Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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3 de junho de 2016

Overthinking

tiny-overwatchOverwatch não tem duas semanas de lançamento e já conta com 7 milhões de jogadores.

Ganhou memes.

Virou fan art.

Fez este que vos escreve pagar a maior soma que já gastou em um único jogo em quase vinte anos dessa jornada por jogos eletrônicos.

Não é cedo para dizer que a primeira franquia inédita da Blizzard em duas décadas é um fenômeno. Estamos em uma das raras ocasiões em que é possível utilizar a expressão "clássico instantâneo" sem correr riscos. E, claro, um lançamento com esse impacto também ganha o peso de ser considerado "um divisor de águas".

Por que a Blizzard conseguiu provar que FPS multiplayer pode ser para todo mundo, dentro e fora do jogo. Há personagens de todas as raças, credos, perfis, nações em infinitos embates. Há espaço para todo o tipo de jogador, desde o exterminador de mouses até o estrategista, do sujeito com mão de aço e precisão mortal até aquele que nem precisa mirar para participar da diversão. Tem gente que nunca se deu bem nesse tipo de jogo saindo das sombras e gargalhando insanamente tentando fazer aquela carga andar (ou parar). Ninguém é igual, ninguém joga igual, todos saem dali eufóricos.

Jogada da Partida

É uma tecla que eu já vinha batendo de longa data: onde estavam os FPS moleques? Coloridos, absurdos, com armas estapafúrdias, diversão no máximo, dano maciço, movimentos acrobáticos e saltos colossais. Overwatch tem até rocket jumping (ou algo assim)! A Blizzard foi buscar inspiração no mundo das histórias em quadrinhos para criar seus heróis de roupa colante, de cores fortes, visual estiloso, frases de efeito saindo aos borbotões para cair na boca do povo, superpoderes que alteram o andamento da partida, rixas secretas, maiores que a vida. Se pouco do seu lore transparece na partida, é certo que o futuro reserva grandes planos para o universo de Overwatch.

A Blizzard também buscou inspiração em Team Fortress 2, a grande sacada da Valve, que também se transformou em fenômeno, ainda que não na mesma velocidade. Team Fortress 2, por sua vez, é filho do primeiro (obviamente), que veio da cena modder de Quake, que se baseou nas classes de jogos de RPG de mesa. Que tirou sua mecânica dos wargames, com cada unidade com habilidades diferentes e com diferentes impactos no campo de batalha. Que veio das simulações com miniaturas realizadas por militares ingleses no passado. Que é inspirada no guerra de verdade, onde nem todo esquadrão tem as mesmas funções, utilidades ou "poderes", ou toda batalha seria formada apenas por snipers ou apenas por caras musculosos carregando miniguns. É uma longa trilha de influências... então, podemos encerrar por aqui o debate TF2 x Overwatch.

"Vai Explodir!"

Não que outros jogos não tenham tentado pegar carona no sucesso de Team Fortress 2 antes. Battlefield Heroes, Monday Night Combat, Gotham Impostors...

Mas existe um outro jogo FPS multiplayer criado por uma grande produtora onde cada jogador pode escolher um personagem com diferentes habilidades, é ambientado em um mundo cartunesco, é hiperbólico, é engraçado, onde você pode customizar seus personagens e também foi lançado bem depois do jogo da Valve. Eu disse um? Na verdade, já são dois Plants vs Zombies: Garden Warfare no mercado...

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A EA Games pegou a marca Plants vs Zombies, que havia comprado anteriormente por um bilhão de dólares, junto com a desenvolvedora Popcap Games e fez o inesperado: transformou em um shooter mata-mata. Tinha tudo para dar errado: como converter o público de um jogo tower defense para a mecânica completamente antagônica de um jogo de tiro? Como fazer um FPS de bem com a vida em um cenário dominado por jogos militares multiplatinados (um deles, da própria EA), parodiando esses mesmos jogos?

Garden Warfare não varreu a indústria como Overwatch está fazendo mas sobreviveu para tentar uma segunda vez. A EA tinha a visão certa de que havia espaço no mercado para esse tipo de jogo. Só não era ainda o produto certo.

Mas a eterna luta entre plantas e zumbis deu sorte. Deu a sorte de sair antes do furacão da Blizzard e não sofreu o mesmo amargo destino de Battleborn, a aposta da Gearbox Software na exata mesma fórmula. Battleborn não tem críticas ruins, tem um estilo visual único, personagens interessantes. Mas o timing... foi implacável. Apesar das diferenças entre os dois jogos, a criação da Gearbox está sendo constantemente comparada e levando a pior.

Battleborn deu azar? Então, o que dizer do futuro reservado para jogos com propostas similares que ainda estão no forno? Como será a recepção para Paragon, Battlecry ou LawBreakers? Cada um deles guarda diferenças em relação ao produto da Blizzard, não são clones, mas competem pelo mesmo ecossistema e o predador alfa já está solto...

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Overwatch pode significar o fim do FPS cinzento, brutal, hipertecnológico, ianque até a alma? Espero que não. Diversidade é a chave de uma indústria sadia e é o que eu enxergo no DNA do jogo da Blizzard. Mas esse "divisor de águas" está trazendo elementos novos, jogadores novos, um sopro novo.

A Cavalaria chegou.

Ouvindo: Twisted Insurrection - Visions

Um comentário:

Shadow Geisel disse...

"Se pouco do seu lore transparece na partida, é certo que o futuro reserva grandes planos para o universo de Overwatch."

É só o que eu espero pra embarcar no mundo de Overwatch, já que sofro de uma alergia crônica a jogos online only. De qualquer forma, é muito bom ver um jogo criativo e inclusivo como este fazendo sucesso. Mais um gol de placa da Blizzard. Melhor que isso, só o anúncio de um Diablo 4 na E3 2016.

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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