Retina Desgastada
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1 de setembro de 2020

Jogando: Windbound (Beta)

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Eu estava esperando um Zelda para PC, esse mítico exemplar capaz de trazer toda a magia da Nintendo para uma plataforma que a gigante japonesa finge que não existe. Não que o PC precise disso, mas muitos desenvolvedores e jogadores já pereceram nessas águas lendárias de recriar a tal "experiência Zelda".

Enfim, Windbound não é Zelda. Eu acho. Nunca testei um Zelda de verdade. Para meu espanto, Windbound é um título de sobrevivência e ali estava a barra de fome para me pressionar a esse respeito. Apesar de ser fã do gênero, fui pego de surpresa e minha primeira reação foi de rejeição. Ademais, o gosto amargo de Ark, do espúrio Savage Lands e do falho Population Zero ainda estava na minha boca para criar uma antipatia quase automática por mecânicas de procurar comida, fabricar itens, construir abrigo...

Cinco minutos depois, Windbound me conquistou pela beleza. É um dos mais belos oceanos de uma sucessão de jogos marítimos na minha jogatina recente de Summer in Mara e Spiritfarer. A física dos fluidos aqui é majestosa e perceber o ondular das águas (e os corais perigosos que se escondem por baixo) é um de seus desafios.

Somado à beleza, temos uma história enigmática de uma terra misteriosa. Sim. Então, em cinco minutos, eu estava coletando folhas, catando pedras e comendo cogumelos feliz da vida debaixo do radiante sol tropical desse arquipélago.

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Há algo de Salt em Windbound, mas sem os elementos randômicos e com muito mais propósito. É algo que eu genuinamente curto: sobrevivência, mas com metas definidas. Nossa heroína precisa ativar cristais mágicos espalhados em ilhas diferentes para desbloquear uma passagem para o capítulo seguinte. Na transição entre mundos, uma épica travessia entre ruínas e criaturas colossais, que irão desafiar sua capacidade de navegação.

Morrendo na Praia

Windbound pode ser desfrutado em duas formas: com ênfase na sobrevivência, com direito a morte pra valer, ou no modo história, sem "morte" e com combate suavizado. A primeira forma é o modo recomendado pelos desenvolvedores e, por mais que o segundo apetecesse minhas sensibilidades de explorador e apreciador de um bom enredo, optei por jogar como seus criadores focaram.

Foi um erro. Primeiro porque o combate é complicado. Em modo de mira fixada, é possível esquivar, não é fácil, mas é possível. Em contrapartida, apesar do travamento da mira, é mais difícil atingir o oponente. Em modo livre, é mais fácil acertar, mas também é muito mais fácil ser atingido. O resultado é que eu evitava conflito contra criaturas maiores que eu e não matei nenhuma delas em nenhuma delas (com resultados letais em todas as tentativas).

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Segundo, que morrer é cruel. Você retorna ao início do jogo, carregando apenas os itens que estavam em suas mãos, uma penalidade brutal que poucos títulos de sobrevivência aplicam. Fiquei imaginando como seria morrer no capítulo final... E, sem um elemento de aleatoriedade, repetir os capítulos se torna enfadonho e exageradamente punitivo. Na melhor das hipóteses, você acorda em ilhas diferentes, mas elas são sempre as mesmas em cada capítulo.

Ironicamente, há um bug no beta. Morri no segundo capítulo e conseguir recomeçar do segundo capítulo, uma solução que achei muito mais justa. Para isso, eu precisava sair do jogo e entrar de novo, selecionando meu personagem. Se eu não fizer isso, se eu apenas apertasse Continuar, lá estava minha aventureira de volta à estaca zero.

Largar Âncora

Infelizmente, minha temporada pelo jogo foi prejudicada por eventos alheios à minha vontade. Teoricamente, a análise do título, pelo Gamerview, estava sob minha responsabilidade. A desenvolvedora liberou uma chave beta com bastante tempo para experimentar. Ao contrário do que parece, tempo disponível não é automaticamente convertido em tempo jogado para o analista de jogos: na prática, isso significa que o jogo foi sendo protelado enquanto títulos com lançamento mais urgente eram priorizados.

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No meio do caminho, a desenvolvedora enviou uma segunda chave... definitiva e para PlayStation 4, console que não possuo. Nosso temor era que a minha chave beta não fosse automaticamente evoluída para uma chave final. Windbound estava claramente em estado beta, inclusive com mensagens de debug nas telas de carregamento. Quaisquer bugs ou problemas ou ajustes poderiam não ser levados para a versão de lançamento e seria injusto avaliá-lo nesse formato incompleto. Não seria adequado reclamar do sistema de permadeath se ele talvez não fizesse parte do jogo no final das contas. O tempo foi passando e nada de o jogo atualizar para mim.

Uma decisão foi tomada rapidamente: o compromisso de fazer análise passaria para um colega, para que o texto estivesse pronto a tempo do lançamento.

Ironicamente, após ser liberado no Steam, a atualização foi desbloqueada para mim. Windbound baixou novamente, em toda sua glória, e ainda preservou meu progresso (no capítulo 2, ainda por cima!).

O tempo é implacável e outros títulos apareceram para ocupar seu lugar. Novos ventos sopram e, por enquanto, terei que deixar minha náufraga exploradora presa no capítulo 2 mais um pouco.

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Ouvindo: The Cruxshadows - Dark Matter

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