Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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12 de dezembro de 2010

(não) Jogando: Scrapland

"Por que, raios, eu estou jogando Scrapland?". Esta era a pergunta que cruzava minha mente durante toda as duas horas que eu perdi jogando este título. Eu poderia responder a mim mesmo que o nome do gênio louco American McGee atado ao projeto era uma isca para a curiosidade, mas, apesar de toda propaganda enganosa, a verdade era que McGee não havia nem produzido, nem criado Scrapland. Seu nome na caixa era apenas um engodo; como o nome de Tarantino em O Albergue, por exemplo. Aparentemente, McGee havia gostado do jogo e dado seu aval.

Scrapland 01"Por que, raios, eu estou jogando Scrapland?". Eu poderia responder que estava buscando me afastar ao máximo da última linha de jogos que eu experimentei. Scrapland talvez seja o mais extremo que um ser humano pode alcançar em relação a Left 4 Dead e seu apocalipse zumbi ou Deus Ex e sua sombria distopia cyberpunk. Scrapland é um jogo que pega "emprestado" muitas das idéias do desenho animado Robôs: um mundo colorido habitado apenas por robôs engraçadinhos e com uma carga de neon capaz de fazer TRON parecer Call of Duty por comparação. Infelizmente, Scrapland não se decide entre ser infantil e ser pesado e coloca lado a lado personagens absurdamente bobos e cruéis assassinatos, caricaturas e sexismo, robôs fofinhos e destruição sem sentido de policiais. Scrapland é esquizofrênico e, com tantas luzes, talvez afete os epilépticos.

Scrapland 06

"Por que, raios, eu estou jogando Scrapland?". Eu poderia responder que estou precisando de umas risadas e que Deus Ex derrubou meu bom humor e Left 4 Dead entupiu meu sistema de adrenalina. Mas, para isso, Scrapland precisaria ser engraçado. Mas o timing está todo errado e o senso de humor apela constantemente para cansados clichês: assistente do chefe sexy, banqueiros muquiranas, religiosos fanáticos, burocratas chatos, policiais truculentos etc. Não há uma única piada inteligente de ponta a ponta do jogo.

Scrapland 04"Por que, raios, eu estou jogando Scrapland?". Eu poderia responder que estava ansioso por um mundo aberto ou que seus gráficos são fantásticos. Mas um mundo aberto precisa mais do que espaço, precisa de algo para ser feito que não sejam enfadonhos combates de naves ou corridas sem sensação de velocidade. Precisa de personagens cativantes, precisa de vida e desafios. "Vença esta corrida e eu te ajudo", "destrua dois policiais e eu te dou outra missão", "mate fulano que eu conto tudo" são o tipo de atividades que já foram feitas exaustivamente, com jogabilidades melhores e justificativas mais sólidas. E gráficos bonitos... se eu quisesse apenas gráficos bonitos, eu reinstalava Gothic 3.

Scrapland 07"Por que, raios, eu estou jogando Scrapland?". Eu não sei. Depois de duas horas brigando com os controles e tentando conhecer as possibilidades, eu percebo que eu e meu personagem não temos nenhuma motivação para fazer o que estamos fazendo. Para nosso benefício, desinstalo o jogo.

Está me devendo esta, McGee.

Ouvindo: Primal Scream - Trainspotting

Um comentário:

Bruno disse...

Bom, pense que o cara pode se redimir com o Alice: Madness Returns.
Aliás, tem teaser novo e um showcase na EA Tokyo.

Aqui o link oficial:
http://www.ea.com/alice

Agora, só pelo primeiro trailer vc já tinha certeza de que a Alice é de alguma forma responsável pela morte dos pais ou pelo menos esta acredita que sim. Isso pode ser visto por qualquer um no primeiro teaer ao ouvir aquela voz no final "Alice, what have you done?". É isto que transformou o Mundo das Maravilhas no naquela coisa caótica, negra e sangrenta.
O problema é: já que uma parte muitom importantíssima da história foi revelada, será que terão alguma compensação, como algum plot twist inesperado, compatível com a história e inteligente (ou seja, nada de Deus Ex Machina) ou vamos jogar já sabendo os possíveis finais e nos emputecer por estarmos certos?

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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