Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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18 de setembro de 2013

Jogando: Toki Tori 2

Seguindo o conselho dos leitores, perguntei ao meu filho o que ele achou do jogo. Costuma ser difícil arrancar opiniões do garoto, mas desta vez ele foi bem claro. Toki Tori 2 é melhor que o primeiro, porque "os bichinhos são amigos do Toki Tori". E isso resume muito bem o tom da nova aventura do pintinho amarelo.

Toki Tori 2 02

Ao contrário do primeiro Toki Tori, um instrumento de tortura habilmente disfarçado de jogo fofo, aqui temos um jogo fofo disfarçado de jogo de puzzle. Foi-se embora a dificuldade insana que me fazia xingar mentalmente toda a árvore genealógica dos desenvolvedores. Mesmo o desafio mais complexo em Toki Tori 2 pode ser resolvido horas depois com a cabeça mais fresca ou no dia seguinte, após uma epifania. Em nenhum momento de nossa jornada, consultamos qualquer tipo de walkthrough ou vídeo no YouTube.

Se o desafio não está mais presente, qual é o novo atrativo da franquia? Por mais bizarro que possa parecer, é o seu universo. Visualmente exuberante, tanto na mecânica quanto no mundo apresentado, Toki Tori 2 nem parece uma continuação. A impressão que fica é que o primeiro título foi um rascunho, uma versão alpha do que se realmente pretendia alcançar em Toki Tori 2. Cenários deslumbrantes, música que não enjoa (muito pelo contrário, ela relaxa!), personagens muito bem animados e engraçadíssimos, uma lógica interna totalmente diferente do nosso mundo (mas que faz sentido) e até mesmo uma história enigmática.

Toki Tori 2 16 Toki Tori 2 06 Toki Tori 2 12

Em Toki Tori 2, não temos mais a mecânica de desafios fechados como no primeiro jogo. Temos pela frente um mundo aberto, onde se pode ir em qualquer direção, desde que você consiga resolver os puzzles para acessar aquela área. Existem itens que você precisa reunir para completar a história, mas você tem a liberdade de buscá-los no seu ritmo e ser transportado para áreas já visitadas do mapa na hora que quiser, através de um "sistema" de transporte. Com esta mudança, a franquia perde aquela aura de "jogo casual" e ganha imersão. Até mesmo o título de abertura e os créditos finais aparecem integrados ao universo.

Toki Tori 2 04

Renegando seu passado, agora não há mais itens para carregar. A mudança parece chocante a princípio. O simpático protagonista só possui três formas de interagir com o mundo: andando, assobiando e dando pulos no chão. Mas, a partir destes três pilares, se abre uma galáxia de possibilidades. É preciso aprender a usar os elementos do cenário a seu favor, observar como eles reagem às ações do pintinho e coordenar suas reações para conseguir remover obstáculos. É uma dinâmica extraordinariamente simples e ao mesmo tempo desafiadora. Para quem curtiu o moedor de neurônios de antigamente, pode correr atrás dos easter eggs, achievements e peças colecionáveis do jogo. Alguns estão mesmo em lugares capazes de devolver a fúria ao seu coração.

Toki Tori 2 10 Toki Tori 2 09

Talvez, o aspecto mais lúdico de Toki Tori 2 é que nada no jogo é explicado. Não há falas. Não há dicas. Não há tutoriais. Tudo você aprende fazendo, tateando, desde o funcionamento das mecânicas até o desenrolar do enredo. Cada descoberta é um triunfo pessoal e um tapa na cara de jogos que pegam em sua mão e mostram como fazer as coisas.

Nem mesmo o sistema de "rebobinar" suas ações sobreviveu do primeiro Toki Tori. Aqui, não dá para reverter seus atos. Se você errou na solução de um problema, a única saída é recarregar o último "checkpoint". Essa decisão pode parecer cruel quando você comete um erro tolo no final da execução de um puzzle, mas é compensada com uma distribuição justa de pontos de salvamento. Cada enigma apresentado aqui é menor e consequentemente menos estafante do que as telas do jogo anterior.

