Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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11 de abril de 2010

A Irrealidade dos Preços no Brasil

Existe uma campanha em andamento patrocinada pela Tambor Digital em favor da redução dos impostos para jogos eletrônicos. Acho o objetivo mais do que justo e apóio a campanha. Entretanto, tenho sérias dúvidas se ela irá surtir impacto. Não que eu esteja questionando a possibilidade de sucesso de tais iniciativas. O que eu duvido é que, MESMO que o projeto de lei 300/07 seja aprovado, isso tenha efeito nos preços.

Uma olhada rápida na blogosfera brasileira ao longo dos meses permite ver uma infinidade de postagens avisando sobre promoções imperdíveis no Steam, com jogos sendo vendidos a 10, 5 e até 2 dólares! Ocasionalmente, eu publico alguma coisa sobre descontos no GOG e até já comentei sobre uma loja barata na Inglaterra. Agora, force sua memória e tente se lembrar de quantas vezes você leu sobre uma promoção fantástica em alguma loja brasileira? Não estou falando dos (raros) descontos de 10%. Estou falando de promoção, queima de estoque, "o patrão ficou maluco".

A culpa é dos impostos? Estamos longe das grandes produtoras e não podemos negociar preços menores? Ganância? Burrice.

Vou me limitar ao universo dos jogos de PC, por que esse é o escopo do Retina Desgastada. E esse universo, no Brasil, sofre do mal das grandes lojas de departamento que não sabem o que estão vendendo. O brasileiro se acostumou a comprar jogos a 80, 100 reais nas grandes lojas. Considerando o valor do dólar e os impostos, esse preço não chega a ser injusto (não vou comentar sobre a desigualdade social, o salário-mínimo e outros problemas crônicos da Nação).

Porém, para os lojistas, não existe o conceito de produto antigo: um jogo irá custar 80/100 reais enquanto durar o estoque. Não importa a idade do título. Já vi jogos de 2000 sendo vendidos exatamente por este valor. Para o lojista tampouco importa se o jogo foi um sucesso de crítica ou um fiasco total. O preço não baixa. Não importa se o mesmo título foi relançado como parte de uma coleção com desconto pelo fabricante: a edição original continua com o mesmo preço. Não importa se o jogo foi vendido em banca de jornal a 15 reais: na loja, na caixa, o preço continua em 80. Se o imposto cair, imagine o que o lojista irá fazer?

Queremos Nomes!

Influenciado pela recente jogatina de Turok Evolution, decidi comprar o reboot da franquia, com o singelo título de Turok. O jogo é de 2008, teve uma recepção morna da crítica e vendeu pouco. Na Americanas, ele está indisponível. No Submarino, está sendo vendido por 90 reais, preço de lançamento. Na Saraiva, ele sai por 80 reais. Na Fnac, o preço mais barato: 40 reais. O que todas estas lojas tem em comum? Nenhuma delas é especializada em jogos. Por outro lado, na Gamestown, o mesmo jogo sai por 51 reais (por que está em promoção, o preço normal é R$85 mesmo). Você deve estar imaginando que eu desisti, ou comprei na Fnac. Não. Achei Turok por 25 reais (incluindo frete) na Rock Laser. Infelizmente, comprei o último no estoque.
Tabula Rasa Em outras palavras, uma loja pequena, sem projeção, tem um controle do valor de seus títulos melhor do que as grandes cadeias. Para estas, tanto faz se o cliente está comprando Turok ou Batman: Arkham Asylum. Na planilha do Excel, os dois são jogos e tem uma faixa de preço determinada previamente.

Esse raciocínio é a única explicação para a mesma Fnac estar vendendo Timeshift a oitenta reais, meses depois da Fullgames lançar o título nas bancas por menos de vinte. A diferença entre eles? A embalagem. É a única explicação para eles também ainda estarem vendendo o MMORPG Tabula Rasa, mais de um ano após o desligamento dos servidores oficiais. Por praticamente noventa reais você pode levar para casa um jogo que não funciona. No Canadá, as últimas cópias de Tabula Rasa foram parar no lixo. No Brasil, continuam à venda.

Jogos antigos ou cancelados são mantidos nas prateleiras à espera de algum desavisado, que os compre a preço de lançamento.

E você ainda acha que a redução dos impostos vai mudar esse panorama?

Ouvindo: Billy Idol - Mony Mony

Um comentário:

Patricia owna disse...

Concordo em partes, porque aí vem aquele assunto de que a causa da pirataria é o preço alto dos jogos eletrônicos. E digo mais, baixar jogos, mesmo que gratis, custa caro. Você precisa de uma boa conexão de internet (que no Brasil custa ainda muito caro) e de um PC razoável (que não sai por menos de R$2.500,00 se montado do zero). Depois disso, vem uma Crytec que lança um jogo como o Crysis, que custou à época de seu lançamento R$150,00(valor altíssimo em 2007), pedindo configurações simplesmente impossíveis de serem conseguidas para a maioria dos seres humanos. Vale lembrar, que a cada jogo novo no mercado sai uma nova configuração, como se PC fosse vendido na feira. Conhecí gente que pagou R$ 8.500,00 em um PC só para rodar esse jogo no máximo e não conseguiu, e outros tantos nem viram o ar da graça dos graficos fabulosos porque não tinham pc para isso. Todo mundo quer morder grande demais, Softhouses, a NVIDIA, a ATI, a INTEL, a AMD, todos alegando que o seu produto vale o que pede, e a gente tenta driblar tudo isso. Mentira. Todo jogo é tabelado e você tem que pagar por uma porcaria o mesmo preço de um jogo bom, não tem desconto nem se comprar dez peças. ATI, NVIDIA e a INTEL não tem como falsificar, mas tem como comprar sem pagar imposto e muita gente faz isso pelo mercado livre e, os programas, quem sabe baixa e quem não sabe, compra de quem sabe. É o geitinho brasileiro meu amigo! Agora, o que não dá é ficar sem jogar! rs

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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