Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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16 de fevereiro de 2017

Várias Mãos

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A Tracer corre para a esquerda, corre para a direita, volta. E atira em mim o tempo quase todo. Uma das minhas granadas de Junkrat a acerta, mas não é o suficiente para matá-la: sua vida fica baixa, mas ela não tomba. Quando passa na minha frente mais uma vez, em uma fração de segundo acerto ela com uma cotovelada que termina o serviço.

Mas não fui eu que deu o golpe.

Em outra ocasião, saio de uma mina para a luz do dia e sou surpreendido por outro McCree. Não tenho tempo nem de pensar, mas ainda assim lanço meu ataque que deixa o adversário atordoado. Novamente, não fui eu que pensou rápido. Eu apenas descarrego o tambor da arma e sigo em frente.

E, ontem, em Paladins, com o fogo inimigo vindo na minha direção, meu personagem se acelera sem eu mandar e escapo do que seria a morte certa.

O que todos esses momentos tem em comum é que a decisão não foi minha. Foi meu filho, co-piloto de teclado, que viu a oportunidade de agir e, com seus reflexos jovens de nove anos de idade salvou a gente de enrascadas.

Desde que ele tinha idade para entender de jogos eletrônicos, sacar que existe uma mágica que liga o apertar de um botão com o movimento daquele personagem na tela, ele me acompanha. O teclado não é grande, mas dividimos. Se antes ele ficava sentado no meu colo, agora ele puxa a cadeira do lado, estica os braços entre os meus e vamos em frente, de olhos vidrados no monitor.

Em Overwatch (e agora Paladins) ele controla as habilidades dos personagens e os ataques de melee. É ele quem coloca as armadilhas do Junkrat, é ele quem mantém nossa Pharah no ar, é ele quem implacavelmente traz os inimigos para perto com o gancho do Roadhog. E dá cotoveladas em Tracers, se elas chegam muito perto. É impossível jogar de Mei nessas circunstâncias, mas eu não conseguiria jogar de Genji ou McCree sem a ajuda dele.

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É um arranjo que acaba me dando uma vantagem bizarra sobre outros jogadores em diversos momentos. Mas não chega a ser uma trapaça, por que também existem ocasiões em que a falta de uma coordenação atrapalha táticas mais complexas, quando minha mente pensa que uma habilidade cairia bem para matar o personagem X, mas ele já ativou na direção de Y, por exemplo, ou atira contra uma parede porque eu me virei na mesma fração de segundo que ele ativou o ataque.

A fronteira entre "meus jogos" e os "jogos dele" é muito tênue. Não importa se é Diluvion, Dead Island Riptide ou Batman: Arkham Origins, ele sempre encontra algum botão para apertar. "Quais são os controles?" é a primeira pergunta que ele faz quando o jogo inicia. Mesmo em títulos de corrida, onde a coordenação precisa ser perfeita, pelo menos a buzina ele está apertando.

Confesso também que frequentemente ele dá dicas estratégicas de como sair de diversas situações. Seu nível de percepção, com tão pouca experiência, é assustadora, embora ele não tenha muita paciência para adventures.

Intempéries do destino nos fizeram adiar o sonho de ele ter seu próprio PC por enquanto. Mas já é possível vislumbrar essa próxima etapa de nossas jogatinas quando o título tem tela compartilhada: ele assume o controle que nós temos aqui e eu fico com o teclado todo para mim.

Não é a mesma coisa.

Mas também é fantástico.

Ouvindo: Kasabian - Vlad The Impaler

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