Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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13 de outubro de 2019

Espalhando Cores

"Vício em ultraje" foi uma expressão que li essa semana, uma semana como outras tantas em que uma empresa gigante do mundo dos jogos eletrônicos tomou uma decisão questionável, em que deputados estaduais foram "fiscalizar" uma instituição de ensino exemplar, em que sumiram provas de um crime bárbaro, em que uma ministra fez declarações estapafúrdias, em que uma personalidade da internet humilhou uma pessoa de classe social mais baixa... é difícil não viver o ultraje, acreditar que tudo está normal e colocar uma cara feliz.

Entretanto, é necessário também espalhar as boas novas, colocar o holofote em atitudes positivas, mostrar que, em um mar de mediocridade e retrocesso, ainda existem aqueles que lutam por um mundo melhor, mais inclusivo, mais alegre e, por que não dizer, mais colorido.

Pride Run 01

Percebo que fugi da isca fácil de um certo jogo que colocava um certo candidato à presidência do Brasil lutando contra aqueles que ele e seus eleitores acreditam estar atrapalhando o país. Provavelmente, você já sabe do que estou falando: a mera existência desse título no Steam foi manchete de sites e blogs especializados no ano passado. Se não sabe, não perca seu tempo procurando. Inconscientemente ou não, decidi não comentar sobre ele por aqui. Olhando em retrospecto, acredito ter feito o certo e temo que tanto destaque na mídia tenha oferecido ao jogo a última coisa que ele precisava: atenção, o gás necessário para que sua semente de ódio chegasse em ouvidos férteis.

Por que não fazer o contrário? Pride Run chegou ao Steam sem um décimo do espaço de seu antípoda. O jogo de ritmo e cores coloca o jogador no controle de uma Parada do Orgulho LGBTQ+, abrindo seu caminho pelas ruas espalhando musica, alegria e trazendo uma mensagem que está bem longe do ódio ou da desintegração da família temida por tantos. Quanto mais alegre a parada, quanto mais contagiante, mais pessoas irão aderir e maior será o desfile.

Mais do que um jogo divertido ou emblemático, Pride Run também é um jogo beneficente: 10% do seu faturamento será revertido para a The Kaleidoscope Trust, uma entidade internacional que luta pelos direitos humanos de pessoas LGBTQ+ em países onde a discriminação é mais forte.

Pride Run 02

Existem inimigos a serem derrotados em Pride Run? Sim, lamentavelmente, existem. Assim como na vida real, pessoas e organizações se opõem à Parada ou aqueles que ela representa. Entretanto, se mantendo fiel à proposta do jogo, esses não são inimigos a serem derrotados na base da violência, mas com a energia da dança e as cores do orgulho.

Se esse tal de "vício em ultraje" é uma compulsão verdadeira, não consigo conceber melhor cura do que ampliar nossos esforços no sentido oposto, não largar a mão de ninguém e ajudar a mostrar que não estamos sozinhos, não estamos derrotados e jogos existem também como ferramenta de mudança.

Ouvindo: Rosetta Stone - Sense of Purpose

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