Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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18 de fevereiro de 2011

Jogando: Unreal – Em Alta Resolução!

Unreal-nali Após minha mal-sucedida experiência com Shellshock 2 (que arda no Inferno!), eu continuei querendo um FPS. Tentei o último Turok por quase uma hora, mas não me acostumei com os comandos e os gráficos engasgavam na minha máquina. E não tinha legendas. Tirar o nobre idioma da Rainha de ouvido já não é o meu forte, no meio de dinossauros e artilharia pesada fica mais difícil ainda. Mas eu gostei da história: um renegado pela sociedade que cai com sua espaçonave em um planeta desconhecido repleto de perigos. É o tipo de clichê que funciona comigo. Então, eu lembrei que eu tinha um jogo com esta mesma premissa guardado no meu armário: Unreal.

Se o nome Unreal evoca em você apenas o poder avassalador de telas impressionantes e soldados futuristas com largas ombreiras e armas maiores ainda, provavelmente você tem menos de vinte anos. Não há de errado nisso, mas eu estou falando do primeiro Unreal. De 1998. Que foi vendido no jornaleiro pela extinta revista PC Gamer Brasil.

Quando Unreal chegou ao mercado, sua engine causou um grande alvoroço, com efeitos visuais jamais vistos, inimigos que se esquivavam durante a luta e buscavam cobertura e os primeiros bots oficiais de multiplayer. O lançamento ofuscou o supostamente superior Quake II da id software e iniciou uma guerra de engines que durou anos. Enquanto o produto de John Carmack e sua turma exigia a mais poderosa placa aceleradora de sua época, Unreal conseguia rodar até no mais modesto Pentium com placa onboard. Eu sei disso por experiência própria: a 640x480 de resolução, Unreal rodava como um foguete em meu humilde primeiro computador. Quake II se arrastava. Além disso, Unreal oferecia suporte a mais de um padrão de 3D, um feito considerado impossível para muitos.

De Volta para o Futuro

Mas tudo isso é passado. Estamos agora em 2011 e eu resolvi concluir Unreal, um jogo onde o azar me fez perder todos os saves enquanto eu estava na metade da jornada. Mais de dez anos depois, aqui estou eu determinado a fechar esta lacuna dentro dos títulos inacabados. Antes de mais nada, gostaria de voltar a elogiar o talento técnico da Epic Games: o jogo reconheceu minha resolução de 1366x768 de primeira! Quando ainda existem jogos bem mais recentes sem suporte adequada para altas resoluções ou monitores widescreen, os programadores de Unreal criaram um sistema que sobreviveu ao teste do tempo e se provou adaptativo. E a cena de abertura, onde a câmera dá uma visão panorâmica ao redor de um castelo em 3D ainda impressiona.

Estava certo, porém, de que não conseguiria repetir o mesmo deslumbre de quando testei o demo do jogo pela primeira vez. Decidi melhorar minha experiência e corri atrás de algum pacote de texturas para jogar com mais qualidade visual. Afinal, se existe um High Resolution Pack para Duke Nukem 3D, não existiria algo parecido para o bom e velho Unreal? E existe. O site atende pelo compreensivo nome de Unreal Texture e oferece pacotes de texturas repaginadas para máquinas modestas, medianas e super-poderosas (ainda em desenvolvimento). Eu baixei o S3TC High End, que, descompactado, chega a 1.58GB de texturas contra 101MB das texturas originais da Epic Games. O resultado você pode conferir melhor abaixo (clica que amplia):

Unreal Unreal HD Unreal Unreal HD Unreal Unreal HD

Existem dois tipos de instalação: a complicadíssima instalação para aqueles que tem o patch 2.226 oficial aplicado (ou o Unreal Gold) e a muito mais simples instalação para quem utilizar o patch 2.227 (não-oficial). Honestamente, o primeiro método nem funcionou comigo. Perdi o medo de testar o  patch 227 e tudo funcionou com perfeição:

  1. Instale o jogo (obviamente)
  2. Baixe o UnrealPatch227eWin.zip (55MB)
  3. Instale o patch 227.
  4. Escolha seu pacote de textura, de acordo com a força da sua máquina: S3TC Low End, S3TC High End, com a versão Extreme a caminho.
  5. Descompacte as texturas na pasta Textures do Unreal e sobrescreva as originais.

O patch 227 supostamente também corrige vários bugs menores do jogo que a Epic Games deixou passar, mas eu não saberia dizer quais são. Apesar de ser beta, o jogo está rodando sem nenhum problema por aqui. E ainda reconheceu minha placa de vídeo corretamente, o que eu acredito que deve melhorar a performance. Não que faça muita diferença entre um jogo de 1998 rodar muito rápido e rodar muito muito rápido...

