Aproveitando que CJ retornou à conversação com o (conturbado) lançamento da "versão definitiva" de Grand Theft Auto: San Andreas, percebo que onze anos depois pouco ou quase nada se modificou na indústria dos jogos eletrônicos desde esse meu desabafo lá atrás. A pele negra continua ausente em uma poderosa fatia do entretenimento (e, por quê não dizer, da arte?) que insiste em nos oferecer fuzileiros brancos, guerreiras ruivas domadoras de dinossauros cibernéticos, vampiras gigantes de pele pálida e mais do mesmo ano após ano. E, quando surge uma divergência do padrão estabelecido por décadas, sempre aparece uma turba barulhenta para reclamar de "lacração", "agenda", "woke" ou outros rótulos pejorativos, como se o lugar da minoria fosse na senzala dos NPCs e não no protagonismo.
Quando analisamos uma lista ao acaso de 5 Melhores Personagens Negros da história dos videogames, é estranho que nenhum deles seja a estrela de um jogo próprio, aparecendo na maioria das vezes como parte do elenco de um título com múltiplos personagens, onde seria aberrante demais se, pelo menos um, não fosse negro.
Então, nessa semana, ao criar meu personagem para Lost Ark, meu filho perguntou, percebendo um padrão, porque eu jogava apenas com heróis negros no momento da criação, embora eu não possa ser considerado como tal (mãe mulata e pai branco). Minha resposta foi simples e, espero, didática: "por todos os outros jogos em que eu não posso escolher".
Um comentário:
Eu ia colocar o emoji das palmas, mas como não tem vai a onomatopéia mesmo: clap, clap, clap, clap! =D
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