Retina Desgastada
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17 de outubro de 2010

O Avô Esquecido de Left 4 Dead

Muito antes da Valve pensar em colocar quatro sobreviventes desesperados tentando escapar do apocalipse dos zumbis, em 2000 alguém já tinha tentado colocar em um jogo esta mesma história. Trata-se do inacabado, esquecido e praticamente impossível de encontrar Dusk of the Dead.

Dusk of the Dead 01Não adianta mais procurar o site original do projeto de David Chomard, o programador solitário que criou esta pérola dos mortos-vivos: tudo desapareceu. Para minha sorte, eu havia esbarrado no projeto muitos anos atrás, seguindo um link (agora inativo) no site Homepage of the Dead. Baixei a versão demo, joguei, me espantei com a qualidade da jogabilidade, apesar dos gráficos limitadíssimos, e fiquei esperando o lançamento da versão completa. Nunca aconteceu. Hoje, resta apenas uma única página em toda a internet falando de Dusk of the Dead e minha idéia agora é dobrar este número.

Um programador solitário, fã de filmes de mortos-vivos, estava profundamente insatisfeito com as opções disponíveis em jogos para saciar sua paixão. Lembremos que, em 2000, os zumbis não eram tão onipresentes quanto nos dias de hoje. Havia Resident Evil e um punhado de títulos semi-profissionais. Nada disso se encaixava nos moldes do que Chomard tinha em mente: uma mistura de ação tática com quatro personagens diferentes, em visão de terceira pessoa, com combates acontecendo em primeira pessoa. Dusk of the Dead deveria ser uma homenagem direta aos filmes de George Romero, com um número inesgotável de criaturas lentas se aproximando inexoravelmente do jogador. Sem o apoio de ninguém, ele programou, criou os gráficos, sintetizou a música, gerou os sons e lançou uma versão preliminar de sua saga para download.

Dusk of the Dead 03

O objetivo do jogador era conduzir os quatro sobreviventes através de diferentes locações por todo o território americano até um santuário livre da presença de zumbis. Os heróis viajavam de helicóptero (como no filme Dawn of the Dead original), mas precisavam parar de tempos em tempos a procura de mais combustível. Nestas paradas, o confronto era inevitável: o jogador escolhia um personagem de seu grupo e entrava em um cenário infestado de mortos, para encontrar galões de gasolina, munição e armas. Apesar da lentidão dos oponentes, quanto maior a quantidade de zumbis, maior o nível de stress do personagem e pior sua mira. Quanto mais o personagem corria, mais cansado e lento ele ficava e a única saída era parar completamente para recuperar o fôlego. Tudo isso transformava cada exploração em uma randômica luta pela vida. Um personagem sem munição poderia se trancar em um ambiente com porta (desde que tivesse uma chave) e aguardar o jogador selecionar outro personagem para realizar o resgate. Os mortos-vivos, por sua vez, só poderiam ser derrubados com tiros precisos na cabeça e, em alguns cenários, seu número era infinito.

Dusk of the Dead 04Infelizmente, o demo só possuía três níveis: um motel de beira de estrada, um cemitério(!) e um cortiço (o melhor e mais claustrofóbico dos três). Era possível configurar o jogo para ser jogado em preto e branco, para garantir aquele clima de filme dos anos 50. Os gráficos eram toscos, mas transmitiam um senso de horror o suficientemente forte para funcionar. Pena que Chomard não tinha um assistente capaz de criar modelos poligonais de qualidade.

Supostamente, Chomard estava muito próximo de ter o projeto final concluído... Eu gosto de pensar que este obscuro indivíduo de alguma forma conseguiu um emprego na Valve e ajudou a construir Left 4 Dead. O mais provável é que Dusk of the Dead e seu código-fonte tenham sido guardados em algum CD-ROM perdido entre uma mudança e outra. Para não deixar esta pérola desaparecer da história, eu estou hospedando o arquivo para download (29 MB) no SendSpace. O jogo ainda funciona no XP, com uma configuração contemporânea, mas a tela fica piscando um pouco, nada que atrapalhe a jornada.

Black and White

Ouvindo: Twisted Metal - Newyork

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