Retina Desgastada
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12 de junho de 2020

(não) Jogando: Borderlands 2

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Parece uma maldição. Depois de anos, agora entendo que o primeiro Borderlands poderia ter sido uma experiência muito melhor se jogado na companhia de amigos e nunca foi projetado para ser uma jornada solitária. Após tantos MMOs e títulos multiplayer, agora vejo o apelo de cruzar um território com alguém para proteger sua retaguarda, dizimar os inimigos e não olhar para trás.

Entretanto, também percebo o quão medíocre talvez seja toda a franquia Borderlands, um festival hiperativo de personagens caricatos, armas absurdas e a constante busca por adrenalina camuflando o miolo repetitivo.

Meu filho percebeu mais rápido do que eu. Eu estava disposto a dar uma nova chance à série, desta vez com Borderlands 2 e desta vez ao lado dele. Por 21 horas marcadas, meu comando Axton e o assassino Zer0 dele exterminamos centenas de oponentes nas paisagens exóticas de Pandora sem parar para pensar no que estava acontecendo. Até surgir Warframe no caminho e nos mostrar como é possível fazer muito mais com premissas similares.

Se há uma história em andamento, não percebi. Sem uma dublagem, com legendas passando na velocidade da luz e um garoto avançando para o perigo sem se preocupar com nada, não havia tempo para pensar. Entendi que Handsome Jack é um filha da mãe que nos quer mortos e a melhor resposta é matá-lo primeiro. Os heróis do primeiro jogo tem participações luxuosas nessa continuação, mas não fez diferença nem pra mim, nem pro garoto. Embora o destino de Mordecai tenha me abalado um pouco, já que foi meu personagem anteriormente.

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Em contrapartida, Borderlands 2 oferece outros NPCs fantásticos e há um evidente esforço da infame Gearbox Software em construir uma atmosfera biruta das ideias, até mais do que havia no primeiro jogo. Esse é um mundo que eu gostaria de explorar com mais calma, não lutando pela minha vida o tempo todo. Um RPG em Pandora não seria má ideia.

Se atravessei o enredo como um tiro de sniper, o que restou para acompanhar em Borderlands 2? O loot, é claro. Desta vez, a franquia introduz um novo sistema de dano que oferece vantagens e desvantagens de acordo com o tipo de arma e o tipo de inimigo. Cada luta é uma tática combinação de diferentes equipamentos para derrubar diferentes oponentes, na teoria. Na hora da onça beber água, você joga ate a pia da cozinha e torce pelo melhor.

Como convém a um título focado no loot, a evolução acontece a conta-gotas, o que nos obrigava a passar mais tempo abrindo containers e explorando cada cantinho do mapa do que exatamente em tiroteios. É uma afirmação drástica, considerando o volume impressionante de momentos em que o couro come.

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No frigir dos ovos, Borderlands 2 não é um jogo ruim, principalmente bem acompanhado. A necessidade de fazer grind para conseguir o nível adequado para as missões finais foi minando nossa disposição. A repetição acabou se tornando cansativa depois de duas dezenas de horas. A inevitável comparação com Warframe, um jogo muito similar em alguns sentidos, mas mecanicamente anos-luz à frente, só prejudicou nossa saga em Pandora.

No frigir dos ovos, Borderlands 2 também não é um jogo bom. É uma diversão despretensiosa que tenta ser uma montanha-russa, mas que carece de ritmo e apelo depois que você enxerga suas engrenagens girando. O próximo loot continua sendo a cenoura na frente do jogador.

Meu filho percebeu mais rápido do que eu. Depois de semanas intocado, Borderlands 2 será removido dos PCs a pedido dele, para abrir caminho para jornadas inéditas. Mesmo faltando pouco para colocar uma bala na cabeça de Handsome Jack e seus planos, eu descubro que não me importo mais.

Que venha Borderlands 3 um dia. A terceira é a que conta.

Ouvindo: Sepultura - Trauma of War

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