Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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22 de maio de 2021

Aleatoriedades

Vez ou outra, a discussão sobre a quantidade de jogos não jogados que temos retorna à baila. O infame backlog é um fantasma que assombra muita gente, principalmente em uma era digital em que a coleção não é visível, não ocupa espaço e você pode comprar dez jogos de uma vez em um pacote pagando bem pouco. Eu tinha noção de que possuía um vasto número de títulos, mas me faltava um cálculo mais preciso.

Então, descontando jogos isolados como Minecraft, MMORPGs em que tenho conta, um punhado de mídias físicas pegando poeira na garagem, dezenas de instaladores na pasta Temporário/Software/Games, DVDs mofados ou um balaio de gatos perdidos no Itch.io. eu descobri que tenho 2009 títulos em meu acervo.

estatísticas

Dois mil e nove. Se serve de algum consolo, 24% desses títulos já foram "jogados", o que significa que, em algum momento, foram pelo menos instalados e eu olhei para eles. Eu acreditava que a proporção fosse ainda pior do que isso. Por outro lado, esse dado estatístico é questionável em uma ferramenta que registra zero jogos completados (o que seria "completado" afinal? Há um consenso entre os desenvolvedores sobre seu significado?).

Para conseguir uma listagem de todos os jogos que possuo no GOG, Steam, Origin, Uplay e Epic Games Store, eu testei duas ferramentas com funções praticamente idênticas: GOG Galaxy e Playnite.

Duelo de Iguais

Os dois dois programas realizam rigorosamente a mesma proposta: servir como um ponto central de todos os clientes, de todas as contas. Isso é possível através da mágica do API. Para quem não é da área de desenvolvimento, isso é tipo uma ferramenta de contato, um pedacinho de cada cliente que pode ser executado por um programa externo. Desta forma, um programa que você ou outra pessoa cria pode mandar uma pergunta ao servidor original: "olá, Steam, desculpa incomodar, mas você pode autenticar esse usuário pra mim e retornar a lista de seus jogos ou amigos?". O usuário entra com seus dados privados em uma janela que apenas o Steam tem acesso. O Steam (ou outro cliente qualquer) confirma a identidade do usuário e atende à requisição.

A partir dessa interação com cada um dos serviços, o GOG Galaxy ou o Playnite tem acesso a suas informações como colecionador. Infelizmente, isso exige que você entre com seu login e senha um a um. O Steam é mais aberto nesse sentido, então, basta ter o Steam rodando aí na sua máquina que esses programas já puxam tudo que eles precisam.

gog-galaxyplaynite

O sistema é similar àqueles sites que pedem se você quer criar uma conta a partir de seu login do Google ou do Facebook. O site não fica com seus dados de autenticação, apenas com a confirmação de que você é você. Ou seja, é seguro. Na medida do possível.

A interface do GOG Galaxy e do Playnite também são muito similares, então eu diria que é uma questão de gosto pessoal utilizar um ou outro. Eu, particularmente, achei a alternativa do GOG visualmente mais agradável, mas ambos oferecem opções de customização e o Playnite tem temas. O Playnite também conta com um espectro maior de ferramentas avançadas e, por ser um programa de código aberto, traz mais recursos desenvolvidos pela comunidade, mas você irá precisar sujar as mãos de graxa.

Forças do Destino

need-for-speed-shift

Para tentar domar o colosso do backlog, já utilizei diversos sistemas pessoais, uma mistura de TOC com organização. Meu método atual consiste em sempre ter pelo menos um título cooperativo ou competitivo para jogar com o guri, os jogos que tenho que analisar pelo Gamerview, um jogo que eu escolhi por decisão pessoal (a categoria mais complicada...) e um título decidido randomicamente. O jogo aleatório é transformado em "série" no canal do Retina Desgastada no YouTube, mas isso nem sempre significa que serei capaz ou terei paciência para terminar. Isso assegura uma flexibilidade insana no canal, um luxo permitido pela absoluta falta de monetização.

Desta forma, todos os jogos são iguais aos olhos das forças da aleatoriedade. Não importa o pacote exótico que eu compre, se o título é um AAA de milhões de dólares ou um produto caseiro feito com duas mariolas e um pacote de miojo: cada jogo terá uma chance igual de ser jogado um dia.

Anteriormente, para gerar o "sorteio", eu empregava a excelente página Steam Filters, criada por Lorenzo Stanco. Entretanto, ela estava limitada ao meu acervo no Steam. É minha maior coleção, mas não era um sistema justo com outros jogos esquecidos em outras plataformas. Consolidar meus jogos em um programa só era fundamental.

Infelizmente, o GOG Galaxy não conta com o extremamente simples recurso de "ordenar randomicamente". Os usuários pedem, a CD Projekt Red ignora.

O Playnite apareceu em minhas pesquisas justamente por disponibilizar o comando "Selecionar um jogo aleatório" (F6). Testei essa funcionalidade dois dias atrás e ele me sugeriu Need For Speed: Shift, um título que eu tinha no Origin.

Entretanto, surpreendi-me ao perceber que o jogo não traz corridas de rua e tampouco aquela jogabilidade moleque de arcade que eu tanto aprecio. Com uma pegada de simulação em pistas de corrida, eu sofri no tutorial e me dei conta de que não teria como sequer começar uma série. Apaguei o meu vexame, desinstalei.

Rogue-Legacy

Depois disso, Playnite sorteou para mim ó elogiadíssimo Rogue Legacy, um jogo do GOG. Percebi de forma quase instantânea por que ele é tão cativante. Sua simpatia transborda em cada pixel, a música preenche o cérebro com tensão e vontade de seguir em frente, suas mecânicas de "legado" suavizam os aspectos "rogue" e completam o charme. Também percebi de forma quase instantânea que não tenho o menor traquejo para esse tipo de jogo em um teclado. Na décima geração, não tinha conseguido evoluir nada e cada nova tentativa era apenas uma nova catástrofe. Interrompi o banho de sangue hereditário, apaguei a gravação e desinstalei.

Por último, já em plena madrugada amargurada, Playnite me levou até Outcast. É uma sina que persegue esse blog. O jogo que já foi iniciado três vezes e jamais concluído. De posse da versão Second Contact, espero que agora eu chegue ao final dessa jornada.

Os senhores da aleatoriedade me deram a ferramenta definitiva agora e me conduziram até o meu destino. Ulukai me chama.

outcast-second-contact-fist-fight

Ouvindo: Infected Mushroom - Disco Mushroom

Um comentário:

raphael aremusica disse...

Fui dar uma olhada e no Galaxy me mostra 715 jogos. Tenho certeza que, embora tenha menos do que seus 2000, a porcentagem de "jogados" é muitas vezes menor. Até por isso parei de aproveitar promoções e estou tentando só pegar algo que eu vá jogar mesmo... nem sempre a tentativa dá certo, é verdade! =D

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Blog criado e mantido por C. Aquino

Outcast - A New Beginning