Retina Desgastada
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26 de agosto de 2013

Guild Wars 2: Jogabilidade Orgânica, Gente Bonita e Bacana e as Aventuras de um Porco Assassino

Com tristeza antecipada, cliquei no ícone de Guild Wars 2 no menu Iniciar. A tela de login apareceu com um sopro de esperança. Mas foi logo substituída por uma tela negra com obsidiana informando que meu período de teste havia expirado. Que pena. Jak Karkaz e seu porco assassino estão presos em Divinity's Reach para sempre.

Durante este final de semana a ArenaNet promoveu um daqueles raríssimos períodos de teste para o jogo Guild Wars 2, elogiado MMORPG que tomou o mundo de assalto desde seu anúncio com promessas de revolução. Movido pelo mais puro hype, fiz minha inscrição. E não me arrependi.

 GW 05

Apesar de ter jogado no máximo quatro horas, somando todas as sessões, é perceptível que a desenvolvedora tem em mãos um produto de primeira qualidade. Ainda que "revolução" seja um termo muito forte para ser aplicado à minha experiência, posso afirmar que gostei do que vi e que a atenção aos detalhes implora pelo uso maciço de palavras como "orgânico" e "evolução".

O charme do jogo já começa pela tela de criação de personagens, belíssima em todos os sentidos, graças à exuberante arte conceitual. O nível de customização de aparência do personagem principal chega a ser sufocante, capaz de atender aos anseios do jogador mais obcecado por controle que exista. Sabendo que durante o final de semana teria a inevitável companhia do meu filho na jornada, optei por um Ranger, uma classe que vem acompanhada de um inseparável animal de companhia e ataque. Nascia Jak Karkaz, criado nas ruas, sem pai nem mãe e com sede de aventura.

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Guild Wars 2 não perde tempo com tutoriais. Todas as informações que você precisa sobre como jogar vão sendo apresentadas em forma de notas na tela à medida que você vai explorando o ambiente. De fato, o título é bastante amigável para o jogador casual que deseja ação rápida e não quer se preocupar (por enquanto) com estatísticas ou regras. Estivesse jogando sozinho, teria sido mais metódico. Meu garoto preferia passear e encontrar novos monstros.

Explorei um amplo território em Kryta, reino dos humanos, sem entender muita coisa, aprendendo no meu ritmo e sem precisar me prender muito à missões. E este, acredito, é o grande diferencial do jogo em relação aos seus concorrentes. Ainda que a mecânica óbvia dos MMOs esteja subjacente ("vá no quest giver, mate/colete/escolte, retorne, repita"), aqui ela é apresentada de forma mais fluida. Andando pelo terreno, as missões são ativadas automaticamente, sem que você precisa parar para conversar com alguém. Completou a missão? Não precisa nem retornar para o quest giver, se não quiser (embora seja recomendado). E existe mais de um caminho para completar determinadas missões. Se você gosta de lutar, você pode lutar. Se você não gosta ou não está preparado para encarar o combate, pode realizar tarefas mais prosaicas, como aguar plantas ou dar comida para os bois e ainda assim colher os frutos da vitória. A impressão que se tem é que você está vivendo naquele mundo, não exatamente enfileirando missões.

GW 15 Jak Karkaz: fazendeiro

Outra grande sacada de Guild Wars 2 são os Eventos. É possível que ao passar pela área de uma missão, um acontecimento especial ocorra que demande sua atenção. Normalmente é a aparição de um inimigo bem mais forte que a média. Diversos jogadores próximos podem se juntar para o desafio e cada um contribui com o que pode, independente do nível. No final, todos são recompensados. É uma implementação que força a luta em equipe e ao mesmo tempo acrescenta uma dose de surpresa ao mundo do jogo.

Aprovei o sistema de combate, principalmente a evolução do uso das armas. Quanto mais você usa uma determinada arma, mais habilidades são liberadas para usar com ela. Pelo pouco o que eu vi, você não está condenado a usar um único tipo de arma desde o começo, como ocorre em DCUO. Para meu Ranger, apenas o uso de Rifles me pareceu proibido. Consegui evoluir o Machadinho, Espada Grande e Arco (maravilhoso de usar).

