Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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26 de abril de 2009

Índios, Dinossauros, Ciborgues e Outros Absurdos

Entre altos e baixos, a série de jogos baseados em Turok chegou ano passado ao seu sétimo(!) exemplar. Cinco anos após o lançamento do último jogo, sob a égide de uma nova desenvolvedora (a Propaganda Games), a saga do índio guerreiro matador de dinossauros teve uma nova repaginada, ganhou gráficos espetaculares (baseados na Unreal Engine 3) e prometia ressuscitar uma franquia que deixou saudades. Batizado simplesmente de Turok, a recepção foi bastante morna e as suas vendas não corresponderam às expectativas.

Se o jogo realmente merece o limbo das sequências mal-sucedidas eu ainda não posso avaliar. Mas, pelo menos, no campo das artes conceituais, o desenvolvimento do título primou pela excelência! Três dos artistas responsáveis conseguiram autorização da Propaganda e postaram uma quantidade avassaladora de artes da versão 2008 de Turok no site ConceptArt. Algumas (entre dezenas!), você confere abaixo:

Turok - Clique para Ampliar

Turok - Clique para Ampliar

Turok - Clique para Ampliar

Turok - Clique para Ampliar

Turok, Uma Saga

Por incrível que pareça, Turok, o personagem, surgiu há mais de cinquenta anos nas histórias em quadrinhos! Inicialmente, Turok era um índio pré-colombiano aprisionado junto com seu irmão Andar em um vale habitado por dinossauros. Suas histórias giravam em torno de uma contínua busca por uma saída. Anos mais tarde, Turok ressurgiria em outra editora com uma história ligeiramente diferente: desta vez, os dois irmãos seriam nativos norte-americanos do século XVIII e o vale "perdido" seria uma anomalia cósmica onde o tempo se arrastaria de uma forma muito mais devagar que o continuum. Posteriormente, outros elementos seriam acrescentados ao universo do personagem como alienígenas interessados em conquistar a anomalia, dinossauros com implantes cibernéticos e outras extravagâncias.

cover_concept Nos jogos eletrônicos, a cronologia de Turok se torna ainda mais confusa, com constantes modificações e muitos desvios dos quadrinhos. A principal vítima da adaptação é seu irmão Andar, que nem mesmo é citado. No primeiro jogo, a Terra Perdida agrega elementos de várias eras diferentes e está sob a ameaça de um ciborgue alienígena e um exército de mercenários, dinossauros, selvagens, robôs e outros acólitos. Em sua continuação, Seeds of Evil, o personagem principal chama-se Joshua Fireseed e pertence aos dias atuais, insinuando que Turok não é um indivíduo, mas um título para todo aquele que defender a Terra Perdida, uma espécie de legado passado entre gerações de índios e seus descendentes. Desta vez, a ameaça é uma força alienígena adormecida prestes a despertar. Em sua continuação, Shadow of Oblivion, uma entidade cósmica mata Joshua no começo da aventura e o jogador precisa escolher qual dos seus irmãos irá assumir o manto de Turok e proteger o universo desta força devoradora de almas.

A continuidade dá uma reviravolta no tempo em Turok: Evolution, onde a história retorna para o século XIX, quando um jovem índio chamado Tal'Set e seu inimigo mortal, o capitão Tobias Bruckner, são transportados para a Terra Perdida. Tal'Set aprende sobre a profecia de Turok, o protetor, e enfrenta Bruckner, que se associou a um tirano interessado em conquistar tudo que existe.

A versão 2008 da franquia joga tudo pro espaço, literalmente. Desta vez, o jogador encarna o descendente de índios Joseph Turok, um soldado de elite de um futuro distante que é traído por seus companheiros e naufraga em um planeta infestado de dinossauros! O título abandona o misticismo presente nos outros jogos e abraça de vez a ficção-científica, com armas pesadas e batalhas sangrentas entre Turok, mercenários fortemente armados e monstros que atacam tudo que vêem.

Confesso que o primeiro Turok foi um dos jogos mais difíceis que eu já joguei, nem tanto pelas lutas contra os monstros, mas pelos saltos impossíveis que Turok precisava realizar e pelo sistema de save point implementado. Ainda assim, havia um charme presente no enredo absurdo, nas armas potentes e no personagem principal, que era capaz de ressuscitar e clamar em alto e bom tom: "I AM TUROK!". Demorei muito tempo para concluir o jogo, mas valeu a pena.

Meu segundo encontro com o universo de Turok seria com Seeds of Evil. Lamentavelmente, meu micro na época não estava equipado com uma placa 3D capacitada e eu não consegui jogar mais do que cinco minutos do demo. Foi o suficiente para perceber que o jogo era bem diferente e que, provavelmente, eu nem gostaria do estilo.

Anos se passariam sem outro contato com Turok. Por uma estranha decisão dos desenvolvedores, Shadow of Oblivion não foi lançado para PC. Quando os primeiros trailers de Evolution saíram, eu juro que fiquei bastante empolgado. Turok seria capaz de montar em dinossauros alados e controlar veículos! Os gráficos tinham dado um salto de qualidade significativo! Mas a decepção foi grande... Evolution é considerado um dos jogos mais cheios de bugs da história da indústria, tendo sido lançado às pressas por uma empresa às portas da falência. Teimoso, me recusei a aceitar que o jogo poderia ser tão ruim e insisti. Com paciência, evitando os bugs principais, consegui me divertir por várias horas. Se Evolution não era um candidato para a lista de favoritos, não era tampouco de se jogar fora. Até eu cometer um erro terrível um dia e apertar o botão de criar um novo perfil, ao invés de carregar um perfil salvo. Evolution era tão mal-programado que o ato de criar um novo jogo zerava o jogo atual. Tudo que eu havia jogado, se fora. Evolution agora repousa na estante esperando o momento que minha raiva se acalme para uma nova tentativa

Irritado com Evolution, mas saudoso do personagem, talvez um dia eu tente esta aventura espacial do novo Turok. Mas, sem pressa. A impressão que fica é que ainda não conseguimos produzir um jogo que consiga colocar o incansável caçador de dinossauros no panteão dos grandes personagens da história dos jogos eletrônicos...

Ouvindo: Combichrist - Dead Again

Um comentário:

Rodrigo P. Ghedin disse...

Só joguei o primeiro Turok, no Nintendo 64. Ali comecei a cultivar a opinião, hoje imutável, de que FPS e joystick não combinam.

Esse último Turok está bem barato no Brasil - já vi por R$ 39,00. Duro é saber se vale a pena mesmo, ou se é bomba.

No mais, parabéns pelo post, Aquino. Bastante completo e muito bem escrito!

[]'s!

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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