Visitando Na Pali

Skaarj Apenas uma maquiagem visual não seria o suficiente para sustentar meu interesse se Unreal não tivesse méritos próprios. Felizmente, essas qualidades estão lá. O primeiro FPS da Epic Games se caracteriza por ser um híbrido entre a jogabilidade mata-mata-morre-morre de Duke Nukem 3D e seus clones com as inovações da geração seguinte. Em Unreal, você carrega um arsenal de dez armas como nos velhos jogos, mas estas armas fogem do padrão estabelecido. Em Unreal, você navega por corredores fechados e explora cantos obscuros do mapa, mas também desfruta de belas paisagens externas, incluindo fauna nativa. Em Unreal você pode sair matando tudo que se move sem preocupações, mas existe uma história escondida encontrada em fragmentos de mensagens espalhados entre os corpos daqueles que já passaram por ali. Em Unreal você tem monstros para matar, mas sua inteligência artificial transforma cada encontro em um desafio e se percebe em vários momentos um esforço em se criar um clima de tensão.

A única coisa que faltou à Unreal para torná-lo tão revolucionário quanto Half-Life são NPCs. A ausência de outros seres humanos para conversar esvazia muito a história e torna o personagem principal apenas uma mão flutuante segurando armas. É uma pena. Este papel caberia à Valve e a Gordon Freeman naquele mesmo ano.

Quanta coisa mudou nos FPS desde então. Os vastos cenários repletos de passagens secretas e muita exploração foram substituídos por uma navegação direta com uma seta colorida apontando para onde o jogador deve ir. Os kits médicos que repõem vida deram lugar a um sistema inexplicado de auto-regeneração. Inimigos que sobreviviam a cinco foguetes em impacto direto foram trocados por inimigos que caem com um headshot de revólver. Os combates quase mano a mano de Unreal não existem mais e a ordem agora é enfiar dezenas de oponentes simultâneos na tela. Existem títulos modernos de excelente qualidade, mas o cenário dos FPS definitivamente não é mais o mesmo.

A princípio, o grau de dificuldade de Unreal me incomodava. Percebi também que fiquei muito mal-acostumado com os salvamentos automáticos que os jogos atuais fazem. Em Unreal o inimigo larga o dedo e não tem checkpoint não, playboy! Se você esquecer de salvar, o problema é seu. Uma dica: Quick Save se faz com F6 e Quick Load com F7; você não irá encontrar estas teclas mapeadas nas opções de controle do jogo, então guarde na memória. Seus oponentes provocam muito dano e se esquivam como loucos. Você irá aprender a odiar os Skaarj. Sua tábua de salvação será encontrar armaduras espalhados pelo jogo e super-vidas, que acrescentam mais 100 pontos a sua energia. Estes artefatos costumam ficar escondidos, então a exploração é sua melhor aliada.

Unreal - Enemies

Com o passar do jogo, eu fui entrando no ritmo. Meus velhos instintos foram sendo acordados... E eu comecei a gostar das batalhas e dos mapas intricados. Consegui chegar ao ponto em que tinha parado anos atrás e me sinto atraído para Na Pali em qualquer oportunidade que apareça: antes de dormir, depois do almoço, depois da janta, quando é possível (o fato do jogo carregar em menos de um minuto também ajuda no vício).

Mais uma vez, parabéns, Epic Games.

Ouvindo: Etherlords - Green

13 comentários:

Marcel C. Da Silva disse...

Isso me fez lembrar um estado que estive uns dias atrás, quando resolvi dar uns tiros em Doom 3, minha mente tática e de tiros perfeccionistas de nada adiantam quando o négócio é dar de frente com criaturas que disparam contra vc, e vc se vê forçado a pular, se abaixar e esquivar correndo pra derrubar o inimigo XD

Bruno disse...

Como disse no post abaixo, essa deve ser a semana da nostalgia gamer...

Aquino, já jogou Homeworld? Com toda a certeza, é o melhor RTS já lançado. É o único RTS que joguei que realmente tem uma boa história e faz com que vc lute e se importe com os sobreviventes do planeta Kharak. Vc realmente se sente motivado p/ levar todos p/ Hiigara. Levar todos são e salvos p/ casa.
As trilhas sonoras também são sensacionais.
Aqui tem um vídeo da introdução da história e uma cutscene com uma trilha que deve conhecer:
http://www.youtube.com/watch?hl=en&v=yrW4jkQdmjI&gl=US

Sim, essa música é uma versão de Adagio for Strings. Pelo youtube vc pode ouvir algumas das músicas do jogo. Verá que são ótimas em sua grande maioria.

José Guilherme Wasner Machado disse...