Toki Tori 2 17

Agora, meu filho está ansioso por um possível Toki Tori 3. Tento explicar para ele que vai demorar muito, mesmo se sair. Mas entendo sua felicidade: mais até do que o primeiro, aqui ele assumiu as rédeas do protagonista com bastante frequência e, muitas vezes, me surpreendeu com a resposta de um enigma enquanto eu ainda estava fazendo simulações em minha cabeça. Sem exigir reflexos apurados, mas sim reflexões, Toki Tori 2 se tornou um exercício mental ao qual ele não resistiu até vê-lo completo, deixando de lado títulos mais novos ou mais frenéticos no computador.

Ouvindo: Provisório - Terceiro andar

8 comentários:

Shadow Geisel disse...

"...me fazia xingar mentalmente toda a árvore genealógica dos desenvolvedores". kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.

"...e um tapa na cara de jogos que pegam em sua mão e mostram como fazer as coisas".

nem me fale. fico muito p da vida com jogos que me tratam como um retardado incapaz de descobrir por conta própria. Acredita que no God of War 3 tem uma cena de quase dez segundos mostrando uma escada, apenas pro caso do jogador não saber que escadas servem ou para descer ou para subir?

pensar faz muito mal à indústria de games...

Ed R M disse...

Q fofo. Depois de surpreender a a mim mesmo e ter gostado muito do adorável Trine 2 (que como já falei, recomendo) acho que quando tiver promo no Steam vou comprar este game. Parece ser bacana mesmo não só para os baixinhos como para os altinhos tb :)

Raphael AirnMusic disse...

Aquino, pegando carona no que ja falaram, experimente o Trine e/ou Trine 2 com o seu filho.

Lendo sua resenha do Toki Tori 2 eu podia praticamente substituir por Trine 2, que tudo se encaixa, o que me leva a crer que voces vao gostar bastante. Possivelmente até vão conseguir jogar em dupla, cada um controlando um personagem. =)

Eder R M disse...

"Cada descoberta é um triunfo pessoal e um tapa na cara de jogos que pegam em sua mão e mostram como fazer as coisas".

Isso. Um milhão de vezes isso. Comprei o Tomb Raider (o novo reboot) na promoção do Steam, e estou bem decepcionado. Foi-se o fascínio com o mistério e a exploração, o que temos é basicamente um jogo de ***tiro*** nos trilhos em 3ª pessoa que segura a mão do jogador durante o tempo todo.

Há itens extras em cada área para serem colecionados, mas isso aumenta pouquíssimo o quesito exploração do jogo. Li uma opinião que dizia que o jogo deveria ter outro nome, porque Tomb Raider mesmo não é. Talvez devesse ter se chamado "Gears of Lara". :D

Gledson A. disse...

Ótimo post, Aquino.

Fiquei aqui pensando com meus botões, se Toki Tori 1 já te deu uma dor de cabeça danada, imagine você jogando VVVVVV (acho que é assim o nome do jogo). Rs.


"[...]Comprei o Tomb Raider (o novo reboot) na promoção do Steam, e estou bem decepcionado. Foi-se o fascínio com o mistério e a exploração, o que temos é basicamente um jogo de ***tiro*** nos trilhos em 3ª pessoa que segura a mão do jogador durante o tempo todo.

Há itens extras em cada área para serem colecionados, mas isso aumenta pouquíssimo o quesito exploração do jogo. Li uma opinião que dizia que o jogo deveria ter outro nome, porque Tomb Raider mesmo não é. Talvez devesse ter se chamado "Gears of Lara". :D"

=/

É uma pena, Eder, que o jogo não tenha alcançado suas espectativas.

Gostei bastante do novo Tomb Raider. Lara Croft sendo tratada com menos sexismo e de maneira mais humana (caramba, como a garota sofre no jogo) são, na minha opnião, um verdadeiro bônus para o game e a série em si, apesar de conseguir entender a revolta dos fãs da série. Aconteceu o mesmo comigo em Devil May Cry.

Para uns, DmC foi uma mudança para melhor. Para mim, o jogo carece tanto de enredo e os personagens de carisma que realmente ficou difícil não odiar a Capcom e a Ninja Theory por completo depois daquilo.

