Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
Comunidade do SteamMastodonCanal no YouTubeInstagram

6 de setembro de 2014

Imprensa Marrom

sensacionalismoExiste uma tag aqui no blog chamada "jornalismo marrom". Geralmente ela é aplicada para postagens que abordam a péssima cobertura que a mídia tradicional costuma oferecer sobre o mundo dos jogos eletrônicos. Você conhece a rotina: preconceitos, sensacionalismo e ignorância.

Mas a dita imprensa especializada também carrega sua cota de equívocos, seja no fascínio histérico por rumores ou por suas suspeitas ligações com a própria indústria.

Em um novo episódio, relações íntimas (até demais) entre jornalistas e desenvolvedores independentes serviram de estopim para um conflito que parece estar longe de acabar. Ofensas foram trocadas de ambas as partes e os dois lados perderam completamente a razão. Temas que não tinham qualquer relação com o caso subiram das profundezas mais sórdidas e apareceram na superfície: misoginia, paranoia, ameaças, ataques ad hominem, homofobia.

Se você toma partido de um lado, você é pior que Hitler. Se você toma partido do outro lado, você é o Capeta. Entrar na discussão é pedir para ser agredido. O Katamari ficou imenso e ainda não parou de girar.

Os "gamers" foram todos colocados debaixo do mesmo rótulo e declarados mortos. Inclusive por mim. Não vou negar. Aquele tipo de jogador é mesmo uma espécie em extinção.

Mas utilizar o genocídio gamer como desculpa para encobrir os próprios erros? Jamais deveria ser feito. É uma atitude leviana e covarde.

Com a função de cobrir um setor da indústria que só cresce, ano após ano, e tem o potencial de se tornar um grande motor cultural, o jornalismo de jogos precisa colocar a mão na consciência e reavaliar o seu papel.

Não pode ser uma forma de divulgar o trabalho dos camaradas. Não pode ser um repassador de press-releases. Não pode viver de boatos e iscas de cliques. Não pode omitir fatos. Não pode defender a ideia de que os fins justificam os meios. Não pode sufocar o diálogo com seus leitores. Não pode trocar favores. Nada disso seria jornalismo. Seria espetáculo.

A desejada objetividade jornalística é um mito, certamente. Mas não a transparência. Não a honestidade.

Não é possível que uma guerra inflamada pelo ego e a fúria de uma minoria termine manchando a reputação de uma profissão com séculos de existência. É hora do jornalista de jogos amadurecer, assim como seu público, mirar nos grandes exemplos do passado, bater no peito e dizer: "Sou jornalista. De jogos, de política, de esportes, do que for. Sou Jornalista. Meu tema não é brinquedo, minha ética também não deve ser".

Leituras recomendadas:

i-support-gamergate

Ouvindo: Iron Maiden - The Wicker Man

Um comentário:

Shadow Geisel disse...

o tratamento que publicações como a Edge Brasil recebem no país é um forte indício de que talvez nem o próprio público gamer desse país esteja preparado pra lidar com o tema cultura de jogos com a maturidade necessária.

Retina Desgastada

Blog criado e mantido por C. Aquino

Wall of Insanity