Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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21 de outubro de 2012

Jogando: Botanicula

O maldito amendoim de capacete...

O feriadão foi mais longo do que o esperado. Com febre na noite anterior, meu filho ficou em casa já na quinta-feira. E na segunda-feira, era Dia do Profissional de Creche. Foi uma mini-férias de cinco dias entre quatro paredes. Graças a Botanicula, o feriadão foi mais curto do que o esperado.

A princípio tive sérias dúvidas se o mais recente título da Amanita conseguiria se enraizar no coração de um garoto de cinco anos. A desenvolvedora é famosa por produzir jogos pra lá de esquisitos esteticamente e o gênero adventure seria uma total novidade para o garoto, alimentado com fartas doses de plataformas. Nos primeiros minutos de Botanicula, eu perguntava a todo momento: "está gostando?" "achou legal o jogo?". A resposta sempre era sim e desta forma não vimos nem o sábado nem o domingo passarem até a cena final aparecer.

Botanicula-02

A Amanita é o Tim Burton dos jogos eletrônicos, com uma visão bem autoral e bizarra do universo, mas sem o Johnny Depp, e com um pendor para o lúdico. Por outro lado, e isto pode ser visto como um ponto negativo por alguns, seus jogos não são difíceis, apresentando uma jogabilidade tranquila só usando o mouse e puzzles que até um fracassado em adventures como eu consegue dar conta. A Amanita está mais preocupada em apresentar um mundo mágico e exótico do que em desafiar o jogador. Em outras palavras, um ótimo ponto de entrada para um pai e seu filho.

Em Botanicula, usando um enredo que não tem falas ou texto de qualquer espécie, conta a saga de um grupo de criaturinhas que moram em uma árvore e precisam alcançar o solo para plantar uma semente e vencer uma invasão de sinistras aranhas negras que estão sugando toda a vida do lugar. É um conto de fadas moderno repleto de encontros inusitados. Quase tudo nos cenários pode ser clicado e cada clique revela um efeito surpreendente ou um novo tipo de habitante da mesma árvore. É possível coletar "cartas" dos seres encontrados, mas isso não é importante para o desenvolvimento da história, funcionando mais como um diário de viagem. A fauna que habita a grande árvore de Botanicula é mesmo o grande charme da aventura.

Botanicula-03 Botanicula-04

Em alguns momentos, é preciso escolher qual dos personagens controlados pelo jogador irá interagir com um determinado enigma. Os resultados costumam ser hilários, dependendo do personagem selecionado. Senti falta de mais oportunidades explorando essas diferenças entre as criaturinhas, mas é minha única reclamação em uma experiência quase onírica. Isso e o amendoim de capacete que não aceita perder na corrida de besouros...

A atenção nos detalhes está presente até mesmo nas Conquistas do Steam. Com nomes como Dzin, Hrouda e Krotitel e sem descrição alguma na maioria das vezes, elas não aparecem durante o jogo, não quebram a imersão e você nem mesmo sabe por que conseguiu elas! Em contrapartida, tenho uma lista imensa delas bloqueadas que jamais saberei como conseguir. Não que isso importe.

Próximo destino: Machinarium.

Pontos positivos de Botanicula: paisagens mágicas, jogabilidade simples, visual esplendoroso. Pontos negativos de Botanicula: curta duração, dificuldade quase nula, o maldito amendoim de capacete da corrida de besouros. Nota final: 8,0.

Ouvindo: Command & Conquer - To Be Feared

Um comentário:

César disse...

Ótima resenha!

Gostaria de adicionar também que a trilha sonora do jogo é única e muito encantadora! Virei APENAS fãzaço tiete do grupo. DVA o nome dos caras. Até fui no site deles comprar os outros CDs deles (http://dva2.bandcamp.com/ jabá)

A dificuldade realmente quase não existe, considerando que o mouse se destaca quando é passado por cima de algum objeto interagível. Não acho que seja um defeito, pois serve para introduzir uma galera para esse estilo de jogo que é a cara dos anos 90 e alimentou tantas infâncias. Mas isso é só meu ponto de vista, claro.

Sempre que posso eu empurro o Botanicula e a trilha para meus amigos, bem evangélico mesmo. Já passei horas jogando ele com uma amiga e é muito legal ver as diferentes reações a um jogo tão icônico. Para mim ele foi muito mais marcante que Machinarium (podem me apedrejar).

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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