Retina Desgastada
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27 de maio de 2020

O Filho do Chefe Pediu

Assassins-Creed

Hoje em dia, é fácil reconhecer um jogo de mundo aberto da Ubisoft. É praticamente uma fórmula: existe uma campanha, mas também existe um mapa imenso lotado de missões paralelas para serem realizadas e áreas para desbloquear. Você já viu isso à exaustão e Assassin's Creed, Far Cry, Watch Dogs...

Entretanto, o que pouca gente sabe, é que dá para voltar no tempo e descobrir o momento exato em que isso começou. O mais bizarro de tudo é que nada disso existiria sem o filho do chefe.

Charles RandallQuem revelou recentemente essa história impressionante foi Charles Randall, que trabalhou na desenvolvedora por quase sete anos, antes de se tornar um dos integrantes da Capybara Games. Ele foi o responsável pela Inteligência Artificial de luta dos primeiros Assassin's Creed e se gaba de ser o criador do movimento de execução com um salto.

De acordo com uma série de tuítes publicados por Randall, o primeiro Assassin's Creed já estava pronto, prestes a ser prensado, quando chegou uma ordem da cúpula da Ubisoft para acrescentar missões paralelas. Muitas missões paralelas. Se você achou repetitiva essa parte do jogo, a culpa pode ser facilmente atribuída ao fato de elas terem sido criadas em apenas cinco dias, porque o filho do CEO da gigante francesa tinha jogado o título e achado tedioso.

Segue o desabafo do desenvolvedor:

Esta é uma VERDADEIRA história de horror que levou aos 5 dias mais loucos da minha vida.

Se você já jogou alguma vez o Assassin's Creed original, você saberia que havia as missões com os alvos e também havia várias atividades paralelas.

E se eu dissesse que essas atividades secundárias não existiam na primeira submissão? Estávamos todos prontos para lançar o jogo, o primeiro envio correu muito bem e, em seguida... veio A NOTÍCIA. O guri do CEO jogou o jogo e disse que era chato e não havia nada a fazer no jogo.

Então meu chefe chegou até mim e disse "então, temos que adicionar um monte de atividades paralelas ao jogo. Temos um plano do Patrice, mas não vou dizer 'sim', a menos que você esteja dentro".

Eu digo para ele me dar um tempo para pensar sobre isso (...)

Eu esqueci a parte principal. Ele disse: "temos que colocar todas essas missões paralelas no jogo em cinco dias e elas precisam estar livres de bugs, porque a compilação será gravada diretamente no disco e lançada no mercado".

(...)

Eu digo: "sim. Mas eu tenho condições". Ele diz: "qualquer coisa".

Então é assim que eu e ... 4? ou 5? outras pessoas acabaram no edifício principal da conferência do escritório de Montreal, que normalmente só é acessível com um cartão de porta especial. E éramos apenas nós que tivemos acesso. Ninguém mais foi autorizado a entrar. Todos os nossos computadores foram transferidos para lá.
Enfim, o resto é um borrão, mas eu sei que correu super bem, porque fizemos isso. Conseguimos implementar tudo isso em 5 dias.

O desenvolvedor revela que escapou um bug na correria. Um dos Templários era impossível de ser assassinado se o jogador o abordasse pelo ângulo errado. O alvo iria simplesmente sumir para baixo da mapa e ser dado como morto. Entretanto, essa morte não computaria como um abate feito pelo personagem e a missão nunca poderia ser completada, a menos que o jogador começasse Assassin's Creed de novo. Um pequeno preço a se pagar para deixar o filho do chefe feliz...

Apesar das circunstâncias inacreditáveis, Randall não guarda rancor. Segundo ele, "o que adicionamos ao jogo foi bom e necessário, todo o processo foi voluntário por parte de todas as pessoas na sala, AC1 continua sendo o jogo mais fácil que já publiquei, com o mínimo de hora extra".

Depois que a história explodiu na mídia, Randall recuou e declarou que não sabe se a história do "filho do CEO" é real ou não ou mesmo se ele tinha filhos, mas que teria ouvido essa explicação de alguém da equipe. Essa é uma afirmação relativamente fácil de se averiguar, embora, aparentemente, nenhum veículo tenha se dado ao esforço de pesquisar ou perguntar diretamente à Ubisoft.

Yves Guillemot

Com o jogo lançado em novembro de 2007, Yves Guillemot ocupava o cargo de CEO na época, posição da qual desfruta desde 2004. Como CEO especificamente da divisão de jogos eletrônicos, o executivo, que também é fundador da Ubisoft, começou em 1997. Então, não há como: se houve algum filho influente na criação de Assassin's Creed, teria sido o filho de Guillemot. O executivo é o CEO absoluto dos jogos da empresa há quase um quarto de século.

Por sua vez, Yves Guillemot tem três filhos: Charlie, Héloïse e Victor. Qual deles poderia ser o potencial incentivo para os mundos abertos da Ubisoft? Charlie e Héloïse são atualmente gerentes de estúdios da Ubisoft, então talvez a história tenha um fundo de verdade. Então, da próxima vez que você estiver vagando por uma ilha paradisíaca, navegando por uma cidade distópica ou explorando algum período histórico, coletando artefatos sem sentido, perseguindo NPCs escondidos ou tentando completar uma lista aparentemente interminável de tarefas, lembre-se de como o filho da pessoa certa mudou toda uma indústria...

Ouvindo: The Mission - Father (não, sério, foi coincidência!)

Um comentário:

Ale Bueno disse...

Eu achei o primeiro AC bem tedioso, as atividades segundarias eram chatas e as missões todas iguais, só ganhou fôlego no ato final, já AC 2 foi uma obra prima, tirou tudo de ruim do primeiro e acrescentou várias outras coisas boas.

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