Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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26 de setembro de 2020

Jogando: Scanner Sombre

Scanner Sombre 10

Quando eu era garoto, descobri o fascínio das cavernas. O sítio de uma amiga de meus pais tinha algumas delas, de tamanhos variados. Duas ficavam bem no centro da propriedade e tinham luz elétrica e tudo. Entretanto, meu pai e eu encontramos um conjunto "selvagem" de grutas na periferia do sítio, no meio do mato que pareciam imensas para mim, no auge dos meus dez anos. Uma delas tinha um córrego interno e chegamos empilhar algumas pedras para fazer uma pequena lagoa. É uma das minhas lembranças mais cálidas e talvez tenha sido ali o começo de minha sina de explorador, ainda que de paisagens virtuais.

Já adulto, mas também com meus pais, visitei a Gruta de Maquiné, uma das maiores existentes no país. Sanitizada, iluminada, com fila de turistas, plataformas, cercas e grades, não correspondia a minhas memórias infantis, obviamente, apesar de ser infinitamente mais fascinante e linda do que qualquer buraco na terra que eu possa ter encontrado enquanto garoto. Entretanto, não se pode competir com o imaginário.

Por causa de tudo isso, Scanner Sombre foi uma curta mas significativa experiência, tão imersiva quanto se é possível ser e um quase retorno àquele Aquino criança descobrindo uma passagem para outras realidades nas entranhas do planeta.

No jogo da Introversion Software, encarnamos um explorador obcecado por desbravar um misterioso conjunto subterrâneo dominado pelas trevas absolutas. Á nossa disposição, temos um sofisticado equipamento que mapeia em 3D o ambiente ao nosso redor e um visor que interpreta esses sinais. O resultado é um título visualmente diferenciado que nos convida para uma jornada sombria.

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O toque de gênio é sem dúvida o aspecto gráfico do jogo. É necessário apertar constantemente um botão para jogar pontos luminosos em direção à escuridão e ser surpreendido por todo um ambiente sendo construído na sua frente. Parece mágica e acredito que o efeito é intencional. Explorando gradativamente esse cenário tão isolado e tão solitário, fui desafiado por fenômenos inexplicados.

Há grandes momentos de deslumbramento e de tensão em Scanner Sombre. O jogo flerta com o survival horror, mas é, em sua essência, uma aventura de (re)descobertas.

A parte sonora contribui também para o impacto geral e há uma distribuição muito acertada de músicas que só ampliam essa atmosfera claustrofóbica. A trilha está disponível gratuitamente no Steam e, infelizmente, foi composta em um momento muito doloroso para seu autor, que despeja aqui todas suas emoções de desespero, mas também de júbilo.

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Há dois defeitos na experiência. Um deles é sua curta duração. Em menos de uma hora, é possível completar o circuito. O segundo problema é que sua conclusão pode não ser satisfatória para muitas pessoas e utiliza um clichê tão ancestral quanto as ruínas de uma civilização passada.

Scanner Sombre nasceu de um protótipo feito por diversão pelos criadores de DEFCON e Prison Architect e não poderia ser mais diferente de seus outros títulos. Para mim, foi uma grata surpresa.

Ouvindo: Marilyn Manson - Arma - Goddamn - Motherfuckin - Geddon

4 comentários:

Shadow Geisel disse...

Pela descrição, ele parece ter parte dos atrativos que me despertaram interesse em No Men's Sky e Minecraft.

Marcos A.T. Silva disse...

Olha, após ler seu artigo, estou extremamente tentado a adquirir o Scanner Sombre.

Só fico com receio devido a algo que você citou: a curta duração.

C. Aquino disse...

Pagar 12 reais em um título que tem cerca de uma hora de duração não é pra qualquer um. Felizmente, Scanner Sombre é figurinha fácil em Weeklong Deals e outras sales do Steam.

Marcos A.T. Silva disse...

Acabei de ver que tenho 14 e pouco na wallet do Steam, fruto da venda de cartas...rsrsrs

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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