Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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18 de janeiro de 2016

Jogando: Minecraft (Terceira Temporada)

Minecraft - Terceira Temporada 05

Meu filho passou o ano todo falando de Minecraft. Desde que demos por encerrada nossa temporada naquela vila artificial defronte à Torre da Loucura até o momento em que o ícone do jogo reapareceu na Área de Trabalho do meu computador, ele não parou de falar sobre as coisas que gostaria de fazer no Minecraft. Ele tinha seus planos, eu tinha meus planos, ansiávamos pela chegada das Férias escolares. Na minha mente, faríamos uma reunião, traçaríamos metas, trabalharíamos nesse sentido.

Não podíamos imaginar o Mundo Maldito que iria cruzar nosso caminho.

Antes de tudo, é preciso entender que a tal fase do planejamento durou menos de cinco minutos. Eu queria começar uma aventura em uma ilha, ele queria construir um Castelo com fosso de lava. O jogo é oficialmente dele, eu cedi. Dias depois, ele desistiu do fosso, do castelo, da lava.

Combinamos também que iríamos migrar do Minecraft 1.7.10 para o Minecraft 1.8. Teoricamente, com cada jornada nossa pelas terras cúbicas da Mojang espaçadas por meses, os modders teriam tempo para atualizar seu conteúdo. Ledo engano. Diversos mods nossos não tinham versões compatíveis com o 1.8, o que, na maioria dos casos, significa um erro de crash que o Minecraft nem consegue gerar um mundo. Um mau começo.

Selecionei um novo mod de criação de biomas inéditos chamado Biomes O Plenty. Ele e o Too Many Biomes são os principais mods que inserem zonas geográficas diferentes no jogo. O segundo já conhecíamos de longa data. O primeiro, eu havia tentado instalar antes e havia dado errado, muito errado. Mas era o que tínhamos para Minecraft 1.8.

O Biomes O Plenty cria montanhas colossais na paisagem, que são horríveis de transpor e consomem memória de uma forma insana. Ou assim eu pensava. Configura daqui, configura dali, fomos gerando mundo após mundo até aparecer um que fosse plano, sem o Himalaia se erguendo no horizonte.

Tudo parecia perfeito no Minecraft 1.8. Novas portas, coelhos fofinhos, novos (e inúteis) minérios e os lendários templos submarinos. Mas o framerate se arrastava.

Se arrastava lentamente em determinadas partes.

Atribuí o problema ao gerador de biomas Biomes O Plenty e o removi sumariamente do jogo. Foi o pior erro possível.

A ausência do gerador converteu um bioma inteiro ao lado de nossa base no que chamei de Zona do Bug. Meu filho batizou de Terra das Sombras. Uma vasta área de chão negro lotada de criaturas agressivas de todo o tipo que se manifestam como se ali fosse uma escuridão permanente, imunes ao poder destruidor do Sol. Uma terra onde é impossível identificar os buracos no solo, erguida sobre um abismo onde a queda é fatal. Onde a água não se comporta como água. Onde as leis da Física de Minecraft aparentemente não se aplicam. Atravessá-la foi garantia de morte em todas as tentativas. Contorná-la, era demorado, mas necessário.

Minecraft - Terceira Temporada 15

E o jogo continuava travando. Acreditei que a Terra das Sombras estivesse sobrecarregando a memória. Minhas tentativas de resetar o mundo ao redor da minha base não deram em nada.

Já tínhamos uma casa perfeita, um cercado com vacas, outro com ovelhas. Já tínhamos um lago para peixes, muralhas erguidas em volta do terreno, uma jaula para escorpiões gigantes, uma plantação um galinheiro. Decidimos abandonar tudo. O lag era nosso maior pesadelo. Aquele mundo parecia condenado desde o início. Apenas nossa teimosia tentou transformá-lo em um lar.

Criamos outro mundo, desta vez de volta ao Minecraft 1.7.10. Como se a fuga do mundo maldito fosse impossível, o novo mundo foi corrompido pelas mãos de Damien. Criamos mais um, mas a saudade da Fortaleza dos Bichos continuava.

Então, tive a ideia de recarregar aquele mundo usando o Minecraft 1.7.10. E, surpresa das surpresas, o consumo de memória havia diminuído para um nível aceitável. Perdemos todos os nossos itens, inclusive nos baús, mas as construções e os animais foram preservados.

E a Terra das Sombras continuava lá.

O mundo fechava abruptamente quando avançávamos para alguma área nunca visitada antes. Cada fragmento da região que o Minecraft 1.7.10 precisava gerar em cima da semente forjada pelo 1.8 tinha o potencial de travar o jogo todo. Nos acostumos a fechar e abrir novamente. Quantas vezes fosse necessário. Nosso mundinho se expandiu. Viajamos para os quatro cantos da rosa dos ventos. Pela primeira vez em meses de jogo, vi um raio caindo na minha frente. É raro e aterrador.

Minecraft - Terceira Temporada 13

E a Terra das Sombras continuava lá.

Cavei um túnel colossal de mais de 400 blocos de comprimento por baixo de rios, colinas e a Terra das Sombras. Não era a solução que eu queria, mas agora não precisaria mais cruzar ou olhar para aquela abominação dos algoritmos.

Também testemunhei um tornado passando do lado da minha base com sua força destruidora. Quatro blocos para o lado e o estrago teria sido catastrófico. Parece que quanto mais nos apegamos a esse pedaço de chão, mas o jogo deseja nos expulsar dele.

Minecraft - Terceira Temporada 16

Então, que assim seja. Usando o poder do MCEdit, recortei nossa base inteira, do céu ao subsolo, incluindo muralhas e tudo que estava dentro. Copiei aquilo que era nosso e disse "adeus" ao Mundo Maldito, sua Terra das Trevas e seu travamento. Em um mundo completamente novo, gerado sem erros, colei milhares de toneladas de pedra, terra, sonhos e madeira.

Há um novo mundo para ser explorado agora. Que seja seguro.

Ouvindo: Frozen Plasma - Crossroads

2 comentários:

Shadow Geisel disse...

"A mente de um sujeito vai lutar desesperadamente para criar memórias onde não existiam."

Rosalind Lutece.

Asthar disse...

Todos nós temos nossas máquinas do tempo. Algumas nos levam pra trás, são chamadas de memórias. Outras nos levam para frente, são chamadas sonhos.

E a Terra das Sombras continuava lá...

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Blog criado e mantido por C. Aquino

Outcast - A New Beginning