Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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16 de agosto de 2020

Quarentena - Semana 22

The Walking Dead

Com mais de duzentos milhões de habitantes e 107 mil mortes por Covid-19, o Brasil tem a sensação de que nada está acontecendo. É a conclusão que me atingiu com um estalo: é uma morte para cada 2 mil habitantes, em uma matemática arredondada. Então, é extremamente provável que a maioria da pessoas não conhece um único caso fatal da pandemia. Enquanto algumas pessoas conhecem dois, três, mais casos letais, a vasta maioria só ouve falar das mortes em números frios, quando ouve. Quando esses números não são contestados por birutices, quando a mídia não é desacreditada, vale dizer.

Minha esposa me perguntou se iremos sair dessa. Não tenho a menor dúvida de que iremos. A pergunta é o que iremos encontrar lá fora quando sairmos. Ela acredita em uma crise, em fechamento de negócios, serviços. Eu cheguei à conclusão de que a crise não será maior do que o que já estava surgindo antes mesmo da pandemia. Porque as pessoas já voltaram à "normalidade". Há bares lotados, shoppings lotados, empresas lotadas, praias lotadas, academias lotadas. A economia sofrerá um ligeiro solavanco. Seremos o mesmo Brasil de antes, mas com uma pilha colossal de cadáveres sob o tapete, se juntando a outras tragédias igualmente institucionalizadas no inconsciente coletivo e que igualmente poderiam ter sido controladas, mas faltou vontade, como violência urbana, doença de chagas, desnutrição, avanço da AIDS, câncer.

Quem pode, se esconde. E aguarda a vacina. Lá fora, os mortos andam.

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Depois de uma longa espera, meu filho e eu nos juntamos a Far Cry 5. O jogo permite que joguemos juntos "toda" a campanha. Entretanto, eu tive que atravessar a impressionante abertura sozinho e libertar minha primeira região sem ajuda até o título habilitar o modo online. É um detalhe que não te contam de imediato e gerou uma sessão de frustração no meu filho. No dia seguinte, outra surpresa: ele não poderia se juntar a mim sem passar pelo mesmo processo. Dois dias perdidos que poderiam ser sido aproveitados juntos.

Quando a mágica finalmente aconteceu, meu filho experimentou o que ele define como um dos melhores jogos de todos os tempos. Ele está em êxtase, explodindo de empolgação. Para mim, é uma experiência quase nova: atravessar um título inteiro, com uma história relativamente importante, em dupla. De alguma forma, minha interação com o universo de Far Cry 5 será afetada por essa dinâmica. Estou explorando menos do que gostaria, lendo menos textos do que usualmente faço. Em contrapartida, a Ubisoft soltou aqui um mundo aberto bastante frouxo e não há um direcionamento muito claro para seu enredo. Em seu quinto episódio, a franquia assume de vez seu aspecto "parquinho de diversões", justo no título que mais impacto cultural poderia causar.

A jogabilidade também será diferente daqui pra frente. O garoto insiste em assumir a direção de todos os veículos e tomar "atalhos". Nunca usamos o recurso de viagem rápida. Ele também se revelou um matador preciso e impiedoso com seu arco composto. Na última batalha, eu praticamente fiquei assistindo. Sou o coadjuvante aqui, não o protagonista.

Vi Corações de Ferro com meu filho. É uma interessante película de guerra, do ponto de vista da tripulação de um tanque americano. Tem os clichês de sempre, é um sub-Soldado Ryan, mas entrega um bom drama. É mais um daqueles filmes que questiona a moralidade da guerra, mas termina em um épico banho de sangue e sacrifício. Já no começo, você sabe quem vai morrer e quem vai sobreviver no final.

indiana-jones

Também vimos Indiana Jones e eu apontei pro rapaz: não existiria nem Uncharted, nem Tomb Raider, nem nada desses filmes de aventura sem Indiana Jones. E é a mais pura verdade. A impressionante cena da perseguição do caminhão foi copiada e mixada por Uncharted diversas vezes. O ritmo do filme não é o dos filmes de hoje, claro. As lutas de socos parecem datadas. Efeitos especiais idem. Mas a atmosfera segue mágica. Foi TOP ver o guri se surpreendendo com a cena do cara com a espada. Eu tinha esquecido que o filme tem um viés cômico muito forte. É despretensioso (mas com momentos violentos). Seus sucessores espirituais buscaram uma seriedade maior.

Vi Scooby! O Filme com meu filho. É a menos interessante encarnação do personagem da última década, a ponto de eu cochilar no meio, o que eu não fazia desde aquele Tomb Raider novo. Esteticamente e em termos de linguagem ele tenta modernizar Scooby e sua turma. Isso mais a mistura com outros personagens o torna quase um Scooby no Hannabarberaverso. Mas a trama é medíocre demais, pra crianças bem pequenas. Daí temos um choque entre um visual "sério" e moderno, piadas que só pais entendem e um enredo raso muito aquém do que inclusive já foi feito em termos de Scooby-Doo desde sua criação. Mas o guri curtiu, então valeu.

Essa semana foi marcada por uma "puxada de orelha". Publiquei no Twitter uma frase e uma tela de jogo que estava protegido por embargo. Em minha defesa, posso dizer que eu não sabia que havia embargo. Entretanto, foi um erro que cometi e uma lição que aprendi: se não há textualmente uma informação de embargo, assuma que há embargo sempre.

Em razão disso, irei reduzir significativamente meus comentários sobre títulos que estão em análise pelo Gamerview. Nessa semana, entreguei os reviews de Rock of Ages 3: Make & Break e Bite the Bullet. Em minhas mãos estão Spiritfarer e Windbound e isso é tudo que ouso dizer sobre eles.

Marvel's Avengers está vindo e será minha responsabilidade analisa-lo. O grande hype que eu tinha, motivado pela fascinação de décadas de histórias em quadrinhos, foi arrefecido pela posição de pessoas que eu conheço e cuja opinião respeito, incluindo uma prévia rabugenta do camarada Renato Moura Jr.

Por me dedicar a múltiplos jogos, The Walking Dead - Final Season ficou na reserva. Apesar disso, consegui iniciar o famigerado terceiro capítulo, o primeiro desenvolvido em meio à crise da Telltale. Fico feliz em afirmar que a qualidade não caiu. Estou ansioso para ver que caminhos Clementine e AJ irão seguir.

Far Cry 5 tirou a empolgação do garoto em relação a Warframe e a minha já vinha diminuindo. A hora da despedida está vindo (assim como a tarefa quase inglória de condensar centenas de horas em uma análise). Ainda assim, minha meta é testar todas as jornadas que o jogo oferece. A antepenúltima disponível para mim, "Hino de Octavia", se revelou uma divertida exploração aos limites da música e da ficção científica. Já estou com saudades do jogo.

Warframe

Ouvindo: Ministry - Bang a Gong

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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