Kan Gao não é um desenvolvedor de jogos. Kan Gao é um poeta.
Essa é a epifania que me atinge no meio da jornada de A Bird Story. Um jogo curto de 75 minutos, que é ao mesmo tempo a continuação de To the Moon e não é.
Gao (e seu time, vale dizer) se apropria novamente da linguagem do mundo dos jogos, revira o infame RPG Maker pelo avesso, senta em frente de um piano e compõe uma experiência de tirar o fôlego e produzir lágrimas.
Desta vez, ficam para trás o labirinto de pistas e os temas pesados abordados em sua obra-prima To the Moon. A Bird Story é aquilo que seu título diz: uma história sobre um pássaro. Um menino. Uma amizade. E poesia.
Gao manipula as transições de ambiente com um domínio raramente visto e pontua cada momento com a marcação musical perfeita. A interatividade, rara, aparece apenas em momentos cruciais que possam aumentar a imersão. Ele é o maestro, A Bird Story é sua sinfonia, nós um misto de público e coro.
Vivendo em um mundo de poucas cores, habitado por sombras e sufocado por uma rotina desgastante, o garoto da história sonha com uma liberdade que se manifesta na forma de aviões de papel. Seu mundo se altera diante de um pássaro ferido. Gao nos conduz pela mão por momentos de alegria, descoberta, tensão, humor, deslumbre.
Tudo isso sem que uma única palavra seja dita ou lida.
E termina com a promessa de uma nova história, um dia. Por que A Bird Story é o prólogo. Uma memória do que veremos em To the Moon 2.
"Eles passarão, eu passarinho".
2 comentários:
Espero que seja mais interessante que To The Moon, era mto longo para sua frágil premissa e tinhas diálogos desnecessários em excesso.
Duas coisas que COM CERTEZA não são problema em A Bird Story: ser muito longo e ter diálogos em excesso! :)
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