Retina Desgastada
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7 de maio de 2019

Eu Vi: Tomb Raider - A Origem

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Em Tomb Raider, o jogo, Lara Croft é reinventada para uma nova geração de jogadores. Nós testemunhamos a transformação de uma jovem arqueóloga em uma eficiente, mas relutante, máquina de matar, nós acompanhamos sua trajetória de sofrimento com um sadismo quase obsceno, de forma que a violência que ela libera é sensualmente catártica.

tomb-raider-posterEm Tomb Raider, o filme, Lara Croft é reinventada para uma nova geração de espectadores. Nós testemunhamos a espantosa transformação de uma entregadora de Uber Eats em uma mediana, mas arrojada e confiante, máquina de matar, pasteurizada de todo o drama, de toda a mítica, de toda a violência que existiam nos jogos, por uma direção preguiçosa, interpretações risíveis e um roteiro que não aproveita ideias de décadas de franquia mas rouba explicações do rival Uncharted.

Sem dor, sem valor, parece nos dizer o jogo. Entretanto, o calvário da atriz Alicia Vikander nos cinemas é breve e demora muito para começar. Não há lobos, não há sangue, não há desespero, não há ameaças polêmicas de estupro nessas férias frustradas de verão. Até mesmo o ferimento quase fatal no estômago pouco atrapalha sua luta e é rapidamente resolvido, não em um ato de brutal bravura com pólvora na própria carne, mas pelas mãos cuidadosas de um pai carinhoso.

Há muito pouco, para não dizer que não há nada, dos saltos audazes praticados pela heroína. Das fantásticas ruínas de Yamatai, temos apenas uma, mas a câmera não se detém nela, ansiosa para dar continuidade a uma história que demorou demais para chegar aonde devia. Confesso que cochilei em determinado momento, para ser sacudido pelo meu filho. que não queria passar por aquilo sozinho.

Um dos pilares de filmes de exploradores e/ou dos jogos com o mesmo tema são os puzzles para serem resolvidos. A norma dita que o protagonista os resolva junto com a plateia ou, no caso dos jogos, que a plateia os resolva. Tomb Raider menospreza a inteligência do seu público e coloca Lara Croft para decifrar os enigmas sem nos dizer como.

Ao examinar um mapa com símbolos, a entregadora aventureira é informada que os símbolos representam ponteiros de relógio. É o que basta para ela saber aonde ir no segundo seguinte. "Vejam como ela é inteligente e aceitem" é a mensagem do diretor, que também coloca Lara para abrir uma porta ancestral que ninguém conseguia decifrar. Ela mexe aqui, mexe ali e pronto.

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"Três voltas para a direita devem resolver..."

Se há poucas tumbas, pouca ação, pouca Lara Croft, o que sobra? Migalhas referenciais que parecem preencher uma lista no Powerpoint dos produtores: figurino (✓), trança nos cabelos (✓), avião na cachoeira (✓), pistolas duplas ("quase esquecemos, mas estão lá!" ✓).  Como adaptação, Tomb Raider segue a cartilha do mínimo esforço. Como filme de aventura, tampouco vale a tarde perdida, há opções melhores no mercado.

Ouvindo: Wumpscut - Slave to Evil

Um comentário:

Anônimo disse...

Falou tudo que penso desse filme mas pra alguns foi um bom só por causa fan service porco das roupas e aparência igual, junto com poucas cenas de ação inspiradas no jogo mas do que adianta se essência não está e tudo é pausterizado e superficial.

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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