Mas fazer o que, a industria clama por "revolução". Só que, às vezes, se esquece de que, o que a industria realmente precisa é de "evolução".

Shadow Geisel disse...

Off topic: vi essa notícia no blog Critical Hits:

"Duas histórias bem distintas podem ser contadas durante o Midnight Release de GTA V. Os dois fatos foram aos noticiários, mas apenas um deles foi uma boa notícia.

A primeira conta com dois irmãos, de 16 e 17 anos, que estavam voltando para casa, no Canadá, após conseguir sua cópia do jogo, e ouviram um alarme de incêndio disparar na rua por onde eles caminhavam. Eles foram investigar a origem desse alarme, e ouviram o dono da casa incendiada, um senhor, pedindo ajuda. Um deles arrombou a porta enquanto o outro ligou para a emergência, que chegou a tempo e salvou o senhor, que passa bem.

Já na Europa as coisas parecem não ser tão positivas: Um homem de 23 anos foi atacado em Londres, enquanto estava voltando para casa com sua cópia de GTA V. Ele foi atingido com um tijolo, depois foi esfaqueado e assaltado. O meliante levou vários pertences da vítima, inclusive (obviamente) o jogo.

Só espero do fundo do meu coração que a mídia sensacionalista não atribua nenhum dos fatos diretamente ao jogo".

Ed R M disse...

"É uma pena, Eder, que o jogo não tenha alcançado suas espectativas.

Gostei bastante do novo Tomb Raider. Lara Croft sendo tratada com menos sexismo e de maneira mais humana (...)"

Pois é, até que é uma coisa boa. Mas eles quiseram desfazer um estereótipo para criar outro, o da eterna sofredora. Pessoalmente nunca achei que o Tomb Raider sofresse de seximo demais, ela é uma mulher super capaz de enfrentar qualquer desafio. O fato de ser uma mulher e ter, hmn, digamos, seios avantajados é só parte da personagem. Odiei o fato de que existem dezenas e dezenas de inimigos, todos humanos. Claro, no contexto da história isso se explica, mas a Lara se transformou numa assassina em massa. Pior ainda do que aconteceu no TR 2 lá em 1997. Na época, mta gente se incomodou com o fato de que os inimigos eram em sua maioria humanos. Aqui, parece que nem tanto...

Me irrita no gameplay o fato de que ouvimos constantemente a respiração da Lara. Isso não adiciona realismo, é um incômodo pra mim. Me incomodam mto também os Quick Times Event (que dão a *ilusão* de estar no controle) e o fato de que, basicamente, em sua maioria o jogo em si é um longo corredor. OS "puzzles" que de vez em quando aparecem são risíveis e auto-contidos em uma mesma sala. E ela fica dando dicas, falando sozinha a cada poucos minutos o que deve ser feito (será que há opção para tirar isso? não cheguei a procurar).

Enfim, se se chamasse qualquer outra coisa, seria, pra mim, mais um joguinho divertidinho e só, pra ser jogado uma vez e esquecido, bem como os típicos filmes de ação arrasa-quarteirão hollywoodianos. Mas com o título Tomb Raider, eu esperava outra coisa, e fiquei muitíssimo decepcionado.

Aliás, a série anterior de games da Lara pela CrystalD foi um revival fantástica na minha opinião (Legend, Anniversary e Underworld). Pegava o passado e modernizava sem perder a essência. Esse novo game não. Ele quer criar um outro tipo de público para a série, um público acostumado demais a ser guiado o tempo todo para o meu gosto.

Agora dá licença que pretendo escrever um longuíssimo post em inglês pra pôr no forum do jogo com todas as minhas reclamações bem enumeradas. :D

Vilas Boas disse...

Taí um joguinho que não consegui gostar!

E nem foi pela dificuldade, se alguns chegarem a pensar nisso, pois joguei e terminei LIMBO, Super Meat Boy, os Tomb Raiders e outros mais!

No entanto estou jogando e gostando muito de Brothers a Tale of Two Sons! EXCELENTE jogo! vale a pena uma matéria sobre!

Retina Desgastada

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