Retina Desgastada
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19 de outubro de 2008

Jogando: Gothic 3

Gothic 3 - Caixa A expectativa não podia ser maior.

Este é o terceiro jogo de uma série cujos dois primeiros capítulos entraram para minha lista de favoritos.

Ele já estava no meu acervo, aguardando a máquina certa para poder rodar sem problemas.

Era para ter sido o primeiro jogo instalado no novo computador, mas foi substituído na última hora por Indigo Prophecy.

Este é último jogo criado pela Piranha Bytes. Nunca mais haverá outro Gothic desenvolvido pela equipe original.

Em três palavras: valeu a espera.

Território Inimigo

Em Gothic 3, o Herói Sem Nome finalmente chega ao continente de Myrtana, após duas aventuras ambientadas na ilha de Khorinis. O que ele encontra é um Reino derrotado.  Ao contrário de outros jogos de fantasia, neste a guerra contra os Orcs foi perdida. O exército vencedor ocupa as principais cidades e escraviza a raça humana. Cabe ao jogador decidir de qual lado irá ficar e desvendar o mistério do desaparecimento de Xardas, o necromante que tão habilmente manipulou o personagem principal para propósitos ocultos. Estará Xardas por trás da vitória dos inimigos da humanidade? E do que os Orcs estão fugindo para invadir o reino dos homens?

Logo no primeiro minuto, o Herói Sem Nome e seus aliados já entram em batalha contra uma divisão de Orcs que atacou uma aldeia costeira. Sem tutoriais ou explicações, o jogador entra de de imediato na tônica deste terceiro capítulo. Gothic 3 é guerra! Após um curto período para me adaptar aos novos controles de combate (e ao fato que, mais uma vez, perdi meus poderes e equipamento entre um Gothic e outro), sangue Orc já estava rolando na tela.

Passado o sufoco de matar-ou-morrer, finalmente eu posso contemplar a grandiosidade da engine gráfica do novo jogo. A série sempre foi capaz de colocar meus computadores de joelhos para renderizar seus magníficos cenários. Mas, desta vez, a Piranha Bytes se superou. O que surge diante de meus olhos é a mais espetacular captura de um mundo mágico, até o menor detalhe:

Gothic 3

Gothic 3

Gothic 3

Como nos jogos anteriores, todo o território está disponível para o jogador desde o começo. Não há mais novas telas de "carregando". Um continente inteiro para atravessar ininterruptamente. Como nos jogos anteriores, entretanto, algumas áreas são perigosas demais para entrar antes do tempo. Decido seguir o rumo natural das coisas e deixo a história me levar em direção à rebelião organizada contra os invasores.

E durante uma semana inteira fui sugado para dentro de Myrtana. Não houve um único dia em que eu não tirasse pelo menos meia-hora do meu cotidiano atarefado para explorar as florestas, cavernas, praias e aldeias deste jogo.

O Rei Está Morto!

Orc

É difícil ser imparcial com uma experiência tão imersiva e com todo o histórico que a série e eu temos. Mas é preciso dizer que Gothic 3 tem falhas e é claramente inferior.

Se os dois primeiros jogos da série foram um relativo sucesso na Europa, eles passaram em branco nos Estados Unidos. O clima pesado e os controles complicados foram apontados como principais causas da dificuldade em penetrar no mercado americano. Para abocanhar uma fatia maior do bolo, a Piranha Bytes foi pressionada pela distribuidora a dar uma mexida nos conceitos.

O clima pesado foi ligeiramente amenizado. O próprio visual dos Orcs ficou um pouco cartunesco. As criaturas selvagens tornaram-se menos ameaçadoras e a recomendação do primeiro jogo de "não saia na floresta à noite" perde seu sentido aqui. Se nos jogos anteriores o jogador começava lutando para não ser morto por qualquer desafio, em Gothic 3 ele já está pronto para derrubar Orcs e lobos desde o início.

Os comandos de Gothic e Gothic 2 eram uma pedra no sapato porque eram diferentes. Para executar um golpe de espada era preciso mover o mouse e apertar a tecla equivalente à direção do ataque ao mesmo tempo. Difícil de aprender. Mas ficava mais fácil de dominar a cada ponto de aprendizado investido. Ao final dos jogos, o movimento era tão natural quanto... um golpe de espada autêntico (eu imagino). Em Gothic 3, tudo se resume a apertar o botão do mouse. Em outras palavras, o terceiro jogo se afasta da tradição de seus antecessores e se aproxima da simplicidade de Diablo.

Se estas pequenas mudanças fazem os fãs de longa data torcerem o nariz, será que, pelo menos, Gothic 3 conseguiu conquistar novos adeptos? Infelizmente, a resposta é não.

Uma estratégia equivocada da distribuidora permitiu que o jogo fosse lançado nas prateleiras inacabado, com uma quantidade impraticável de bugs e consumindo mais recursos que os computadores da época poderiam oferecer. Sites especializados desaconselhavam o jogo e o novo público não apareceu. Uma briga contratual entre os desenvolvedores e a distribuidora atrasou o lançamento de patches e culminou na ruptura nada amigável entre as empresas.

Longa Vida ao Rei!

Passada a tempestade, como funciona Gothic 3 agora, dois anos após o seu lançamento? Descontados os Orcs de desenho animado e o combate descaracterizado, eu diria que funciona muito bem, obrigado!

Com o lançamento do community patch 1.6, 99% dos bugs do jogo foram corrigidos. Criado pela comunidade de fãs, a partir da última correção oficial e com o apoio da desenvolvedora Spellbound, a atualização remove até o DRM do jogo! É possível executar Gothic 3 sem o DVD no drive e com o aval da própria distribuidora.

É irônico que, se minha máquina anterior tivesse conseguido rodá-lo, eu teria ficado extremamente frustrado com as falhas do jogo e irritado com a performance baixa. Agora, passados dois anos, com um computador turbinado e com os erros consertados, Gothic 3 promete uma longa e agradável jornada no papel do Herói Sem Nome.

Em quatro palavras: valeu MUITO a espera.

Ouvindo: The Sisters Of Mercy - We Are The Same, Susanne

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