Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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19 de janeiro de 2012

No Papel - Parte 2

(esta é uma postagem programada para 20/01/2012)

Faltando menos de 10 dias para o lançamento marcado do meu primeiro livro, ainda não tenho uma confirmação do editor se o prazo será cumprido, quantas páginas terá quando editado, qual será o preço ou mesmo uma prévia da capa. Naturalmente, a ansiedade está atacando.

Juvenília foi escrito em uma época bem confusa de minha vida e aborda alguns temas pessoais com um pouco mais de exposição do que eu me permitiria hoje. Oitenta por cento do que está escrito ali é ficção, mas algumas pessoas podem acreditar que os outros 20% fazem muita diferença. Enfim, não dá para produzir alguma coisa criativa sem andar no fio da navalha.

Na ausência de mais informações, segue um trecho selecionado:
No dia seguinte ao funeral, eu acordei dentro de um quarto vazio e não sabia como tinha ido parar lá. Durante quase uma hora, eu procurei pelas coisas que poderiam identificar o meuquarto: meus pôsteres, meus livros, a televisão ou o telefone. E não encontrei nada porque aquelas coisas não tinham mais sentido algum. Não havia mais imagens nos pôsteres que Timothy vira antes do Natal, nem palavras nos livros que ele me emprestou ou pedira emprestado. A TV zumbia em silêncio e o telefone não receberia mais a sua voz, ou a de Francine ou de qualquer outro. Meu quarto estava vazio e eu estava acordado. Todos eles foram um sonho bom e seus rostos, seus sorrisos e suas mágoas estavam se dissipando com o Sol da manhã. Foi a primeira vez na qual eu senti os tentáculos do monstro que arrastara Timothy para o Abismo, seu toque macio como veludo me envolvendo e trazendo calor para minha pele gélida. Sua oferta era tentadora e eu pude escutar pela janela os cicios da cidade, o murmúrio hipnótico do concreto e da gasolina impulsionando todos aqueles que ouviam rumo ao êxtase anulador de suas vidas destinadas ao fracasso. "Ouça-me. Criança. Minha voz é. A voz de milhões. Minha vontade soberana. Eu julgo. Transformo. Destruo. Estava aqui muito antes. Sua torpe geração surgiu. Com seus anseios. Suas músicas e paixões. Permanecerei. Quando ninguém mais puder. Se lembrar de vocês. Vocês nascem. Crescem. Trabalham. Reproduzem e morrem. Nada mais". Fiquei imaginando durante um longo tempo se meu sangue teria a mesma tonalidade rósea do sangue de Timothy na banheira ou se minha morte provocaria também reações em cadeia sobre a vida dos outros.

Penso agora se tomei a decisão certa. Se eu olhar para trás, vou ver o Número Dois batendo na minha porta, demolindo todos os tijolos que coloquei para segurar o choro. O tempo é curto. Preciso escrever tudo que me lembro antes de completar vinte e dois.



Aula de Psicologia e Arte. Estou aqui e acordado. É o meio de um período que eu jurei completar. Judith e eu passamos a noite em claro assistindo ao filme “Breakfast Club” três vezes seguidas para que eu estivesse acordado na hora de ir pra faculdade. É uma lógica doida, mas funciona. E ela me trouxe de carro para ter certeza que eu não escaparia até o apartamento de Barnhard. Acho que ela me ama.
Espero até o dia 27 ter uma imagem da capa e mais detalhes do lançamento. Juvenília também será vendido pela internet, sob encomenda, no site da Editora Multifoco.

Ouvindo: Dragonheart - Mountain of the Rising Storm

4 comentários:

Antonio Augusto Pereira disse...

[Capivara Humana]

Parabéns cara, torço muito pelo sucesso do livro.

Marcus Gonzallez disse...

Pô, Aquino... Que massa, cara! Gostei do seu texto e provavelmente comprarei seu livro. As vezes me arrisco em algumas incursões literárias, caso se interesse em ler: http://www.overmundo.com.br/perfis/marcus-gonzallez

Eder R M disse...

Muito sucesso, Aquino !!!

C. Aquino disse...

Obrigado, pessoal!

Marcus, li seus textos e gostei bastante! Li O Algoz na hora do almoço e quase não consegui terminar a refeição... Você tem que escrever mais!

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