Ando jogando um bocado é o Morrowind, com trocentos MODs instalados que dão outra cara ao jogo. Além de várias texturas de alta resolução, há ainda o fantástico, fantástico, fantástico Morrowind Graphic Extender (MGE), que trás uma série de aprimoramentos visuais, permite exibir horizontes super-distantes e jogar em resoluções não suportadas, como 1920x1080. Estou pensando em fazer um post sobre ele, pois é muito legal.

C. Aquino disse...

Morrowind vicia mesmo! (in)Felizmente eu não consigo mais fazê-lo rodar aqui na minha máquina. E olha que eu já tentei duas vezes. Eu também usava um pacote de novas texturas e dezenas de mods. O MGE foi um que nunca funcionou comigo, porém. Mas eu vou tentar de novo, eu sei que vou tentar de novo...

Marcos A. S. Almeida disse...

Acho que já fiz comentários sobre Unreal em algum post anterior , só que não lembro o que escrevi.Desculpe-me se for repetitivo.
Na época em que comprei ele na banca , era muito pouco antenado nesses detalhes da briga de engines.Mas como comprei o Quake 2 na mesma época, as diferenças eram evidentes.Unreal em ambientes fechados é mais sombrio, mas como um todo é mais colorido que Quake 2.Um detalhe que me impressionava nos gráficos de Unreal era a textura utilizada na fumaça que saía dos canos.E a movimentação rápida de um dos monstros do jogo ( que não sei o nome , talvez seja o mesmo que você citou)também me impressionou.Aliás, quando joguei Halo, tinha um monstro que fazia movimentos semelhantes.Agora, fala sério, aquela abertura ainda me emociona...é muito bonita!E a música contribui muito pra isso.É clássico.É inesquecível.

Nobody_joe disse...

Adoro esse tipo de modificação em jogos antigos, já joguei bastante Duke Nukem 3d e Doom com mods, tenho planos de jogar Quake assim.

Rock n' Roll disse...

aquino eu tive um serio problema, não consegui instalar o resolution pack no duke nukem 3d.
tem algum requisito para instalar??

C. Aquino disse...

Não há nenhum requisito que eu conheça para o High Resolution Pack. Qual é o problema que dá? A instalação é muito simples: é só descompactar o pacote na mesma pasta onde o jogo está instalado. E executar a partir do eduke32, se eu não estou enganado.

Rock n' Roll disse...

ah deixa pra láaquino, eu baixei por torrent o duke nukem ja com o resolution pack. XD

mais sabe o que foi que me toquei quando fui jogar??
1- a pistola estava mais para uma metralhadora
2-acostumado a jogar games que envolvam tiro me senti desnorteado quando vi que quando tentava economizar balas no modo "um tro por vez" descobri que alem de não economizar não faz muito sentido nesses jogos antigo, nada de headshot o negocio mesmo é fuzilar os inimigos


é preço que se paga quando voce volta para o passado

C. Aquino disse...

Ahahahah! É verdade! Em Unreal tem vagabundo que aguenta MUITO tiro. Para derrubar um único Skaarj você gasta munição suficiente para atravessar um mapa de Left 4 Dead...

Marcos A. S. Almeida disse...

Aquino, instalei o Unreal novamente, instalei o patch 227 e o pacote de alta resolução.O jogo entra normalmente mas estou com 2 probleminhas: quando já estou no jogo,o som ambiente fica alto e nos controles de áudio não dá pra abaixar.Só consigo diminuir indo á área de trabalho e baixando no controle geral.O outro é que me parece que o jogo está muito rápido, inclusive quando estou andando o personagem acelera e para, acelera e para.Existe uma aba Advanced Options, com que me parece ajuste fino do jogo, mas não me aventurei á mexer.Você encontrou esses problemas?Têm alguma dica para ajustar as configurações no " ajuste fino"?

C. Aquino disse...

Marcos, que bom saber que tem mais alguém jogando! Pena que você está com estes problemas. Eu não tive dificuldades para rodar Unreal e nem precisei mexei nas configurações avançadas. Abri a opção de curioso, mas fechei logo. Eu vou dar uma pesquisada, se descobrir alguma coisa eu te falo.

onSSa disse...

Como já disse antes, Unreal é minha série favorita e me orgulho em dizer que tive todas as versões originais. O estilo "old scholl" ainda é meu preferido, nada como carregar 10 armas diferentes e ter que correr atraz de "health Packs" se quizer permanecer vivo. Longe dessa lenga lenga de hoje em dia em que ficam te esperande em um canto com uma sniper. Em Unreal não há espaço para ficar de "camper". Uma pena a Epic Games ter abandonado essa série e apesar de Bulletstorm ao meu ver ser um Unreal "moderno", vou continuar lamentando a perda que o mercado de jogos sofreu ao perder essa série memorável.

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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