Retina Desgastada
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19 de março de 2010

Jogando: Burnout Paradise

Burnout Paradise Uma das minhas diversões favoritas em GTA: San Andreas era "pegar" um carro e sair pelas estradas, sem destino, experimentando a velocidade, descobrindo lugares. Sem a pressão de missões complicadas. Apenas ligar o rádio em uma estação qualquer, ou carregar uma pasta de MP3s, e colocar o pé no acelerador. Olhar a paisagem, fazer loucuras ao volante ou simplesmente dar uma volta no bairro que CJ chamava de lar. Como eu não dirijo nem bicicleta no mundo real, a experiência multimídia me proporcionava uma fagulha do "prazer da viagem", que meu pai sempre falou.

E não é que fizeram um jogo inteiro sobre isso? Há um mês, eu venho curtindo meus fins de noite em pequenos passeios pela cidade de Paradise City.

Queimando Asfalto

Burnout Paradise apresenta milhas e milhas e milhas de uma metrópole e seus arredores: viadutos, túneis, becos, atalhos, pontes e estradas vicinais, todos abertos para exploração e competição. Você pode passar horas conhecendo os arredores e ativar uma corrida em cada sinal de trânsito. São centenas delas, de todos os tipos, cobrindo todo o território. Existem também 75 opções de carros para serem desbloqueados (além das motos), centenas de outdoors para serem destruídos, saltos especiais escondidos, recordes para serem batidos. Isso tudo no single player. Aventurando-se pelo vasto e bem estruturado universo multiplayer do título, as possibilidades explodem.

Em Paradise City existe variedade, gráficos de tirar o fôlego, batidas de assustar, destruição, uma trilha sonora quase infinita... e nenhum bug! Naturalmente, depois de tanto tempo após o lançamento e tendo comprado a versão do Steam, qualquer problema do passado já desapareceu. Burnout Paradise é um título singular.

Derrapando na Curva?

Durante as primeiras semanas de jogatina, eu estava em êxtase. O excesso de novidades a ser absorvido me mantinha em um nível de torpor constante, sugado para dentro de uma cidade virtual que parecia se estender até o horizonte e além. Eu deveria ter escrito alguma coisa sobre o jogo, então. Mas cada minuto que sobrava, em um período de pouco tempo livre, era dedicado a me plugar em Paradise City, como um vício frenético por velocidade virtual. Eu deveria ter escrito páginas e páginas de louvor a esse jogo. Deveria...

Passado o impacto inicial, eu percebo as grandes diferenças entre Burnout Paradise e GTA: San Andreas. Roteiro. Propósito. Motivação. Nas aventuras de CJ, eu podia parar de passear, aceitar uma missão e retornar ao fluxo narrativo. Eu podia fingir ser um policial, um caminhoneiro, um taxista, um motorista de ambulância. Eu podia andar pela cidade, cometer crimes, interagir com a multidão digital, ampliar o território de minha gangue, caçar inimigos, pular de para-quedas. Em Burnout Paradise, eu dirijo e dirijo.

Ao contrário das 111 corridas de Need for Speed Underground, necessárias para vencer o jogo, Burnout Paradise não tem fim. Ou tem um final tão enfadonho de ser atingido que pode ser confundido com uma tarefa ou um trabalho. São dezenas e dezenas de eventos entre a carteira de habilitação que você começa e a última carteira possível que você pode adquirir. Conquistar os 75 carros também é um esforço colossal. Obter 100% no título é um mérito exclusivo do mais hardcore dos jogadores.

Eu poderia reclamar dos doze cliques necessários para começar a jogar de verdade, da capacidade de tornar uma música excelente ("Paradise City", do Guns) em algo irritante, da locução incessante (e sem legendas) do DJ Atomika, ou da falta de um botão para tirar screenshots, mas tudo isso são problemas pequenos perto do grande vazio emocional de uma cidade sem personagens, sem pessoas ou histórias. Sem um fim específico ou um que eu esteja disposto a alcançar, os passeios pela cidade-fantasma se aproximam demais da experiência arcade do jogar pelo jogar, pelo acumulo sem sentido de troféus, pontos e carteiras.

Mas a adrenalina trafega em altíssima velocidade por minhas veias e os jatos no meu cérebro cantam a mesma música outra vez. E, enquanto eu passo a barreira dos 50% de realizações, eu me pergunto por quanto tempo mais eu permanecerei escravo dos primais instintos do "prazer da viagem".

Ouvindo: Depeche Mode - Freelove

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