Retina Desgastada
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16 de novembro de 2019

Jogando: Final Exam

Final Exam 07

Voltar ao colégio em que você estudou para rever a turma nem sempre é uma experiência dos sonhos. Para ser sincero, na maioria dos casos é a oportunidade perfeita para um climão. Principalmente, quando uma estranha doença se alastrou por toda cidade e seus antigos amigos, colegas e literalmente qualquer estranho na rua foram transformados em monstros bizarros de pele verde. É hora de distribuir bordoadas, travar o dedo no gatilho e lançar granadas pra todo lado.

A premissa absurda de Final Exam mostra de cara que o jogo não se leva a sério e é apenas um pretexto para uma pancadaria frenética de tela dividida. O que já era estranho fica ainda mais sem sentido quando se descobre que o título é um derivado ambientado no mesmo universo da franquia de survival horror ObsCure (que, fazendo jus ao nome, é pouco conhecida). É como se a introspectiva série Silent Hill tivesse um spin-off que fosse um beat'em up. Ou como se Resident Evil tivesse títulos derivados de ação pura e pouca qualidade... quem poderia imaginar?

Sem conhecer pessoalmente ObsCure, foi fácil entrar na galhofa descerebrada de Final Exam. Quatro clichês colegiais ambulantes precisam salvar o mundo de uma horda de monstros. Topamos o desafio: meu filho jogou como a Garota Descolada das armas de fogo e eu encarnei o Zagueiro de Rugby bom de combate com armas brancas.

O resultado foi uma aventura em que não tínhamos um momento de paz, com criaturas bizarras aparecendo a todo momento. Há certamente formas melhores de se jogar Final Exam, mas tanto eu quanto o guri éramos adeptos do esmagamento de botões e mal tocávamos nos combos. Quando muito, eu mantinha meus inimigos no ar, alternando botão de pulo e clique de pancada. Pouco criativo, mas ainda divertido. Hordas ocasionais testavam nossos limites e nossas granadas e os poderes especiais dos personagens pouco impacto tinham na luta pela vida.

Final Exam 01

Há uma história por trás de tudo, não que faça muito sentido ou mesmo seja relevante. Os personagens que cruzam nosso caminho são tão ou mais caricatos que nós mesmos e a trama acaba misturando magia e ciência no mesmo pacote de uma forma desconexa. Valeu apenas para contextualizar o epílogo, uma gratificante catarse contra um certo NPC que merecia a surra que levou. Ainda assim, se existia uma cura para a praga, o que aconteceu com todas as centenas de pessoas que meu filho e eu matamos com requintes de brutalidade? Bem, não regreto nada.

Há momentos em que a jogabilidade se alterna e precisamos resolver puzzles simples (levar o objeto X até a posição Y), ou enfrentar inimigos como se estivéssemos em uma versão de Space Invaders ou um jogo de navinha. O arroz com feijão diverte, com mapas grandes e caprichados, mas os desenvolvedores foram marotos e repetiram mapas nos dois últimos capítulos.

Final Exam 11Final Exam 15

Não tenho vergonha de afirmar que vencemos o jogo no nível Fácil (aqui chamado de Easy-Peasy). Ainda assim, o chefe final foi daqueles que você apenas deseja que acabe logo e comemora quando ele tomba. Desbloqueamos praticamente nenhuma arma nova, não coletamos colecionáveis, não compramos todas as perícias disponíveis simplesmente porque nem chegaram a ser liberadas. Não jogamos Final Exam, atravessamos Final Exam com fúria e descompromisso (e dedos doloridos, no meu caso).

Com seu próprio computador agora, o guri tinha pressa de encerrar o último título de tela compartilhada que a gente tinha começado. Não que ele não pretenda retornar a esse tipo de modo cooperativo, mas a meta agora é explorar novas possibilidades. Missão dada é missão cumprida e Final Exam agora é passado. Como eu imaginava, não foi mesmo uma experiência dos sonhos.

Ouvindo: Voodoo Glow Skulls - Intro

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