GW 06 GW 08

Não conhecer todas as regras de imediato tem seus inconvenientes, é claro. Depois de ser vencido em combate por um monstro alguns níveis acima do meu, vi que estava sem camisa. A princípio, achei que minhas roupas tinham sido roubadas pelo humanóide e fui atrás de vingança e decência. Naturalmente, morri de novo. E acordei de cuecas. Cheguei à conclusão que a roupa talvez tivesse ficado no chão,onde fui derrubado. Nada. E lá fui eu, só com a roupa de baixo e botas, correndo pelo campo tentando achar um comerciante que vendesse Armor... Vinte minutos mais tarde, depois de ter visitado um ferreiro, uma estilista, um lojista genérico, um vendedor de armas e um vendedor de tecidos (!), encontrei o sujeito que vendia Armors. E entendi que Armor se desgasta. Algo meio óbvio (acontece até em DCUO), mas eu devo ter perdido o aviso na tela. Comprei uma Armor usada e tive que fazer outra jornada até achar quem conserte equipamento. Coisas de noob.

Visualmente falando, Guild Wars 2 é um colírio. Sem precisar configurar nada, o jogo já detectou minhas configurações e ajustou para rodar em um framerate adequado. Como todo bom jogador de PC, eu mexi nos ajustes gráficos, para conseguir aquele resultado extra imperceptível a olho nu. Com paisagens de tirar o fôlego e a sombra perene da gigantesca Divinity's Reach no horizonte, o MMORPG me mostrou um mundo que eu queria explorar.

GW 13 GW 03 GW 07

Minha única reclamação seria em relação ao visual dos habitantes deste mundo. Todo mundo, do mais reles camponês ao mais elegante dos nobres, parece ter saído de uma capa da Vogue. Todos são modelos de beleza ocidental, maquiladíssimos, sem imperfeições, com roupas saídas do guarda-roupa da Paris Hilton e na mesma faixa etária entre 16-25. Para mim, a imersão sai arranhada quando fico com a sensação de que estou em uma rave descolada e não em um cenário de fantasia medieval. Talvez eu esteja mal-acostumado com Gothic, onde todo mundo é povão, mas que é estranho encontrar um taverneiro com cara de colírio da Capricho, isso é. Eu tive que fazer um esforço colossal na customização de Jak Karkaz para que ele parecesse mais mundano.

Para meu espanto, Guild Wars 2 tem uma história única para meu personagem que envolve seu passado. A criação de personagem não é apenas ilustrativa. Seguindo a linha narrativa, acabei sentindo simpatia por aquelas pessoas que supostamente fizeram parte da minha infância.

O que me levou para uma segunda visita a Divinity's Reach, a imensa cidade-capital do reino dos humanos. Onde eu inadvertidamente domei um porco e acabei ficando sem meu Stalker (uma jaguatirica crescida). Devo ser o único Ranger em todo o servidor que leva um suíno pras batalhas... E que enfrentou com orgulho e guinchos de "oinc, oinc" uma gangue de ladrões.

Se você curte MMORPGs, este aqui é com certeza uma experiência única. Até porque não há mensalidades ou microtransações. Para quem está acostumado a pagar preço cheio em jogos de lançamento, os US$50 da versão digital de Guild Wars 2 são uma barganha. Infelizmente, não é o meu caso. Esta soma é uma exorbitância, muito maior do que estou habituado a gastar, apesar da relação evidente de custo/benefício. É uma pena. Historicamente, o preço não deve baixar muito mais do que isso. Em outros tempos, em outra situação, compraria fácil por US$25. No momento atual, vejo as portas de Divinity's Reach se fechando com um certo aperto no peito. Fico com as lembranças e com a leve esperança de um novo teste gratuito...

GW 14

Ouvindo: Sonic Youth - Dirty Boots

5 comentários:

Anônimo disse...

Ola Aquino.

