Trinley Thaye Dorje tem 27 anos de idade. Ele gosta de Enya e de Mozart. Seus filmes favoritos são a trilogia do Senhor dos Anéis e a franquia Guerra nas Estrelas. Ele é solteiro e gosta de fazer amigos. Carrega músicas de hip hop em seu iPod. A princípio, ele pode parecer um jovem adulto moderno como todos os outros. Mas ele é também um dos mais influentes líderes espirituais do Budismo Tibetano, ocupando a posição de Karmapa, o ponto mais alto da Karma Kagyu, uma das quatro escolas de sua religião. A linhagem dos Karmapa é dois séculos mais antiga do que a do próprio Dalai Lama. O primeiro Karmapa surgiu no ano de 1110.
Em entrevista a um jornal indiano, em setembro de 2009, Trinley Dorje falou de política, sobre a eventual sucessão do Dalai Lama, sobre felicidade e sobre... jogos eletrônicos. Ao contrário de muitas autoridades, de diversas religiões, o Karmapa fala com bom-senso (negrito por minha conta):
"Eu vejo os jogos eletrônicos como um tipo de terapia emocional, um nível mundano de terapia emocional para mim. Todos nós temos emoções, sejamos praticantes do Budismo ou não, todos nós temos emoções, emoções felizes, emoções tristes, emoções desagradáveis e nós precisamos encontrar uma forma de lidar com elas quando elas surgem.
Então, para mim, algumas vezes isto pode ser um alívio, uma forma de descompressão simplesmente jogar alguns jogos. Se eu tenho alguns pensamentos negativos ou sentimentos negativos, jogos eletrônicos são uma maneira em que eu posso liberar esta energia no contexto da ilusão do jogo. Eu me sinto melhor depois.
A agressão que vem para fora no jogo sacia qualquer desejo que eu possa ter de expressar aquele sentimento. Para mim, é muito eficiente porque quando eu faço isto eu não tenho que ir e acertar alguém na cabeça."
Quando perguntado se a meditação não serviria ao mesmo propósito, um dos líderes do Budismo não hesitou: "Não, jogos eletrônicos são um método eficiente".
Por ter uma educação híbrida entre a cultura ocidental e a cultura oriental, Trinley Dorje é uma personalidade ímpar no cenário político-religioso da região do Tibete. Ele é o único líder Budista reconhecido ao mesmo tempo pelos governos da China, Tibete e Índia. Alguns acreditam que ele pode suceder o atual Dalai Lama ou conseguir o impossível: resolver o entrave diplomático da região.
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