Mas com a sensação de uma jornada épica e de dever cumprido.
Naquele momento em que meu filho cacarejou na frente de todos na creche, eu sabia exatamente de onde ele tinha tirado aquele som. Obrigado pela força, Billy!
2 comentários:
Que bacana :)
Eu era um desses que nem sabia que esse game existia, e olha que me aventurei um pouco na praia do Gamecube.
Opa! Que bela pedra preciosa você encontrou, hein? Achou ele depois de jogar Sonic & Sega All-Stars Racing? Eu diria que correr com ele nunca ficou tão divertido como agora!
Postar um comentário