Vai de Risen 2 na próxima, estou para começar o jogo e gostaria de acompanhar as aflições.

Aproveitando, adoraria ver uma resenha sua sobre Dark Souls e Hotline Miani, acrescente-os na lista de jogáveis.

GV

Gledson A. disse...

Rs, também gostaria de ver um post do Aquino sobre Dark Souls. Sério, é um ótimo RPG que tem uma dificuldade justa... Sério! Sério mesmo!

Não é aquele tipo de dificuldade de jogos como I Wanna Be The Guy, do qual a unica função é de te deixar nervoso com a dificuldade absurda, mas é um jogo do tipo "presta atenção e não vacila se não você vai perder".

Isso sem falar do lore, a maneira que o jogo te instiga a buscar informações sobre os personagens (tem que conversar com os NPCs se quiser entender mais a fundo sobre as coisas, ou, simplesmente, vá em algum wikia ou em canais do youtube que explicam o lore em seus por menores), a maneira que você tem que aprender a se localizar no jogo (não tem minimapa e nem mapa, então você tem que ir jogando e lembrar do caminho de cor, o interessante é que você vai se surpreender por conseguir lembrar de todo o caminho) e também as estratégias que se deve usar para derrotar cada inimigo, e não somente dar uma de Rambo e partir para cima (tá, as vezes isso funciona, mas nem todas as vezes), enfim, tudo isso contribui, e muito, para a imersão no jogo.

Outro ponto positivo é a possibilidade de jogar várias vezes. Depois de zerar o jogo várias vezes e conseguir o melhor loot possível, você vai se ver invadindo o mundo de outros caras para se divertir com o PvP, o que chega a ser engraçado, dado alguns casos cômicos espalhados pela internet.

Acho que os únicos problemas existentes nele são os de teor técnico. Tem que se usar um fix (DSFix), para que os gráficos do jogo fiquem mais bonitos do que os do console, e tem que comprar um controle (de preferência de xbox) para poder jogar sem maiores sacrifícios, o que acaba afastando o pessoal mais exigente.


Mas aí, se tratando do post, 50 dólares em um jogo?! Sério mesmo?

Douglas Pagoto disse...

Vou dar uma força pros brothers, Dark Souls é genial e único.

Mas é como o Gledson falou, o jogo é um port fraco (ainda assim muito melhor que o do RE4) e é meio chato configurar os fix e espero que isso não espante o Aquino. Ao contrario do que todo mundo diz é possível jogar com mouse + teclado, existe um mod chamado Mouse Fix que melhora muito a sensibilidade do mouse e o resto é questão de costume (e mudar algumas teclas aqui e ali).

Sobre o Guild 2, ele é o único MMORPG que tenho vontade de jogar, e essa matéria só aumentou a vontade. Pena o preço dele ser essa facada (e os NPCs modelos me incomoda também)

Michel Oliveira disse...

Por muito tempo fiquei interessado nesse jogo. Mas agora não sei. Estou mais inclinado a migrar pro Final Fantasy XIV, que onde a turma com quem eu jogo vai.

Susej Menegroth disse...

Aquino, se quiser uma opção parecida e completamente grátis do GW 2, tente jogar o Tera Online.

Na verdade, acho os gráficos e paisagens do tera bem mais bonitos que os do GW 2. E também acho combate mais flúido e dinâmico. Apesar que, por ser um jogo coreano, sofre bem mais com esse problema de uma população inteira de super modelos. Mas o jogo conta com uma criação de personagens bem detalhada e com inúmeros sliders para ajustar sua aparência.

Te garanto que não há absolutamente nada na cash shop do jogo que você precise comprar. E mesmo que queira comprar algo da cash shop, alguma armadura cosmética ou uma nova skin para sua arma, todos os itens também podem ser comprados com gold dentro do jogo.

Se for testar o jogo, recomendo que comece ou como archer ou como sorcerer, que são classes mais fáceis de dominar e pegar a manha.

Site do jogo: http://tera.enmasse.com/

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Blog criado e mantido por C. Aquino

Outcast - A New Beginning